Capítulo - 8

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- Maximus. -

***

    Eu estava fora de si. Eu estava perdendo o controle. Eu estava me machucando, e machucando aquele garoto. Mas... Eu não conseguia simplesmente parar aquela dor. Eu não conseguia...

***

— Você acha que eu também sou um? — Foi a minha pergunta final. Ela decidiria o que aconteceria depois daquilo, daquele momento, daquela cabana... Ela colocaria um final na minha história com esse garoto, ou ela salvaria tudo, e ainda adicionaria um final feliz.

    Ela faria, mas ela não fez...

    Não saiu nem uma palavra da boca de Andrew. Nem um sim, e nem um não. Infelizmente, o silêncio não era uma resposta aceitável para aquele momento.

    Assim que me afastei dele, meu celular tocou. Olhei o número que marcava na tela, e rapidamente o reconheci. Magnus. No terceiro toque eu atendi.

Hey, maninho! — Ele disse contente do outro lado. Ok... Vamos entrar na brincadeira, então.

— Oi, irmão. — Falei, forçando um pouco de felicidade em minha voz.

Tenho ótimas notícias! Um familiar do Andrew acabou de entrar em contato comigo, e adivinhe só? Ele quer assumir a guarda do garoto! Isso não é ótimo? Ele finalmente vai poder ficar com a família! — Magnus disse ainda mais alegre, e por um instante, meu coração perdeu uma batida. Depois de um longo suspiro, palavras finalmente conseguiram sair por entre meus lábios.

— Isso é ótimo.

Eu preciso que vocês estejam aqui amanhã cedo, tudo bem?

— Claro.

Ótimo então! Até amanhã. — E então esse foi o fim da conversa. E, bom, também foi o fim do meu relacionamento com Andrew. Quando me virei para encará-lo, ele me olhava extremamente confuso.

— Não preciso mais de uma resposta, Andrew. — Falei sorrindo, como sempre fazia. — Você irá ficar baixo os cuidados de um familiar a partir de agora. É realmente bom ficar com a família, não acha?

    Ele não se mexeu. Não concordou e nem discordou. Apenas ficou ali parado, me encarando como se quisesse dizer algo... Mas nada saia de sua boca, nem uma única palavra sequer. Arrumei todas as coisas rapidamente na mala e as joguei na caminhonete. Quando voltei, joguei os panos brancos sobre os móveis novamente, que era o lugar de onde eles nunca deveriam ter saído, e ajudei Andrew a sair novamente daquele lugar. Meu lugar secreto, que não era mais somente meu agora.

    Eu juro nunca mais trazer outra pessoa aqui.

***

    Quando voltamos para minha casa, deixei ele tomando banho e arrumei todas as suas coisas nas malas que usamos hoje. Nada disso iria voltar novamente mesmo. Nada... Principalmente ele. Fiquei mais um tempo ali, encarando as malas sobre a cama, o quarto que ficaria solitário, e pensando em como eu começaria a odiar o mar de agora em diante. Maximus Müller sendo uma criança novamente, como sempre... Quando a porta do banheiro abriu e Andrew apareceu em minha frente, eu senti uma vontade imensa de correr até ele, o abraçar apertado, e dizer o quanto eu estava gostando da sua companhia nesses últimos dias... Mas eu não o fiz.

    Sai do quarto assim que seus olhos pararam sobre os meus. Essa era a última noite antes de voltar a ter a minha vida de sempre. Me joguei no sofá e fiquei encarando o teto extremamente branco por horas...

Doce Doutor - Livro 2 - Trilogia DoceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora