Capítulo 23

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O Palácio de Harry parecia o mesmo, sem muitas mudanças. Afinal, não havia motivos para mudar alguma coisa naquele lugar maravilhoso e que trazia tanta paz e segurança.

-Você já comeu? -Ele perguntou.

-Já. Almocei com Gaia. -Ele arqueou uma sobrancelha, pois não sabia que nós já estávamos bem depois daquela briga tola que tivemos. -Nós nos ajeitamos.

-Bom saber. Como é Helsken? -Eu pude ver que ele perguntou por educação, pois seu maxilar estava trincado e seus olhos encaravam o chão.

-O Castelo é lindo, mas não me sinto tão feliz quanto eu era aqui.

-Era tudo o que eu queria ouvir. -Ele abriu um sorriso enorme, esplêndido, que me fez perder o chão por um segundo. Eu sorri de volta.

Nós nos encaramos por um longo tempo, incalculável, aquele olhar parecia tão eterno. Aqueles olhos verdes profundos e a felicidade que esbanjava dele passava uma sensação tão boa que eu não queria parar de sentir. Nunca. A imensidão daquele olhar me tomava tão por completo que eu me sentia embriagada, desejando que ele me encarasse pelo resto de nossas vidas.

Ele sorriu novamente e eu tive de desviar meus olhos para seu sorriso, pois era algo maravilhoso. Tudo em Harry parecia tão perfeito que uma mulher em plena sanidade seria levada imediatamente para um sanatório. Era inebriante, maluco, o suficiente para fazer qualquer uma virar uma louca de pedra. Parecia bruxaria.

E eu estava completamente enfeitiçada.

-Gosta do que vê?

-Não sabe o quanto. -Sorri. -Você é tão lindo que me encanta. -Pousei minhas mãos sobre seu rosto, enquanto ele descia as dele para abraçar minha cintura. -Parece feitiço, bruxaria, um tipo muito forte de encantamento.

-Eu estou completamente apaixonado por você. -Ele soltou repentinamente. Seu olhar demonstrava uma sinceridade tão grande que me fez desmanchar. Cada pedaço do muro que eu tinha construído para defender-me de Charlie acabara de ser destruído. Cada parede de concreto. Foi um sentimento tão forte que teria derrubado as muralhas do Castelo Fortmess.

-Isso me enche de felicidade.

-Mesmo? -Eu assenti. -E por quê?

-Pois eu me sinto da mesma forma. E doeu tanto pensar que alguma outra poderia ter entrado no meu lugar. Eu não deveria ter ido.

-Não. Deveria sim. Você nunca ia ter certeza se não tivesse ido. Às vezes nós precisamos abandonar a pessoa que mais nos importa para descobrir que realmente a amamos.

-Doeu tanto, Harry. Eu não quero voltar. Eu não sei se vou conseguir ser uma boa rainha, eu não sei se eu posso administrar um reino inteiro, cuidar do povo. Pelo menos, não sem você, não com Charlie.

-Ele sabe disso? Quero dizer... Charlie sabe que está aqui?

-Charlie ficou em Helsken. Apesar de que todos saibam que eu tive de vir para cá resolver uns assuntos, eu não creio que ele ache que eu vim te visitar.

-Isso, agora, é algo que eu devo manter em segredo?

Olho para baixo. Não queria guardar esse sentimento só para nós dois. Eu queria contar para todo mundo o quanto eu o amava e o quanto eu adoraria estar com ele em todos os milésimos de segundo da minha vida. Mas ainda não era o momento correto. Era melhor esperar o meu plano.

-Entendi. Minha boca é um túmulo. -Eu sorri. Era engraçado pensar o quanto eu gostava de beijar um túmulo. Gélido, morto e cheio de segredos. Essa era a definição mais contraditória àqueles lábios que eu já havia escutado em toda a minha vida.

Um Beijo EncantadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora