Mrs. Watson

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Era um sábado amigável e John Watson não podia estar mais feliz e empolgado. Finalmente data fora marcada e Sherlock conheceria sua mãe.

A loira estava empolgada e havia acordado todo mundo da casa às sete da manhã para começarem a faxina.

Tinha limpado tudo, jogado caixas velhas fora e cozinhado. Fazia tempo que John não a via dessa forma, e isso deixou-o nostálgico.

O cardápio não poderia ser mais apetitoso: de entradas peixe e batatas fritas, o almoço era bife acebolado com arroz integral e a sobremesa um simples manjar de coco.

John não sabia se falava ou não à sua mãe que Sherlock era apenas um ser humano, e do tipo que passa dias sem almoço. No final, decidiu deixar a loira se divertir com a imagem que esperava que o namorado de seu filho tivesse.

De uma coisa John nunca pôde reclamar: a sua mãe nunca fora preconceituosa. Mesmo quando Harry levava garotas drogadas para sua casa,  Joan as tratava com respeito e até cozinhava. Antes de Henry Watson morrer e ela se tornar viúva, John sempre pôde contar com a mãe para desabafar e perguntar sobre qualquer coisa.

Porém, a mulher ficara traumatizada pela morte do marido e depois de alguns mêses se encontrou bêbada numa sarjeta. Agora suas crises e bebedeiras são muito mais frequentes, para a tristeza de John. O loiro ainda pensava que poderia ajudar a mãe, mas de uns tempos para cá suas esperanças haviam caído tanto que a melancolia era visível em seus olhos.

Sherlock havia prometido ajudar, e era o que ele estava fazendo indo à casa de John para almoçar.

Assim que chegou, fora recebido com abraços e elogios de Harry, que insistiu em ficar para conhecer o moreno.

Sherlock entrou na casa, fingindo que nunca estivera ali, e deu um sorriso falso para Harry. Ele sabia o quanto a garota fazia mal à família, principalmente à John.

- Olhe, Joan, Sherlock possuí olhos verdes lindos! - sorria a irmã.

- Obrigado. - Sherlock sempre respondia ríspido, mas parara um pouco para pensar em o porque a loira chamava a mãe pelo nome. Decidiu esquecer no momento.

- Sherlock realmente é muito belo! Fico feliz que você faça bem pro meu filho! - Joan sorriu, enquanto terminava de colocar o último talher na mesa.

- Isso é exagero, Mrs. Watson. Eu e John nos ajudamos mútuamemte. - Sherlock sorriu, sincero, enquanto se sentava à mesa.

John sorriu envergonhado, enquanto se sentava ao lado do moreno. Harry fora ignorada a maior parte do almoço, enquanto fazia piadinhas de mal gosto.

Sherlock achou engraçado sobre o quanto a família de John era, de mil formas, diferente da sua. Joan era mais sossegada - quando sóbrea - e Harry era a irmã sem graça que provávelmente fora mimada na infância. Mas ele havia adorado. Outra visão de família para ele era incrível.

Obviamente havia problemas na casa dos Watson. Muito mais que na maioria dos lares comuns, mas quem não tem problemas? O próprio Sherlock brigava muito com Sherrinford, odiava seus pais e suportava Mycroft, mas não era como se fossem exatamente horríveis.

Por um momento Sherlock se sentiu grato por ter uma casa bem estabelecida e relacionamento firme com sua família, por mais patéticos que eles pareciam ser.

Depois de almoçarem bem e estarem satisfeitos, John levou Sherlock para seu quarto, com a desculpa que o moreno nunca tinha o visto.

Assim que John fechou a porta, seus ombros caíram e ele pode realmente relaxar na presênça de Sherlock.

- O que achou dela? - sorriu ao ver Sherlock já a procura de um CD.

- Sua mãe é incrível! - Sherlock disse sorrindo, após achar um CD do Metallica. - Harry é meio sem graça, mas eu aguento por que convivo com o Mike.

- Bocó. - John riu, se aproximando de Sherlock. - Você sabe que é importante pra mim que vocês se dêem bem.

- Não perca seu sono com isso, querido. - Sherlock sorriu, diminuindo ainda mais o espaço entre os dois. - Eu amei sua mãe, consigo conviver com sua irmã e estou louco por você.

- Que resposta boa! - John sorriu, pronto para beijar Sherlock.

- SHERLY USA CAMISINHA! - Conseguiram ouvir a voz de Mycroft vindo da janela.

- A sua janela dá pra minha casa? - Sherlock gritou, assustado. - Porra!

John ria vendo Sherlock correndo para fechar as cortinas antes que Mycroft chamasse Violet para ver a cena também.

- Sim, não percebeu quando veio aqui? - Perguntou mais baixo, para que sua mãe não ouvisse essa parte.

- Eu não estava totalmente interessado nisso. - Sussurrou o moreno. - Mike não irá incomodar mais.

- É incrível como você consegue ignorar completamente algo. - John sorriu, voltando a se aproximar.

- Ignorar não, eu devo ter visto e achado desinteressante, ai deletei. - Sorriu, voltando à distância nula de antes.

Ambos iniciaram um beijo calmo e desejado. Faziam três dias que não se viam e precisavam matar a saudade do gosto um do outro. Eles precisavam daquilo. Era uma droga, um narcótico adocicado que fazia a vida de ambos suportável.

Não havia mãe bêbada, nem inseguranças causadas por valentões do passado. Havia apenas um gosto de desejo e paixão na boca de cada um.

O beijo apenas foi rompido por que ambos precisavam de ar, e quando aconteceu, sorriram. Não poderiam estar mais felizes.

- Eu senti saudade. - John murmurou, ainda agarrando Sherlock. - Por que faltou tanto na escola? Você sumiu, amor.

- Desculpe. - Sherlock respondeu com um tom de culpa. - Sherrinford foi parar no hospital, por conta de uma bala perdida.

- Oh, mas está tudo bem? - John perguntou preocupado. Sabia muito bem que por trás da camada fria e insensível de Sherlock, havia um garoto que amava sua família.

- Sim. Foi de raspão. Mamãe deu mais trabalho que o próprio Sherry. - Sherlock respondeu despreocupado, ainda no abraço de John. - Mike pediu para que eu o perdoasse, por que segundo Sherrinford, a vida dele é muito perigosa e ele não quer morrer sem meu perdão.

- E você perdoou? - John perguntou, já não tão preocupado, e começava a dançar no ritmo melódico da música.

- Sim. - Sherlock apenas respondeu, seguindo os passos de John e sorrindo.

Ambos dançavam no meio do quarto, sorrindo e se beijando. Não eram os melhores passos de dança que já tiveram feito, mas era algo. Era algo importante para os dois, era confortável e fazia sorrir igual um tolo. Talvez aquela dança inteira fora o resumo perfeito do amor.

Quando cansaram, sentaram-se na cama e conversaram horas à fio. Namorados sempre têm conversa para qualquer coisa que se possa pensar.

No mais, ambos estavam tranquilos. John, por Sherlock ter gostado de sua mãe; e Sherlock, por poder ter em sua vida alguém como Watson.

Who I Am Not.Where stories live. Discover now