Cinquenta e seis

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×Albert×

Encontro Bryan e Soraya conversando na sala. Eles se calam ao sentir a minha presença.

_Alguma notícia da Samyra?_Bryan pergunta ao me ver.

_Iria perguntar a mesma coisa._Digo estranhando a sua expressão._Nenhuma notícia?

_Nada._Soraya responde._Seu tio que tinha comunicação com o hospital. Deve ter o número de lá no escritório dele.

Assinto e caminho em direção ao escritório do Inácio. Procuro em cima do gabinete, mas não acho nada. Abro a primeira gaveta e nada. Ao abrir a segunda, deparo-me com um papel estranho contendo meu nome.
Sento na cadeira e começo a lê-lo. Meu cérebro recusa-se a acreditar no que meus olhos leem. Não é possível que o tio Inácio juntamente com meu pai tenha feito isso. Contrato de casamento com uma vampira da família Valdemont?

Deixo o papel no mesmo local e acho na mesma gaveta a agenda telefônica. Disco o número no telefone do escritório e ouço chamando. Depois de alguns toques, alguém atende. Dou o nome da Samyra e aguardo a chamada ser encaminhada para o doutor responsável por ela.
Depois de algum tempo, ouço uma voz masculina cumprimentando-me.

_Eu só quero saber o estado de saúde da Samyra._Digo ignorando a educação que me foi dada.

_A Samyra foi diagnosticada com meningite. Ela está em um coma profundo sendo impedida de receber visitas. Sinto muito, meu rapaz. A situação dela é difícil.

_Ela tem chance de sobreviver?

_Sempre esperança. Basta acreditar. Agora eu tenho que ir cuidar de outros pacientes. Passar bem.

Ele desliga e eu fico cismado com a sua resposta. Quando alguém me responde no automático, eu tenho minhas dúvidas se a pessoa está falando a verdade ou está sob influência de alguém.
Como a Samyra pode estar doente se tem uma bruxa acordando dentro dela?

Historinha mal contada. Irei vê-la custe o que custar.
Guardo a agenda e saio do escritório. Já são quase cinco horas da manhã e minha cabeça ainda dói.
O que será que eu tenho?
Vou em direção ao quarto da Alícia, mas encontro-a saindo do mesmo.

_Eu já iria te procurar._Ela diz me abraçando._Alguma notícia dela?

_Meningite._Digo passando a mão na barba que já está um pouco crescida._Ela está em coma e isolada. Não poderei ir vê-la.

_Nossa..._Ela suspira._Você parece desconfiado. O que foi?

_Quando fui procurar a agenda telefônica no escritório do tio Inácio, acabei achando um contrato de casamento entre mim e uma vampira da familia Valdemont._Digo bufando._O tio e nosso pai querem me casar a todo custo. Será que não se pode mais ser solteiro?

_Já já vão querer vim com esse papo pra cima de mim também._Ela me puxa em direção a cozinha._Café?

Nego com a cabeça. Ela serve-se de café e senta na cadeira pra me fazer companhia. Ficamos em silêncio por bastante tempo. Fiquei pensando em contar tudo para a Alícia, mas sei que aqui as paredes tem ouvidos, olhos e tudo mais.
Lembrei de que a Samyra me pediu pra me deixar ser ajudado pela Emilly que não é bem a Emilly.
Ai, que dor de cabeça!
Esfrego as têmporas não suportando mais tanta dor.

_Vampiro tem dor de cabeça?_Pergunto fechando os punhos.

_Não. Por que a pergunta?

_Estou com uma tremenda dor de cabeça._Digo levantando-me da cadeira._Vou tomar um banho pra ver se passa.

Quando eu ía saindo da cozinha, meu pai e sua mulher aparecem na minha frente.

_Albert!_Meu pai me cumprimenta._Alícia!

Por enquanto que meu pai foi abraçar Alícia, cumprimento sua mulher.

_Olá, Dominique._Digo totalmente sem emoção.

_Olá, Albert._Ela toca no meu ombro com a ponta do dedo._Saudades da boadrasta mais linda que você já teve?

_Não.

Nesse momento, meu pai se aproxima com o braço por cima do ombro da Alícia. Soraya, Bryan e Sabrinne entram no ambiente.

_Tio Saulo._Sabrinne abraça meu pai._Sejam todos bem vindos!

_Obrigado, Sabrinne._Meu pai responde indo para a sala._Precisamos descansar não é, meu amor?

_Sim, sim. Viagem longa._Dominique responde piscando várias vezes os olhos.

Soraya leva meu pai e sua mulher até um quarto de hóspedes. Sabrinne conversa no canto com Bruna e Alícia e eu subo pro quarto. Entro debaixo do chuveiro e fico parado embaixo da água que cai fria. Pelo menos aqui embaixo a dor de cabeça não me irrita. Mas não posso ficar aqui a manhã inteira. Ao sair do banheiro, vejo Bruna sentada na minha cama com uma camisa minha nas mãos.

_Você está se tornando irritante._Bufo chateado._O que você quer aqui? E ainda com minha camisa?

_Vi cabelos dela no seu travesseiro. E o cheiro dela também está aqui._Ela diz com voz controlada._Você está tendo um caso com a humana. Você é louco?

Arregalo os olhos vendo sua expressão facial de acusação sobre mim.

_Isso não é da sua conta._Respondo abrindo a porta._Agora sai daqui.

_E tudo que vivemos juntos?_Ela se atira nos meus braços._Será possível que você me esqueceu?

_Esqueci quando você terminou o nosso noivado pra servir ao Héctor. Foi bom ter me abandonado pra virar puta dele?

_Eu não virei puta dele!_Ela brada com lágrimas nos olhos._Apenas segui o destino que minha família escolheu. Eu tinha que aprender algumas técnicas com ele. Era uma chance única de aprender com o mestre.

_Bruna, entende uma coisa. Você não significa nada mais pra mim. O que tivemos já acabou. Não insista em algo que nunca mais vai voltar a acontecer._Aponto para a saída do quarto._Agora vai embora e me trata como um profissional, um amigo, sei lá. É só isso, Bruna. Só isso!

Ela enxuga as lágrimas, assente e vai embora.
Será possível que só loucas vivem atrás de mim? Só mulher complicada. Misericórdia!

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora