Quarenta e sete

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×Samyra×

Depois da saída do Albert, Claire e os outros doadores aproximam-se de nós.

_Por sorte o médico estava por perto. Em poucos minutos ele estará aqui._Claire passa a mão na cabeça de Vera._Acho que quem fez isso vai receber uma bela bronca do Inácio.

_Bela bronca?_Repito desacreditada._Eu não quero que ela leve uma bela bronca. Eu quero é que ela seja punida e perca o direito de ter doador.

_Já parou pra pensar se isso é o que a Vera quer?_Gabriel diz entrando na conversa._Pelo que sei, Vera ajuda seu pai e precisa muito desse dinheiro. Tanto é que quem deu a ideia de ser uma doadora a você foi ela. Você acha que ela vai mesmo querer ser dispensada? Emprego não está fácil, Samyra.

_Droga..._Resmungo pensando no que acabei de ouvir.

Realmente nós precisamos do dinheiro e tenho quase certeza de que essa teimosa não vai querer ser dispensada. Ficamos em silêncio esperando o médico chegar. Depois de quase 15 minutos, ele aparece. Claire encaminha ele até nós e eu me afasto para ele averigua-la.

_Que mordida feia, hein?_Ele avalia._Vou ter que costurar isso. A mordida foi funda.

_Sem anestesia?_Quase berro preocupada pela dor que isso vai causar.

_É o que posso fazer, mocinha._Ele abre sua maleta branca._Vou passar essa pomada aqui que vai anestesiar levemente o lugar. Deve ajudar.

Ele limpa com algodão todo sangue na região e assepsia com algum produto de cheiro forte. Logo após ele passa a pomada e prepara as coisas para fechar a ferida.

_Eu não aguento ver isso. Quando terminar, me avisem.

Digo para todos no ambiente e saio do quarto. Me direciono até a frente do castelo e por pouco não entro exigindo uma punição severa para a Alícia.

_Preciso me acalmar..._Sussurro olhando a lua no céu.

Olho pro meu corpo e me encontro cheia de sangue. Senti um pouco de desespero pela quantidade, mas respirei fundo. Sentei no chão e abracei minhas pernas. Que saudade da época em que eu só tinha que me preocupar em tirar notas boas. Que meu único desespero era no dia de saber se passei ou não. Que tudo que eu tinha me deixava feliz e hoje... Hoje o que eu tenho, mesmo que aos olhos de muitos seja motivo pra ser muito grato, eu estou muito infeliz. Infeliz por ter me metido nessa roubada, infeliz por me apaixonar pelo homem que não é apaixonado por mim, infeliz por ter transformado meus pais em pessoas ambiciosas pela quantidade de dinheiro que eu os dei e infeliz por saber que tenho a possibilidade de morrer e não tenho coragem de me despedir. Depois de longos minutos, vejo o médico indo embora. Levanto-me e volto para o quarto.

_Vão dormir que por hoje já chega._Escuto Claire batendo palmas.

_Para de fazer barulho._Seguro suas mãos._Respeita quem está doente.

_Olhe para sua doente._Ela aponta para a cama da Vera.

Viro meu olhar para onde ela aponta e vejo Vera sentada. Corro até ela na intenção de abraçá-la, mas paro quando ela estende a mão me impedindo.

_Você vai me quebrar com esse abraço._Ela sorria._Obrigada por ter me ajudado. O Felipe me disse.

_Você não tem nada que me agradecer._Meus olhos enchem-se de lágrimas._Tive medo de perder você...

_Tem certeza que você não está grávida?_Ela sorri e depois fez uma careta de dor._Preciso descansar. Podemos conversar amanhã?

_Okay. Mas me deixa trocar os lençóis da sua cama.

Ela levanta-se vagarosamente e eu troco os lençóis da cama.
Deixo tudo em perfeita ordem e ajudo ela a deitar. Pouco tempo depois ela já estava quase cochilando. Volto pra cama e tento adormecer, mas minha mente não desliga. Viro para um lado, viro para o outro e nada. Abro os olhos e encaro o teto. De repente eu escuto uma voz feminina.

_Eu preciso despertar totalmente... Preciso encontrar meu filho...

Só pode ser a Salim! Quem mais iria estar falando dentro da minha cabeça?

_O que você quer, Salim?_Sussurro baixíssimo.

_Me deixe sair... Por favor, me deixe sair.

Paro de responder e fico pensando no seu pedido. Ela deve sentir o quanto eu estou com medo. Esse pedido é até injusto pra mim...
Acabo adormecendo.

...

Acordo vagarosamente e acabo lembrando de todo acontecido de ontem. Levanto rapidamente e olho pra cama da Vera. Meus olhos arregalam-se ao ver que ela não está. Desço da cama apressadamente procurando-a. Quando eu ía sair do quarto, ela vem entrando.

_Meu Deus, quem mandou você sair da cama?_Exclamo preocupada e só então percebo que ela chora._O que foi? Não me diga que a Alícia te procurou?

_Não, longe disso. O Felipe resolveu terminar tudo. Alegou preocupar-se demais comigo pra me ver sendo machucada pela Alícia._Ela me abraça._Ela estragou minha vida.

_Você está tão apaixonada assim?_Aliso seu cabelo e ela afirma._Não se preocupe. Quando tudo isso acabar, você poderá viver a sua paixão livremente.

_E quando isso vai acabar, Samyra?_Ela funga._Temo que nunca irá.

Depois de poucos minutos, ela me solta. Estava com os braços doendo. Olho pro seu pescoço e vejo que a ferida fechou totalmente restando apenas os pontos.

_Sua ferida já fechou?_Pergunto abismada.

_Também me impressionei. O médico que me atendeu é realmente muito bom._Ela toca nos pontos._Ele ensinou como retirar isso. Vou lá.

Ela vai até o banheiro e eu vou escolher uma roupa pra tomar um banho. Vejo ela puxando os pontos com uma tesoura molhada em álcool na frente do espelho. Desvio o olhar e inicio meu banho. Já estava quase na hora do café da manhã deles. Termino de me arrumar e sigo para a cozinha. Todos estão na mesa comendo e conversando. Sento-me perto deles e sirvo-me de um pedaço de bolo.

_Bom dia._Cumprimento.

Todos respondem e voltam a comer. Logo Claire entra na cozinha apressada.

_Samyra, você está dispensada de doar no café da manhã._Ela olha pra mim._Avise a Vera que o Inácio espera ela no escritório.

Afirmo e vou até o quarto passar o aviso. Senti uma certa tensão da parte da Vera ao escutar o recado. Ela apenas me abraçou mais uma vez e pediu que desejasse sorte a ela. Assim eu fiz.

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Cercada por eles (POSTANDO NOVAMENTE POR TEMPO LIMITADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora