Capítulo 28

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*Narrador*
Estava ali, a consumação de uma vida inteira. Os olhares todos sob uma única mulher, expectativas que pesavam sob seu dorso. A responsabilidade era enorme e o nervosismo tão grande quanto.

Emma estava nervosa, contorcia suas mãos de tempos em tempos enquanto o cardeal Owen emitia o discurso da coroação. Faltavam agora poucos minutos para o momento dos votos. O cetro em uma mão, o vaso em outro, a coroa na cabeça, Emma posta no meio dos três objetos.

-Caros cidadãos, encontramo-nos aqui então, num momento crucial para a mudanças dos tempos. Rainha por direito, mulher por nascimento. Emma Schultz Guzmann, primeira na linhagem. Filha da rainha Catherine Schultz e do comum Gerald Guzmann. Dois minutos de silêncio para o, então, pronunciamento dos votos de vossa majestade.

Fez-se o silêncio. O respeito da população para com sua futura governante era glorioso, bonito. Catherine se encontrava nervosa, torcia pelo sucesso de sua menina, esperava que ela se saísse bem. Do outro lado da basílica, Harry tinha certeza que ela iria se sair bem. Acreditava em Emma com todas as suas forças, com toda a sua racionalidade. Iria dar tudo certo.

Charlie respirava fundo, sabia que aquele seria seu futuro também. Foi preparado a vida inteira para aquele momento. A ansiedade de que logo seria ele ali, perante aquele altar, bateu à porta. Em sua mente, ele tinha certeza de que sairia tudo bem hoje, mas talvez não tão bem quando chegasse a sua hora.

Os dois minutos de silêncio foram se esvaindo, como as folhas caem das árvores no outono. O cardeal tinha a palavra novamente.

-Cidadãos, ponham-se de pé em respeito aos votos de sua majestade, Rainha Emma.

A população presente na basílica toda se pôs em seus pés, o respeito podia ser visto de fora das fronteiras, a educação dos cidadãos era algo majestoso. Os protestos interiores de alguns homens ali que eram contra uma mulher sozinha no comando mal podiam ser escutados perante a tantos corações alegres e esperançosos pela mudança.

Emma via tudo aquilo, agora de frente com parte daqueles que teria que gerir. As palavras que ela havia decorado agora pareciam não mais caber na situação. Tudo se reinventou em sua cabeça.

-Povo de Helsken, é com imensa honra que assumo a posição de um homem justo e sábio que governava vossa terra. Eu não esperava que esse seria meu destino, não me haviam avisado, mas o abraço com fidelidade, prometendo a todos vocês não vos deixar na mão. Irei lutar para que todos tenham direito como seres-humanos, sem distinção de sexo, ou gênero. Quero que todos se sintam representados no meu governo, quero que vejam que o meu objetivo é a justiça.

Tomou ar enquanto observava a reação dos presentes.

-Sei que todos têm um limite e, como parte do todo, eu também terei. Reciprocidade é algo que eu prezo muito e vejo que teremos uma boa relação de cidadãos para governanta e de governanta para cidadãos porque consigo enxergar o respeito e a educação plantada no íntimo de cada um de vocês. É meu voto ser leal, justa e procurar ao máximo a representatividade do todo, empoderamento das camadas marginalizadas dessa sociedade, igualdade de oportunidades. É o mínimo que eu posso fazer por aqueles que estão numa situação em que eu já estive. Sei pelo que passam, a caminhada árdua que vossos pés aguentam e, ainda assim, lutam todos os dias.

Com o término dos votos, o cardeal pôs-se ao lado de Emma, com a coroa em mãos e a pediu para se ajoelhar. Aproximando-se ainda mais dela, ele olhou para todos os presentes e declarou, em alto e bom som:

-Eu, pelo poder que ostento em minhas mãos, dado a mim pelo Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo, consagro-te Rainha Emma de Helsken, a primeira de sua linhagem. -E colocou a coroa sobre sua cabeça.

Um Beijo EncantadoWhere stories live. Discover now