Capítulo - 1

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- Maximus. -

***

— Até amanhã, doutor!

— Até! — Respondi. Finalmente poderia ter um pouco de sossego... Não que eu esteja reclamando do meu trabalho, de maneira alguma, mas, as vezes, é bom poder ficar tranquilo em casa, lendo um bom livro e tomando uma xícara de café.

     Já tinha decidido que, assim que chegasse em casa, eu iria tomar um bom banho, fazer um pouco de café, pegar meu bom e velho livro de cabeceira, e somente relaxar... Sem mais preocupações ou coisa do tipo.

     Porém, o destino não quis seguir o meu roteiro...

     Destravei meu carro e entrei, jogando minha bolsa com meu notebook e papeladas que precisavam ser lidas no banco do carona. Resolvi ligar o rádio, que começou a tocar uma das minhas músicas preferidas, Love Falls do HELLYEAH. Por algum motivo, essa música mostrava um pouquinho do que eu já fui, e do que eu já senti.

    Dei a partida no carro e sai do estacionamento do hospital. Assim que peguei a rua principal, após o farol, aumentei o volume da música, não me importando com o relógio da praça que marcava meia-noite em ponto. Depois de alguns minutos, finalmente entrei na rua da minha casa. De longe pude avistar um carro da polícia de Redmond, e já tive a certeza de quem se tratava.

    Meu irmão. Uma única pergunta martelava em minha cabeça agora... Estacionei o carro atrás da viatura, e desci. Magnus encarava o chão de braços cruzados, pensativo demais para alguém tão decidido como ele.

— Boa noite, irmão. — Falei, fazendo ele levantar a cabeça e me encarar. — Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu. — Ele respondeu e apontou para os bancos de trás da viatura, onde um garoto com aproximadamente 17 anos estava encolhido. Machucados eram visíveis em sua pele extremamente pálida, e os olhos azuis me encaravam com medo.

— Então, pode me explicar o que aconteceu aqui? — Perguntei, espantado com a situação do jovem.

— Eu fiquei sabendo do caso dele por uma fonte confiável, mas ainda não conseguia acreditar, então, hoje, eu decidi tirar minha dúvida. — Ele passou a mão na nuca, demonstrando cansaço. Após um longo suspiro, ele voltou a falar. — O nome dele é Andrew. Sua mãe faleceu quando ele tinha apenas 5 anos de idade, e desde então tem vivido com seu pai.

— Sim, mas... Porque ele está assim? Ele foi visivelmente maltratado!

— O causador disso tudo foi o homem que ele chamava de pai. Ele era um alcoólatra, e por causa disso começou a dever dinheiro para todo mundo. Ele manteve esse garoto preso em sua casa por mais de dez anos... E estaria até hoje, se sua morte não tivesse sido confirmada como assassinato. 

    Eu simplesmente fiquei imóvel, encarando aquelas palavras saindo de sua boca. Eu não conseguia acreditar nisso... Na verdade, eu não queria acreditar que um pai pudesse fazer algo do tipo com seu filho. Isso é horrível... Aquele homem era um monstro.

— Maximus, eu tenho um favor para te pedir. — Magnus disse, interrompendo minha sessão de xingamentos mentais para aquele homem. O encarei, então ele continuou. — Você não pode cuidar desse garoto? Eu sei que você entende bem a situação dele, então... Você é o cara certo para o trabalho.

— O que? Você quer mesmo que eu cuide dele?

— Você é o único que pode, Maximus... Olhe para esse garoto, você realmente acha que ele ficaria bem por simplesmente ser jogado em um orfanato qualquer? — Merda...

— Ok, você ganhou... Mas eu não posso dizer que conseguirei cuidar bem dele, já vou avisando. — Falei. Magnus riu e se aproximou, dando um soquinho de leve no meu ombro.

— Eu sei que você vai, afinal, você é meu irmãozinho e aprendeu tudo de mim. — Ele sorriu, se exibindo.

— Marcus iria te matar se escutasse você se vangloriando desse jeito. — Ri também. Quando olhei o garoto novamente, ele ainda me encarava, mas dessa vez, com os olhos brilhando.  Na mesma hora eu parei de rir, e soltei um longo suspiro enquanto passava minhas mãos pelo rosto. — Você tem certeza disso?

— Eu tenho. — Magnus respondeu sério. Se tem uma coisa que eu aprendi em todos esses anos de convivência com ele, foi que quando ele faz essa cara, e muda o tom de voz desse jeito, é porque já está decidido. — Eu preciso ir agora, ou então Adrian irá me matar.

— Tudo bem...

— Se você precisar de alguma coisa, é só me ligar que eu venho correndo, certo? — Ele dizia enquanto abria a porta do carro, e acenava para o garoto descer. A situação dele era pior do que eu imaginava...  Seus cabelos acinzentados estavam sujos como suas roupas, e o cheiro de sangue era forte. — Andrew, esse é Maximus, o meu irmão, e a partir de hoje ele irá cuidar de você. Seja bonzinho, entendeu?

    O garoto confirmou com a cabeça e caminhou com dificuldade até mim. Assim que me despedi de Magnus, o apoiei em meus ombros e caminhei para dentro do prédio. Entramos no elevador e eu pressionei o botão do nono andar.

    Não sei porque, mas, estou com um pressentimento estranho sobre esse garoto...

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    É com muito prazer que vos deixo o primeiro capítulo de Doce Doutor, o segundo livro da Trilogia Doce. Espero de coração que essa nova história te agradem tanto quanto Doce Delegado. Estou contando com os comentários de vocês me dizendo o que acharam, e ficarei também muito feliz pelas estrelas! Obrigada pelo apoio, pessoal!

Doce Doutor - Livro 2 - Trilogia DoceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora