Capítulo 27

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Emma narrando
Era finalmente o dia da coroação. Passou tão rápido que meu coração não conseguia se acostumar com o nervosismo que exalava daquele dia. Faço o sinal da Cruz quando levanto da cama e saio apressada em direção ao banheiro.

Logo, entraram algumas empregadas com as bacias de água quente, despejando-as dentro na banheira de cobre com detalhes em prata. Foi um banho relaxante, mas ainda conseguia sentir as marteladas fortes dentro do meu peito, como uma marreta. Qualquer um que se aproximasse conseguiria sentir.

Quando saí do banheiro, cabeleireiras, estilistas e maquiadoras já estavam à minha espera no quarto. Meu vestido estava em um manequim com todos seus apetrechos, os tão temidos apetrechos de vestidos formais. Não estava acostumada com aquilo, mas sair da sua zona de conforto é essencial para viver novas experiências e, assim, adquirir certo amadurecimento.

Lembrei da noite anterior, quando me encontrei com Meredith e Gaia. As duas pareciam perdidas e seus olhares se confrontavam constantemente. Quando Meredith saiu, perguntei à Gaia o que havia acontecido, pois notei o clima desconfortável entre as duas.

Tudo se resume em uma palavra, um único nome próprio. Chace. O Príncipe Chace. Desconfio que príncipes tenham uma certa inclinação a participarem de triângulos amorosos, sendo disputado ou disputando. Ou simplesmente estava na genética envolver-se amorosamente em situações complicadas.

Ali estava, Meredith era ex-namorada de Chace e Gaia era a pessoa por quem ele estava apaixonado. As duas descobriram uma sobre a outra na mesma hora, com o próprio contando. Imagino que o pobrezinho deve ter ficado todo desconcertado, mas ele era uma pessoa boa e era de se entender que seguiria em frente e se apaixonaria por alguém que o merecesse, já que Meredith não se atraía por coisas como bondade ou inteligência e sim pelo dinheiro e a nobreza.

Vergonhoso, mas era a verdade que regia a vida de muitas meninas dos reinos. Seus pais não tinham condições de lhes dar uma vida maravilhosamente boa, então a única solução que elas encontravam era achar um bom casamento com algum nobre ou burguês. Como papai fez comigo.

A questão é que eu dei sorte e a maioria das meninas não dava e acabavam por se casar com algum homem ridiculamente machista e que queria se sobrepor em seu lar, esquecendo qualquer forma de demonstração de afeto ou cavalheirismo. Engana-se quem pensa que nessa época tudo era flores. Mulheres não tinham direito. Tínhamos que batalhar por ele.

Na região britânica, que compreendia Méssia, Helsken e Almia, eu seria a primeira mulher consagrada Rainha sem utilizar do casamento. Eu era a sucessora. Eu era a herdeira. Eu era a soberana, rainha, governanta de um reino inteiro. Poder nas mãos de uma mulher, jovem ainda.

Logo começariam as especulações para que eu me casasse, pois uma mulher sozinha não poderia cuidar de um reino. Existem decisões que só um rei pode tomar e isso é verdade. Mas eu não ficaria infeliz em me casar, pois seria com Harry e eu era completamente apaixonada por ele. Confiava nele o suficiente para lhe entregar meu reino desde que aceitasse viver comigo e me amar pelo resto de nossas vidas.

Parecia um ótimo final para mim. É assim que acontece em "contos de fadas". Mas é assim que pode acontecer na vida real também. Basta querer, procurar e acreditar. Amor verdadeiro não é uma simples lenda que eles criaram para o coração dos românticos. Ele existe e pode ser vivido por cada um de nós, basta que nós nos deixemos levar. Permita-se.

Meus pensamentos voavam pelo quarto, já que eu não precisava fazer nada sozinha. Para cada coisa, existia alguém ali para me ajudar. Isso me garantiu algum tempo extra para repassar meus votos de rainha em minha cabeça. Estava nervosa, ansiosa, minhas mãos suavam e minha cabeça começava a doer, em um movimento circular uniforme. Mas minha mente iluminava-se cada vez que eu repetia meu mantra em minha cabeça: espere coisas boas e coisas boas acontecerão. Esperei.

Um Beijo EncantadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora