Capítulo 11

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*Charlie narrando*
Ainda era tarde quando eu fui embora do Palácio do Lorde. Depois do que aconteceu entre mim e Emma, vulgo: o beijo, eu não sabia mais quem eu era ou o que iria fazer em seguida.

Mas, eu tinha certeza de uma coisa. A possibilidade daquele beijo acontecer de novo era mínima. Emma estava noiva de Harry e tinha isso em sua cabeça, ela fora muito bem educada e manteria-se fiel a Harry. Bem, pelo menos a partir de agora.

Emma é linda de um jeito que eu nunca tinha visto. Tinha olhos castanhos como nozes, e o cabelo da mesma cor dos olhos. Uma pele morena bronzeada, perfeita. Perfeita. Era a palavra que definia Emma. Perfeita.

Eu vou de cavalo até o Castelo Fortmess. Durante minha pequena viagem até lá, meu pensamento divide-se em duas coisas: Emma e a bronca que eu iria levar por passar a noite fora. Eu queria que papai simplesmente não tivesse notado meu sumiço, o que não aconteceria, já que minha presença naquele Castelo é essencial.

Eu desço do cavalo no momento em que os criados abrem os portões. Falo para eles colocarem o cavalo num lugar do estábulo e vou até meu quarto. Quando abro a porta, mamãe está deitada na minha cama, abraçando o travesseiro, dormindo. Eu vou caminhando calmamente até ela, e dou-lhe um beijo na testa. Ela acorda.

-Oh querido! Estou feliz que tenha finalmente chegado! Seu pai está nervoso com você como ele nunca esteve antes! Por onde você andou, Charlie?

-Eu dormi na casa de um amigo que estava no baile. No final da festa encontramo-nos e ele convidou-me para passar a noite em sua casa. Eu não queria ser rude e aceitei o convite! -Inventei de última hora.

-Por que mentes para mim, meu filho? Seu primo, Harry, passou aqui mais cedo e explicou toda a situação a mim e a seu pai. Fico feliz que se sinta melhor, mas, acho que antes de deitar-se, você deveria ir conversar com vosso pai.

-Eu vou, mamãe. Eu vou. Mas, já que primo Harry passou aqui mais cedo, não devo a ele mais nenhuma explicação. Irei, mas não falarei nada que ele já não saiba.

Falo e saio de meu quarto. Procuro por papai dentro dos outros quartos e quando vejo que ele não está em nenhum, vou procurá-lo no escritório. Abro a porta devagar e vejo meu pai, o Rei, debruçado sobre a mesa de carvalho branco, tirando um cochilo.

-Pai?- Ele acorda quando eu o chamo. Quando ele me vê, seu rosto adquire um tom vermelho e sua feição é uma mistura entre raiva e preocupação.

-Charlie. Quando resolvemos os problemas que haviam entre nós, pensei que nunca mais cometeria uma irresponsabilidade como essa! Embaixo de uma macieira, Charlie!? Quem você pensa que é? Um mendigo?

-Há mendigos por aí muito mais educados que certos membros da nobreza.

-A quem você se refere?

-Você sabe bem a quem eu me refiro. Não acho que seja certo o senhor, meu Rei, vir falar comigo neste tom quando o senhor próprio teve filhos fora do casamento.

-Charlie, estou ouvindo claramente? Você acabou de usar esse argumento em defesa própria?

-O senhor ouviu em alto e bom som, meu Rei. Não dormi aqui ontem e não dormirei hoje. Estás avisado! Estou cansado de ter que viver escondido neste castelo, longe das pessoas, longe dos amigos! Não me espere acordado!

Falando isso, saio pisando duro e bato a porta. Eu precisava pensar sobre o que tinha acontecido, sobre o que eu estava sentindo por Emma. Precisava de uma cerveja e amigos. Precisava pensar na minha vida e nos meus relacionamentos. Eu não podia continuar sendo o mesmo!

Subo até meu quarto e troco de roupas. Visto uma veste mais simples. Uma veste que um príncipe só usa quando quer sair com os amigos. Coloquei uma de couro preta, com botas três quartos marrons. Uma camisa lisa branca por dentro da calça e suspensórios pretos. Completei com uma gravata borboleta preta e saí, parando no saguão do Castelo apenas para pegar a carteira.

Um Beijo EncantadoWhere stories live. Discover now