Vinte e seis

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×Albert×

Abro os olhos lentamente e vejo que horas são. Exatamente 09:43am e eu ainda estava com sono. Mas também dormir no chão não é nada agradável. Levantei vagarosamente e olhei pra cima da cama. Emilly dormia tranquilamente e eu evito fazer qualquer barulho que possa acordá-la. Vou até o banheiro e tomo um banho rápido pra me ajudar a despertar. Penteio meus cabelos e passo perfume moderadamente. Volto a olhar pra cama e vejo os olhos castanhos da garotinha me observando.

_Bom dia, tio._Ela fala coçando o olho._Tô com fome. Tem comida hoje?

Como assim "tem comida hoje"?
Não davam comida regularmente a essa criança?

_Tem comida todos os dias, Emi._Digo sentando ao seu lado._Acho que tia Ali ainda deve estar dormindo. Vamos lá acordá-la?

Ela assente e estende as mãos para que eu a pegue no colo. Tive vontade de negar isso a ela, mas algo falou mais forte. Peguei ela no colo e andei pelo corredor em rumo ao quarto de Alícia. Pedi pra ela bater na porta e ela assim fez.

_Tia Ali!_Ela batia e chamava ao mesmo tempo._Abre aqui.

Escuto Alícia bocejando e caminhando em direção a porta. Como tenho audição vampírica, ouço tudo isso e mais um pouco. Ela abre a porta e sorri levemente com aquela cara de sono.

_Nossa Alícia, já te vi melhor._Zombo da sua aparência._A Emi precisa de um banho e depois precisa comer.

_Preciso comer, tia Ali. Escuta o titio aí._A garotinha diz arrancando sorriso de nós dois.

Coloco ela no chão e assim ela invade o quarto da minha irmã.

_Deixa ela aqui. Vou tomar um banho e depois vou comer junto com ela._Alícia diz bocejando._Bom dia, alien.

Assim que diz isso, ela fecha a porta. Sorrio e caminho em direção a cozinha. A essa hora cada um já deve ter tomado café. Escuto vozes e me deparo com a família inteira à mesa.

_Bom dia, Albert querido._Soraya me cumprimenta._Sente-se conosco.

_Bom dia a todos._Puxo a cadeira e sento._Pensei que já tivessem tomado café por culpa do horário._Pego um copo e encho com suco.

_Fiquei no escritório dando o pagamento de cada doador e depois vim pra cá._Inácio diz mordendo uma torrada._Cadê a menininha?

_Alícia está dando banho nela._Mordo um pedaço de bolo._Ela ficará por aqui até minha doadora chegar da folga.

Olhei pra Sabrinne de relance e ela abaixou a cabeça.

Você não me escapa...

_Arthur e Josh estão em treinamento ainda, tio Inácio?_Pergunto pegando uma fruta.

_Sim. Eles sempre vão pela manhã e chegam à noite._Ele responde sorridente._Estão rendendo bons frutos. Já penso em marcar o dia para passar os poderes para eles e assim se tornarem da família Mansonni.

Terminei de comer e me retirei imediatamente da mesa. Ficar no mesmo ambiente que o inútil do Bryan era sufocante. O pior é que ele fica me olhando com aquele ar de superioridade ou como se eu estivesse subestimando-o.
Me direcionei até o jardim da casa e sinto alguém aproximando-se.

_Um dos nossos melhores observadores morreu atingido com aquele laser azul._Inácio fica ao meu lado._Uma sorte você ter uma doadora sangue Z. Você já pensou em compartilhar o sangue dela com outras pessoas? Salvar outros vampiros?

Virei meu rosto em direção ao seu e não acreditei que ouvi isso mesmo.

Compartilhar a Samyra?

_Acho que eu tenho total responsabilidade por ela e não gostaria de dividi-la._Cruzo meus braços._Mas acho que não deveriam parar de procurar mais pessoas com o tipo sanguíneo dela.

Meu tio fica um tempo observando o mesmo horizonte que eu. Aquele silêncio só fazia meus pensamentos irem longe.

_Enfim, qualquer coisa eu aviso se encontrar outra como ela._Ele vira-se e vai indo embora._Aproveite o dia.

De repente, perdido nos meus pensamentos, algo me vem à cabeça.

E se souberem que eu tenho uma doadora sangue Z e quiserem vir atrás dela?

Preciso me manter informado dos passos de Samyra ou posso acabar perdendo-a para qualquer outro vampiro esperto ou até mesmo para a Resistência. Mas ela não seria doida de se aliar a Resistência e estar vivendo entre vampiros. Uma coisa dessas nunca fica encoberta por muito tempo.
Resolvo dar uma volta no centro da cidade para ver se encontro algo útil para me manter perto de Samyra. Ou pelo menos para sempre saber sua localização. Passo em frente a uma loja de eletrônicos e resolvo entrar. O atendente logo percebeu que eu não era um humano e me tratou como se eu fosse o homem que poderia comprar aquela loja inteira apenas com o que tenho na carteira. Pedi para ele me mostrar algo que eu pudesse localizar uma pessoa sempre que eu quisesse. De todos os objetos apresentados, um chamou-me a atenção. Era uma pulseira mais parecida com um relógio que funcionava como um celular e tinha GPS. Achei conveniente o tal apetrecho e resolvi comprar. Já que eu quero saber cada passo dela, achei útil. Andei por alguns lugares e recebi diversos tipos de olhares. Alguns com raiva, outros com medo e uns indiferentes.
Passei em frente a um grande supermercado e ao olhar pra dentro, reconheci uma certa pessoa dentro de um vestido vermelho. Ela estava acompanhada de uma mulher e um homem. Provavelmente seus pais. Nesse momento estão pegando um carrinho de compras. Ela vira-se olhando em minha direção e eu rapidamente me escondo. Olho novamente e vejo que ela está olhando para outro lugar. Pelo pouco que a conheço, sua expressão facial não está nada alegre. Resolvo sair dali antes que ela me veja e ache que estou seguindo-a.
Pouco tempo depois chego no Palácio e dou de cara com Emilly brincando na sala.

_Que menininha adorável._Inácio diz assim que me ver.

_Cadê Alícia? Deixou ela aqui sozinha?_Pergunto aproximando-me mais do meu tio.

_Foi lá dentro atender o telefonema do seu pai.

O que será que meu pai quer?

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Where stories live. Discover now