Trinta e seis

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×Samyra×

Eu estava muito confusa com tudo isso. Acabei me metendo na maior roubada da minha vida.

_E então, Samyra? O que vamos fazer?_Vera reforça a pergunta.

_Eu estou tão perdida quanto você, mas de uma coisa eu tenho toda certeza._Olho pro rosto da minha amiga._Aceitamos ser da Resistência sem saber nada sobre eles. Não sabemos o que acontecerá se nos recusarmos a beber isso.

O olhar assustado de Vera denunciava todo seu medo. Eu estava falando a mais pura verdade. Estávamos lidando com pessoas/seres que não sabemos quem realmente são. Não sabemos nem ao menos a grandiosidade dos poderes deles. Para tentarem bater de frente com os vampiros dessa forma, eles tem que tem muito poder de fogo.

_Eu vou tomar, Samy._Vera abre seu vidrinho._Eu temo por mim e pelo meu pai. Se eu aceitei tudo isso, eu irei arcar com as consequências. Por quê você hesita tanto em tomar?

_Por que eu estou fazendo o Albert se apaixonar por mim!_Berro sentindo lágrimas descerem dos meus olhos._Isso está injusto.

_E foi justo eles tirarem nossa cidade de nós?

_O problema é que eu estou apaixonada por ele, Vera. É paixão de verdade. Não é ilusão de sangue de bruxa, entende?

Eu soluçava sentindo meu peito subir e descer com essa declaração. Olhei para ela com a vista totalmente embaçada procurando saber aos mínimos detalhes da sua reação ao ouvir isso.

_Você não podia..._Ela balançava a cabeça em negação._Você não podia se apaixonar. O que você tem na cabeça?

_Eu não sei! Droga!_Me jogo na cama._Me deixa em paz, Vera. Me deixa quieta, por favor.

Ouvi a sandália dela arrastando pelo chão saindo do quarto. Pelo jeito que ela pisou, parecia chateada. Depois eu peço perdão por ser tão bruta assim. Agarro o travesseiro com toda a força que tenho. Me dou conta que o vidrinho ainda está em minha mão.

_Se eu aceitei servir a essa droga de Resistência, eu vou até o fim. Me perdoe, Albert._Sussurro olhando pro vidro._Mas quem começou primeiro foram vocês.

Abro o vidrinho e emborco tudo na minha boca. De início senti minhas mãos formigarem e minha cabeça girar. Logo o formigamento dá lugar a uma dor geral pelo corpo. Abro os olhos enxergando tudo turvo e estendo a mão em direção à porta. A mesma se fecha com força me deixando assustada. Acabo caindo no chão de tanto esperniar na cama. Cadê minha voz? Eu tentava falar incansavelmente, mas não conseguia. Escuto a porta sendo aberta e alguém correr em minha direção.

_Samyra! Samyra! Reage!

Alguém me balançava mas eu parecia ter entrado num estado de demência fortíssima. Apenas meu cérebro continuava ativo. Eu não reconhecia aquela voz. Ela não estava guardada na minha memória como a voz de alguém que conheço.
Sinto duas mãos encostando lateralmente na minha cabeça e sussurrando algo. Senti minha mente desligando e tudo ficou escuro.

...

Abro os olhos vagarosamente conseguindo enxergar nitidamente tudo ao meu redor. Vejo Vera, Felipe, Liv e Emilly ao meu redor.

_Samyra! Você quer me matar, só pode..._Vera alisava meu rosto._O que aconteceu?

_Eu... Eu não sei._Olho para Emilly ao meu lado._Você estava aí muito tempo?

_Eu que te encontrei, tia Samy. E chamei a tia Vera pra ajudar._Ela diz extremamente séria._Você está bem?

_Sim. Está quase na hora do jantar. É melhor nos apressarmos.

_Não. Se quiser podemos falar com o Albert e você fica aqui descan...

_Não._Interrompo a Liv._Eu estou melhor. Não se preocupem.

Sento na cama levemente observando meu corpo. Me sinto esquisita, sei lá. Todos os outros estão cuidando para ir ao jantar e eu fui escolher uma roupa. Olho pra minha cama e vejo Emilly encarando o chão muito séria.

_Psiu._Chamo sua atenção._Foi você que me ajudou, não foi?

Ela apenas de um sorriso pequeno como resposta. Se ela me ajudou, ela é boa. Não é? Ai, não sei. Vou tomar um banho e me arrumo logo após. Olho no espelho e sinto um calafrio. Abraço meu corpo em forma de proteção. Deixo Emilly com Mariah e sigo com os doadores para o jantar.

_Você está legal mesmo, Samy?_Felipe pergunta tocando no meu ombro._Nossa, você esquentou quando toquei.

_Foi?_Olho horrorizada pro meu ombro._Deve ser início de febre.

O que está acontecendo comigo, meu Deus? O que esse líquido maldito está fazendo comigo?

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora