STAR OF BETHLEHEM

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SURPRISE, BITCH

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ESTRELA DE BELÉM
Versão original por Ally Carter
+10.000 palavras

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Em se tratando de um conto de Natal, este não é tão triste quanto poderia ser.

Não sou Tiny Tim. Não houve Espíritos dos Natais Passados, Presente e Futuros. Dito isso, nesta história também não há anjos e duende, reis magos nem pastores. Nem mesmo o Papai Noel aparece.

Não. Como você verá, fui visitado por Niall.

- Sim. Sim. - Ouvi a voz dele, alta e clara, em meio às pessoas aglomeradas, usando casacos pesados demais.

A respiração de todo mundo junto à janela embaçava o vidro, quase impedindo a visão do Boeing 747 que esperava do lado de fora. Mudei de posição, me perguntando se havia no mundo algum lugar mais caótico do que o aeroporto O'Hare, em Chicago, cindo dias antes do Natal.

Famílias corriam para pegar suas conexões. Músicas natalinas tocavam em um sistema de som que chiava, enquanto as pessoas se amontoavam. Esperando. E por alguma razão, eu não conseguia tirar os olhos do loiro que estava inclinado sobre o balcão no portão H18.

- Nova York - disse ele. - Por favor, vou para lá. Agora.

Embora seu inglês fosse perfeito, a voz carregava um sotaque que eu não conseguia identificar - as consoantes precisas demais, como alguém muito preocupado em se fazer estender.

Ele deslizou a passagem para a funcionária no portão de embarque e então forçou um sorriso, como se tivesse acabado de pensar naquilo.

- Por favor.

A funcionária olhou de relance para o cartão de embarque e esboçou um sorriso igualmente forçado.

- Ah, sinto muito, mas essa passagem não é para Nova York.

O loiro revirou os olhos.

- Eu sei. É por isso que estou nesta fila e falando com você. Pode mudá-la para Nova York, não é? Tudo bem. Eu espero.

A funcionária balançou a cabeça e digitou no computador. Fiel à sua palavra, o garoto esperou.

- Não. Sinto muito - disse a funcionária um momento depois. - Sua passagem não pode ser alterada nem reembolsada. Você entendeu?

- Sou irlandês, não idiota.

- Claro. Sim. É só que... - A funcionária fez uma pausa, procurando as palavras. - Essa passagem não pode ser usada neste voo. E, mesmo se pudesse, já está lotado.

- Mas eu tenho que ir para Nova York! Minha ideia era voar com esta passagem e depois pegar um ônibus ou um trem, mas é muito longe. Na Irlanda, as distâncias... não são tão grandes. E agora vou para um lugar que não quero, ver alguém que eu não quero ver e...

- Sinto muito. - A funcionária no portão balançou a cabeça. - Você pode comprar uma passagem para Nova York. Temos outro voo partindo amanhã, às seis da manhã. Se quiser ir para Nova York, tem que comprar uma passagem nova.

- Mas eu tenho uma passagem - disparou o garoto, e empurrou o cartão de embarque antigo para a frente de novo.

Enquanto isso, a funcionária se aproximou, abriu a porta de acesso e anunciou:

MY TRUE LOVE GAVE TO ME | L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora