IT'S A YULETIDE MIRACLE, CHARLIE BROWN

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É UM MILAGRE DE YULE, CHARLIE BROWN
Versão original por Stephanie Perkins
+10.000 palavras

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Louis adorava esse terreno cheio de árvores de Natal. Para começar, era mais iluminado (e talvez mais quente) do que o apartamento da mãe. O fogo estalava dentro dos barris de metal. Fios com lâmpadas se entrecruzavam no alto. E, ao lado da entrada, havia um boneco de neve gigante de plástico que brilhava em laranja vibrante. O cachimbo dele soltava fumaça de verdade.

Ele adorava o aroma forte e verde dos pinheiros e o creque-creque das lascas sob os pés. Adorava os homens de camisa de flanela levantando árvores para colocá-las em caminhonetes e sedãs, amarrando-as com barbante tirado direto dos bolsos. Como magia. Adorava a cabana improvisada de madeira com a caixa registradora barulhenta. As paredes da cabana eram decoradas com grinaldas e guirlandas, e do teto pendiam ramos de visco com frutinhas brancas, como estalactites. E, o que ele mais gostava era de procurar a árvore perfeita.

Alta demais, baixa demais, volumosa demais, fina demais. Perfeita.

A família de Louis William Tomlinson ia para lá havia anos, desde que ele era capaz de lembrar. Mas, naquele ano, Louis ia sozinho. Com frequência. Durante um mês inteiro. Afinal, como se pede um favor a um estranho? Ele vinha lutando com essa pergunta desde a sexta-feira seguinte ao Dia de Ação de Graças, mas ainda não tinha descoberto uma boa resposta. E não havia mais tempo. O solstício era no dia seguinte, e Louis tinha que agir naquela noite.

Louis estava ali... por causa de um garoto.

Deus. Isso soava mal até em sua mente.

Mas não estava ali porque gostava dele, desse garoto que vendia árvores de Natal. Estava ali porque precisava de uma coisa dele.

Claro, ele era bonito. Isso precisava ser reconhecido. Não dava para ignorar, o garoto era um exemplar atraente do sexo masculino. Só não era o tipo de Louis. O garoto era... bruto. Carregar árvores o dia todo dava certa definição á musculatura. Louis gostava de rapazes interessados em atividades mais artísticas e em ambientes fechados. Ler as obras completas de Kurt Vonnegut. Cuidar de um site respeitável de quadrinhos. Tocar baixo. Caramba, até mesmo jogar videogame. Essas eram atividades que costumavam levar a corpos fofinhos ou esqueléticos, e era desses tipos que Louis costumava gostar.

Mas esse Garoto das Árvores de Natal tinha algo que os outros não tinham. Algo de que Louis precisava, e só ele podia oferecer.

Louis precisava da voz dele.

Na primeira vez que a ouviu, ele estava atravessando o estacionamento que ficava entre o prédio de Louis e o ponto de ônibus. Todo fim de ano, as Árvores da Família Styles ("De propriedade e gerenciamento familiar desde 1964") ocupavam o canto nordeste do estacionamento, que pertencia a um supermercado. Era o destino mais popular para a compra de árvores de Natal em Asheville. Havia vários lugares assim nas montanhas da Carolina do Norte (era a região das plantações das árvores de Natal, afinal), e, para se destacar, os Styles ofereciam simpatia, tradição e clima agradável. E sidra quente de maçã orgânica de graça.

Asheville adorava coisas orgânicas. Era esse tipo de cidade.

A voz do garoto fez Louis congelar. Ele estava descarregando árvores finas e embaladas da caçamba de um caminhão e gritando instruções para outro funcionário. Louis se agachou atrás de uma minivan estacionada e espiou por cima do capô como um péssimo espião. Ficou chocado com a juventude dele. Parecia ter a idade de Louis, mas a voz que emitia era espetacularmente imprópria para a idade. Era grave, confiante e sardônica. Parecia poderosa demais para o corpo. A cadência era cansada e desdenhosa, mas, de alguma forma, havia uma porção significativa de calor e humor por baixo de tudo.

MY TRUE LOVE GAVE TO ME | L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora