The Swan Lake.

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Legenda das mensagens:: John. Sherlock. (Assim fica mais fácil para escrever)

Fazia três semanas que a briga havia ocorrido. Sherlock tentou convencer a diretoria da Instituição de Ballet que ele era péssimo para ser o cisne e que Jim deveria - e conseguiria - fazer tudo absolutamente sozinho. A mulher riu da cara de Sherlock e disse baixinho o quanto Moriarty era incapaz de fazer algo sozinho. Não que fosse uma grande mentira, mas Sherlock achou aquilo uma baita maldade com seu colega.

A real situação é que Jim não tem talento. Ele é preocupado com técnicas e movimentos difíceis que as vezes o atrapalham. Esquece dos sentimentos e da história do espetáculo, se preocupando apenas se os seus dedos estão devidamente esticados e alinhados. Não que técnica seja ruim - disse Sherlock para a diretora. - Mas Jim realmente só se preocupa com isso, estragando a apresentação.

Então, Sherlock decidiu que iria aceitar tudo e dançar. Nos treinos, ambos combinaram de fingir tudo. Fingiriam sorrisos e amizade. Estava dando certo. Molly, sua orientadora, ousou pensar que ambos tinham finalmente conversado feito gente e se ajustado. Mas assim que a música acabava e o número em conjunto se encerrava, ambos iam um para seu lado, ensaiar o resto da apresentação.

Eles não voltariam a ser amigos. Não agora. Jim nunca foi alguém bom com concelhos, ou bom para entender a mente perturbada de Sherlock. E assim funcionava ao contrário. Na realidade, fora um milagre terem continuados amigos por todo esse tempo.

Por outro lado, John Watson era cada vez mais necessário na vida do moreno. Esse sim era alguém que se dava bem com Sherlock. Ambos ficaram mais amigos depois de tudo. Mas na escola, Sherlock não falava com o loiro.

" Sabe, nós deveríamos sair hoje. "

"Estou ocupado, John."

" Inventa uma desculpa."

" Minha tia precisa que eu a ajude a limpar a casa."

" Que tia?"

"Tia Hudson, você a conheceu quando veio aqui, agora me deixe em paz."

"Chego ai em dez minutos."

"Filho da puta teimoso" pensou Sherlock enquanto jogava o celular no outro lado do quarto.

- Tia! - Gritou.

Uma senhora apareceu, sorridente. Seus óculos estavam no meio do nariz e seus cabelos cheios de poeira por conta da faxina.

- Sim, querido.

- Vou sair com um amigo, você consegue terminar sozinha?

- Tudo bem, com quem?

- John. Meu amigo. - Sherlock sorriu.

- Amigo? E esse é um encontro romântico? - Riu a tia.

- Que? Não. Olha! Ele chegou. Tchau. - Apontou pra janela e desceu correndo as escadas antes que a velha fizesse mais perguntas.

Ao abrir a porta, se deparou com John rindo.

- Olá John. Vamos. Logo. - Disse saindo correndo e fechando a porta atrás de si.

O loiro o seguiu, ainda rindo. Chegou a gargalhar.

- Tá. - Sherlock parou em sua frente. - Já andamos duas quadras e você ainda está rindo. O que tem?

- Poeira no seu cabelo! - Riu, limpando com a mão e ajeitando os cachos. - Saiu correndo por que? - Disse, ainda com as mãos no cabelo do mais novo.

- Ahn... - Sherlock corou. - Minha tia estava insinuando um caso amoroso entre nós.

- Aé? - Sorriu, abaixando as mãos e segurando as bochechas claras do mais alto. - E você entrou em pânico.

- Sim. - Riu. - Mas acho que estou mais em pânico agora. - Corou mais, afastando um pouco o rosto.

- Desculpe, mas foi uma pergunta retórica. - Riu e soltou as mãos das bochechas. - Mas você pode me seguir agora? Desde que saímos você só correu. Não queria vir pra cá.

Então, John o guiou até um parque. Não era distante, mas era enorme e bonito, como qualquer parque que se vê por ai.

Sentaram em um morro, onde dava para ver o lago.

- Tem patos nele. - Sherlock riu. - Quis vir aqui por que amanhã é minha apresentação. Seria melhor se tivessem cisnes, John.

- Você só reclama. - Riu. - Desculpe, não posso mudar os animais do lago.

- Você vai amanhã. - sorriu. - E não há nada que eu fale que vá impedir.

- Exato.

- John eu danço de máscara. - Suspirou.

- Eu já vi. Você é o Dançarino Mascarado.

- Que nome de filme dos anos oitenta! - Riu. - Mas é, sou.
- O que eu tenho que fazer para que você tire a máscara?

- Não há nada. John, não podem saber...

- Ah Sherlock! Que porra! Isso já está chato. Qual é a merda do problema em saberem que você dança? ISSO É MANEIRO PRA CARALHO! - John se levantou. - Você fica ai, se matando, se remoendo por dentro. Sendo quem você não é! Sua dor diminuiria tanto...

- John, cale a boca. - Sherlock sussurrou. - Por favor, cale a sua boca.

- Não. Cala você!

Ambos agora estavam em pé. Nem se lembravam do momento no qual a discussão iniciou-se definitivamente; mas agora tudo o que as pessoas ouviam eram gritos dos dois mandando um ao outro à merda.

- John, por favor me compreenda! - Sherlock disse em tom mais baixo depois de um tempo.

- Não Sherlock. VOCÊ me entenda! Sherlock, todo mundo que é do mundo da dança sabe que o "dançarino mascarado", ou qualquer nome merda que você quiser escolher agora, é muito bom! TEM PESSOAS QUE SÃO SUAS FÃS. Sherlock você está perdendo oportunidades POR QUE SIMPLESMENTE PREFERE DAR UMA DE BAD BOY NO COLÉGIO.

Agora Sherlock começou a chorar. Era real. John tinha razão e isso o magoava. Era um idiota. Toda sua dor interna fora criada por si mesmo e ele passou a se odiar por isso.

- John... Desculpe. - Sussurrou, enquanto enxugava uma lágrima.

- Agora não chore para eu sentir pena, porra! - Abraçou o amigo. - Você sabe que eu odeio quando você chora! Eu só quero seu bem,  por que você é importante para mim e por que isso só te faz mal.

- Eu te amo John. - Disse baixo, e torceu para que o loiro não tivesse escutado.

Sua resposta fora afagos nos cachos desgrenhados e úmidos.

- Promete que vai fazer o que acha melhor? - Sorriu o loiro, levantando o rosto do mais novo, tornando a ficar menor.

- Prometo, John.

E realmente faria.

Who I Am Not.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora