Cinquenta

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×Albert×

Esperei alguns minutos, me vesti, peguei os papéis e saí em busca do tio Inácio. Bato na porta do seu escritório e logo após abro. Ele está falando no telefone e em um gesto com a mão me pede pra sentar. Logo encerra sua ligação.

_Diga o que quer comigo, Albert._Ele pega a caneta e começa a escrever umas coisas.

_Quero que veja isso.

Tiro os papéis do bolso e estendo sobre a mesa. Ele os pega com cautela e começa a correr os olhos neles. Vejo ele arregalando os olhos parecendo estar muito surpreso.

_O que significa isso?_Ele ainda não tirou os olhos dos papéis.

_Alguém invocou essa tal de Salim em um corpo e usará isso para nos atingir. Isso de fato é coisa de bruxa._Ajeito minha posição na cadeira._Mas pelo que diz aí no papel, a Salim não acordou. O senhor sabe quem é Salim?

Ele descansa os papéis na mesa, abre uma gaveta e tira um livro de capa gasta de dentro dela. Estende em minha direção e eu o pego.

_Na página 14 tem dizendo quem foi ela, suas características e sua morte._Ele cruza os dedos._Preciso informar isso ao Héctor. Provavelmente terei que fazer uma viagem pois não se diz essas coisas por telefone. Seu pai estará chegando amanhã e logo partirei.

_Tudo bem. Qualquer coisa me avise. Estarei cuidando da Resistência juntamente com a Alícia e a Bruna._Levanto-me e sigo até a porta._Boa sorte lá.

_Irei precisar.

Abro a porta e saio. Vou até o quarto de Alícia e bato na porta. Ela abre rapidamente e me pede pra entrar.
Fecho a porta e vou até sua cama sentar perto dela.

_Como você está se sentindo?_Pergunto vendo sua expressão triste.

_Uma pessoa horrível._Vejo seu esforço pra engolir o choro._Ainda estou me perguntando por quê eu fiz aquilo.

_Vocês conversaram?

_Sim, ela quis._Seu olhar encontra o meu._Me disse que não queria deixar de ser minha doadora por ter um pai que precisa muito da ajuda dela. Me perdoou e me abraçou. O gesto dela me fez sentir o pior dos monstros. Acho que o nome se chama remorso ou arrependimento, sei lá. Talvez uma pitada de culpa também.

Chego perto dela e abraço-a. Essa cabecinha deve estar tão confusa e bagunçada. Escuto ela fungar e fico triste por vê-la assim.

_O pior já passou..._Aliso seus cabelos loiros._Agora está tudo bem. Você só precisa pagar o valor que lhe foi pedido e esquecer tudo isso.

Ela afirma com a cabeça e se solta do meu abraço. Enxuga os resquícios de lágrimas e dá um sorriso amarelo. Aquilo já me fez sentir melhor.

_Estou sentindo você mais leve, mais feliz._Ela me cutuca._Seu chamego com a Samyra desenrolou de vez, não foi?

_Nem triste você deixa de ser curiosa._Sorrio juntamente com ela._Você sabe que não podemos ter nada sério. É muito complicado a nossa situação.

_Se a Vera quisesse ficar comigo, eu passaria por cima de tudo isso e seria feliz com ela. Você já tem muitos anos de vida e ainda continua fiel a essa sociedade machista e cheia de regras absurdas. Quer um conselho? Viva tudo que desejar!

Sorrio pra ela, beijo sua testa e deixo ela descansar. Sei que ela não está muito afim de ficar conversando. Alícia tem disso sempre que sente culpa por algo. Estava eu no caminho de volta para o meu quarto quando sou interceptado por alguém.

_Ei, preciso falar com você._Era Sabrinne.

_Seja rápida._Digo sem emoção.

_Contemplei uma cena um pouco curiosa envolvendo sua doadora. Vi ela desabrochando uma flor apenas com os dedos. Pesquisei e vi que apenas bruxas ou alguém que tenha acesso ao livro de uma pode fazer tal coisa._Ela tinha um jeito obcecado em falar disso._Se o sangue dela não te trás danos, ela só pode praticar magia.

_Você tem certeza do que está falando?_Pergunto pensativo.

_Não estaria te falando isso se não eu não tivesse certeza. Fique de olho na sua doadora. Se ela sabe magia, pode ser que seja uma traidora ou aprendiz de bruxa. E você sabe de que lado estão as bruxas.

Depois de falar isso, ela some. Isso é despeita de Sabrinne ou de fato tem algo estranho na Samyra?
Tudo começou pelo simples fato dos poderes de vampiros não funcionarem nela. No caso, nem nela e nem na Vera. Lembro-me bem de que encontrei Alícia caída no chão durante o acontecimento passado. Pra um humano derrubar a Alícia só tendo poderes mesmo. E se a Vera não estava em sã consciência, só pode ter sido a Samyra. E agora essa história de que ela desabrochou uma flor...

Tudo está muito estranho. Entro no quarto pensando em cada coisa que estou associando. Preciso investigar a Samyra. Se ela for mesmo uma traidora, eu não sei nem o que fazer. Mas aqui todos sabem o castigo para traidores. E provavelmente eu serei incumbido de fazer cumprir o castigo. Espero do fundo do meu coração que tudo isso seja coisa da minha cabeça e da cabeça da Sabrinne. Sabe de uma coisa? Vou voltar no quarto da Alícia e perguntar o que houve para ela estar no chão daquele jeito. Abro a porta do quarto novamente e vou de encontro ao quarto de Alícia. Logo ela abre a porta estranhando minha presença novamente.

_Esqueceu alguma coisa?_Ela caminha até a cama.

_Alícia, o que foi que aconteceu ontem pra você estar jogada no chão daquele jeito?_Fecho a porta observando-a._Quem fez aquilo com você?

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Where stories live. Discover now