KRAMPUSLAUF

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KRAMPUSLAUF
Versão original por Holly Black
+9.000 palavras

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A segunda Krampuslauf anual de Fairmont parecia um pouquinho uma parada militar e muito uma zombie walk, só que, em vez dos mortos-vivos, estávamos vestidos como o horripilante companheiro do Papai Noel, o Krampus. Fairmont não era um lugar onde costumávamos passar a tarde. Era cheio de lojas superfaturadas, cafés superfaturados e tinha a Escola Mossley, cheia de babacas superestimados.

Tudo de errado em Fairmont era exemplificado na Krampuslauf. Era um evento beneficente e oferecia chocolate quente de graça. Transformaram a coisa toda em algo completamente contra o verdadeiro espírito da Krampusnacht, que deveria servir para deixar as pessoas apavoradas, para correr com tochas e chicotes e gritar na cara das crianças em prantos para que elas fossem boazinhas. Nada de chocolate quente. Nada de evento beneficente. A Krampuslauf de Fairmont era exatamente o tipo de coisa que gente rica como Niall fazia. Elas pegavam uma coisa incrível e a esterilizavam até se tornar uma coisa horrenda.

Apesar de Niall achar que todos os amigos de Ed eram marginais ignorantes e imbecis porque estudavam em uma escola pública superlotada, eu era inteligente o bastante para pesquisar sobre o Krampus. É um cara interessante, filho de Hel na mitologia nórdica. É mais antigo que o diabo; então, se eles se parecem, é porque o diabo copiou o estilo do Krampus. Aposto que Niall não sabe nada disso. Aposto que Niall só gosta dele porque parece maneiro.

Eu esperava que Ed fosse perceber que ele, Liam e eu não nos encaixávamos no grupo, e que depois poderíamos ir para casa ou talvez fazer compras de Natal no shopping bom, já que tínhamos ido até lá de carro. Mas é claro que Ed não fez isso. Ele esticou o pescoço em busca de Niall e do outro namorado, o que era rico e estudava na Escola Mossley, e que Ed não queria acreditar que existisse de verdade.

- É uma oportunidade perfeita de descobrir - dissera ele quando me explicou sobre o folheto que viu no quarto de Niall, com a data circulada com canetinha. - Vamos estar disfarçados.

Essa parte foi divertida. Fizemos chifres de papel machê, rasgando jornais velhos e misturando com farinha e água. A gosma melequenta resultante grudou no nosso cabelo, caiu nas nossas roupas e formou seis chifres muito legais.

Os de Ed eram daquele tipo pontudo e fino que se projeta da testa. Os de Liam eram curvos e formavam parte de uma espiral, como os chifres de um carneiro. E os meus eram daqueles virados para trás por cima da cabeça. Nós os pintamos de prateado com pontas vermelhas e vasculhamos nossos armários em busca de roupas demoníacas. Encontrei a capa de pele velha e surrada da minha avó. Liam estava com uns sapatos malucos de tachinhas que parecem cascos. E Ed estava usando uma máscara veneziana vermelha meio porcaria com um nariz comprido fálico para impedir que Niall o reconhecesse. Achei que ficamos bastante festivos.

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Quando eu era criança, não entendia que os duendes do Papai Noel não eram iguais aos das historinhas. Achava que a fábrica de brinquedos do Polo Norte era cheia de faunos e monstros, criaturas e trolls, duendes e fadas. Antes de mamãe ir embora, quando eu fazia listas para o Papai Noel, e elas eram sempre cheias de coisas mágicas. Eu queria uma capa que me fizesse voar. Queria uma soldadinho do tamanho do meu dedo, com movimentos perfeitos como os de uma pessoa viva. Depois que mamãe foi embora, eu queria bolas de cristal para vê-la e giz mágico com o qual pudesse desenhar uma porta até ela, e uma poção mágica que eu pudesse fazê-la beber e que a faria gostar de nós.

Finalmente, alguém me explicou que os duendes do Papai Noel não eram assim e que a lista era para que papai e vovó não precisassem quebrar a cabeça para decidir o que comprar para mim. Depois disso, comecei a pedir coisas normais, como calças skinny e botas novas.

MY TRUE LOVE GAVE TO ME | L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora