Who I Am Not.

You're the Black Swan?

Uma coisa cômica sobre apresentações de ballet é que elas na verdade só interessam para dois tipos de pessoa. A primeira seria aquela que ama dança e a pratica. A segunda seria aquela que quer sair com as dançarinas depois do espetáculo. John Watson era o exemplo perfeito de segundo tipo.

Sherlock, por outro lado, estava preso em uma sequência incessante de treinos pré-apresentação. Coreógrafos gritando, figurinistas espetando suas costas na hora de por a roupa, maquiadores putos por fazer uma maquiagem intensa e Sherlock ainda preferir a máscara... Tudo correndo como o natural.

Os bastidores eram barulhentos. As crianças que faziam a primeira dança já seguiam em fila em frente da entrada que dava ao palco para que pudessem iniciar a noite.

Sherlock nunca vira a diretora tão tensa na vida. Nem na noite do Quebra Nozes ela estava tão eufórica e isso divertia Holmes. Era cômico ver os cabelos curtos e rebeldes da velha todos para cima enquanto ela gritava com alguns garotos que esqueceram as sapatilhas em casa.

Na plateia, John estava na primeira fileira, esperando ansiosamente. Mycroft estava logo ao lado e o loiro logo o reconheceu.

- Sim, sou o irmão do Sherlock. - Disse o moreno. - Presumo que seja o amigo dele. O único.

- Como?? - John riu, achando aquilo incrível. - Você possui poderes dedutivos, assim como Sherlock, certo? Incrível!

- Você se impressiona fácil.

- Não é algo do qual me orgulho.

As fileiras começaram a ficar mais cheias.

- Como sabia quem eu era? - John perguntou, depois de um tempo.

- É óbvio. Sherlock ganha quatro convites todas as apresentações e sempre pede para nós não virmos e se virmos, pelo menos trazermos nossa avó. Esse ano ele entregou um convite para cada um de casa. Não disse nada sobre não virmos e não pediu para trazermos nossa avó. Agora, quem teria o quarto convite? A resposta é: o mesmo que leva meu irmão para patinar no gelo. - Watson abriu a boca para perguntar "como sabe disso?" mas Mycroft respondeu antes mesmo do loiro juntar ar suficiente para formular a pergunta: - Eu vi a foto no Instagram.

- Seu stalker! - Disse John, rindo. - Isso foi incrível. Sherlock faz isso as vezes e devo admitir que seu irmão é fantástico!

Mycroft olhou para ele com o tipico olhar de "você não me acha um louco insano e não está se afastando aos poucos por que?"

- Mas... Por que só tem você de Holmes aqui? - John perguntou enquanto se arrumava no assento e via o folheto da apresentação.

- Porque minha mãe está viajando e meu pai trabalhando. Sherly deu sorte dessa vez... - Mycroft disse e logo após fez um sinal com os dedos. - Vai começar.

E começou.

Sherlock apareceu em mais ou menos cinco coreografias diferentes. Sempre de máscara. Por ser o cisne principal, recebia mais atenção que os demais e dançava perfeitamente bem. John ficara impressionado com o moreno. Nunca havia imaginado que ele poderia dançar assim. Achou divertido também o fato de que nesta versão, o cisne era representado por um dançarino, e não uma mulher.

Já estava na última coreografia. O cisne branco se tornaria negro, mudando sua forma e seus sentimentos. Sherlock dançava olhando diretamente para John. Era inevitável. Sorria sozinho por ver a cara de surpresa do loiro com seus passos bem feitos. Estava totalmente sozinho no palco, o cisne aos poucos se tornava negro e decaía. "Pés firmes." pensou "É agora."
A asa havia quebrado, e com ela a máscara havia caído ao palco. Pela primeira vez Sherlock viu o público claramente e respirou direito em cima do palanque. Era libertador.