Capítulo - 9

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- Maximus. -

***

Droga... — Resmunguei de dor enquanto abria meus olhos, e tentava me acostumar com a claridade daquele lugar. Meu corpo todo doía, como se um trator tivesse acabado de passar por cima de mim... Cinco vezes.

— Maximus! — Pude perceber um vulto correndo até mim. Pisquei meus olhos várias vezes, até finalmente perceber de quem se tratava. — Finalmente, garoto...

Marcus? — Perguntei. Não entendia do porquê de meu irmão mais velho estar aqui agora, sendo que até ontem ele estava em uma viagem de negócios. Quando olhei ao redor, percebi que o cômodo em que nós estávamos se tratava de um quarto... De hospital. — O que aconteceu?

— Você não se lembra? — Ele perguntou com uma cara estranha.

— Não. — Tentei mover meu braço, mas uma dor forte a atingiu, fazendo com que eu soltasse um gemido. Quando olhei para baixo, pude perceber que uma das minhas pernas, e um dos meus braços estavam engessados. — Merda... Que droga aconteceu comigo?

— Maximus, você sofreu um acidente de carro após sair da casa de Magnus... Você furou uma barreira de proteção, e acabou caindo de um penhasco!  Você realmente não se lembra de nada? — O encarei, anestesiado com as palavras que saiam de sua boca. Eu não me lembrava de absolutamente nada!

— Eu não consigo me lembrar de nada... — Falei, o encarando. — Tudo é apenas um borrão na minha memória... Eu realmente cai de um penhasco?

— Sim... Foi realmente um milagre você ter saído vivo dessa! Com alguns ossos quebrados, mas vivo. — Ele disse, brincando um pouco, mas em seus olhos estava claro que ele estava abalado com a situação.

— Mas, o que você está fazendo aqui? — Perguntei. O que me levou a cair de um penhasco? Quando aconteceu isso? Onde? Porque? Eram tantas perguntas...

— Bom... Magnus disse que os policiais de Seattle estão pensando que você se jogou de lá, em uma tentativa de cometer suicídio, então eu vim para resolver isso... — Ele soltou um suspiro, e então me encarou novamente. Os olhos castanhos estavam receosos. — Você não fez isso de propósito, não é?

— Eu não sei... — O encarei. — Eu não consigo me lembrar de nada.

— Droga Maximus, tente se lembrar! E por favor, me diga que você não fez isso porque quis! — Ele agora caminhava de um lado para o outro. Senti minha cabeça latejar, quando encostei em minha testa, percebi que um pano que a enrolava completamente. O encarei, assustado. — Você bateu a cabeça com muita força, então, pode ser por causa disso que você não se lembra de nada...

— Só pode ser brincadeira... — Falei, ainda incrédulo.

— Disseram que você provavelmente sofreu emoções fortes antes do acidente, e que isso pode ter causado uma perda de memória recente. Você sabe como isso funciona... — Ele disse cabisbaixo. Sim, eu sei como isso funciona... Quer dizer que provavelmente eu nunca irei conseguir me lembrar do que aconteceu antes de quase ter minha cabeça partida ao meio.

— Que ótimo... — Falei suspirando. Quem diria que eu, o melhor médico dessa merda dessa cidade, estaria aos cuidados dos meus colegas de trabalho. Eu realmente odiei não conseguir me lembrar de nada... — Mas e o Magnus?

— Ele foi buscar uma pessoa que queria ver você de qualquer  jeito. Acho que uma semana foi tempo demais... — Ele disse enquanto pegava o celular em seu bolso, e olhava as horas.

— Espera, espera... O que você disse? Uma semana? — Falei, tentando procurar qualquer coisa que marcasse que dia era hoje.

— Você esteve apagado por uma semana, Maximus. — Ele disse sério, mostrando o calendário em seu celular. Eu não consigo acreditar nisso!

    Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, alguém bateu na porta, chamando nossas atenções para si. Magnus entrou no quarto cabisbaixo, mas logo abriu um sorriso ao meu ver acordado.

Finalmente! — Ele disse, correndo até mim, e parando ao meu lado. — Estava na hora, bela adormecida...

— Eu realmente preferia acordar com um beijo, isso eu tenho que admitir. — Falei rindo. Nossa família era assim. Nós três, os irmãos Müller, éramos assim. Sempre brincávamos com as desgraças uns dos outros, mas sempre estávamos realmente preocupados com o nosso bem estar. Logo todos riram, mas rapidamente Magnus limpou a garganta, e me encarou.

— Tem alguém realmente querendo te ver, irmãozinho. — Ele falou sorrindo. — Posso buscá-lo?

— Acho que sim... — Falei. Ele só poderia ter trazido nossa mãe, então já estava começando a me preparar psicologicamente para o drama que viria a seguir. Se eu me achava coração mole, Selene era mil vezes pior.

    Magnus saiu do quarto rapidamente, e logo voltou acompanhado por um... Garoto. Seus olhos eram incrivelmente azuis, como o mar, e seu cabelo branco realmente combinava com sua pele. Assim que nossos olhos se encontraram, ele abriu um sorriso enorme.

Maximus! — Meu nome saiu por entre seus lábios, que ainda formavam um sorriso largo. Ele logo se aproximou mais de mim, me encarando como se eu fosse uma pintura famosa.

— Olá... — Disse, abrindo um sorriso. Todos os meus irmãos sorriram, mas algo estava errado, e eu não poderia deixar de perguntar sobre isso. — Desculpe-me, mas... Quem é você exatamente?

    Nessa hora, todos me olharam em choque, principalmente o garoto de olhos azuis. Eu encarei todos, um por um, tentando entender o que eu havia dito de errado. Reformulei minha frase mil vezes, para no fim perceber que nada de errado se encontrava nela.

— Maximus... — Magnus disse, ainda boquiaberto. Quando encarei o garoto novamente, lágrimas molhavam seu rosto... Nesse instante, por algum motivo desconhecido, senti meu peito doer, e uma vontade gigantesca de reconforta-lo me atingiu em cheio.

    Antes que eu pudesse dizer algo, o garoto saiu correndo para fora do quarto, esbarrando nas coisas ao tentar secar suas lágrimas com a manga de seu casaco. Não demorou muito para que Marcus encarasse Magnus, e saísse correndo atrás dele. Magnus me olhou ainda com espanto, esfregou as mãos no seu rosto, soltou um suspiro, e por fim me encarou.

— Você realmente não se lembra dele? — Ele perguntou, sério.

— Eu deveria? — Perguntei, estranhando tudo o que estava acontecendo ali.

— Merda... — Ele se sentou na cadeira ao meu lado, agora encarando o chão. — O que será agora de Andrew? 

    Andrew?  Repeti o nome várias vezes internamente, mas nada relacionado à esse nome surgiu em minha mente. Ele era alguém importante para mim?

*

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E então? O que vocês acham que vai acontecer à partir de agora? Quero teorias na minha mesa, já! Hahaha Xoxo ♥

Doce Doutor - Livro 2 - Trilogia DoceWhere stories live. Discover now