Miss me?

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Mensagens: Sherlock  John

Sherlock chegou em casa depois da apresentação, do café e do beijo. Decidiu tomar um banho e se deitar, estava realmente acabado. Seus cremes para os pés haviam acabado, o que o deixou em profunda irritação interna na qual pensou em um nome aleatório para poder xingar. "Porra Carlos, esqueceu de comprar o creme!" pensou.

Parecia tosco, mas Sherlock sentia paz quando culpava qualquer outro ser humano pelos seus erros bobos e pequenos. Fazia isso sempre. Era tão monótono que nem percebia quando xingava alguém aleatório. Mas havia uma regra: nunca xingar a mesma pessoa. Isso fazia com que ele tivesse uma lista mental e ia riscando os nomes. Ele achava injusto culpar a mesma pessoa duas vezes, então assim não corria o risco de se esquecer e praticar injustiça sem querer.

Depois de culpar Carlos, deitou-se na cama e verificou o celular. Na verdade verificou o número de John nas mensagens para ver se não tinha nada novo. Nada. Decidiu puxar papo. Obviamente depois de enviar a mensagem, iria dormir e deixar John falando sozinho como sempre.

Você é do tipo que beija e esquece de ligar depois, John Watson?

Para a surpresa de Sherlock, o mesmo respondeu na hora.

Já ia ligar, baby. Desculpe, como foi a noite sem mim?

Sherlock sorriu, virou para o lado e decidiu dormir.

Dorme bem.

-/-

Sherrinford não é o melhor dos irmãos. Saiu de casa quando Sherlock nasceu e não aparece todos os natais. Mesmo assim é o filho favorito de Mrs. e Mr. Holmes.

Os pais sempre diziam que Sherrinford sim era o governo britânico e que o cargo de Mycroft não era nada comparado ao que o mais velho possuía. Isso não era necessariamente verdade, levando em consideração o fato que Sherrinford dizia que trabalhava para o governo, mas não dizia que era espião dele. Obviamente Violet Holmes sabia do trabalho do filho, mas preferia fingir que o mais velho apenas apoiava muitos políticos ou algo do tipo.

Mycroft achava isso uma injustiça enorme e ficava irritado. Descontava tudo em Sherlock, que até os dez anos nunca entendeu o que seu irmão mais velho fazia. Quando finalmente o fez, decidiu ignorar isso e fingir que seu único irmão era Mycroft.

Mas em algumas visitas era impossível ignorar Sherrinford. Assim como é impossível ignorar um boi quando ele está parado em frente sua televisão e fazendo merda em cima da mesa de centro. Sherrinford era exatamente esse boi para os irmãos.

Havia apenas dois momentos em que Sherlock e Mycroft se uniam fortemente: casos de vida ou morte ou quando Sherrinford vinha visitá-los. E agora é o exemplo perfeito de segundo momento.

...

Era sábado e Sherlock dormiria até tarde. Parte por pura preguiça, parte pelo cansaço da apresentação do dia anterior.

A luz do sol entrava pelas cortinas e brincava com os cachos bagunçados do moreno, fazendo seu nariz coçar e ele roçar o rosto no travesseiro.

Sonhava com homicídios e sorria fraco vendo a imagem de uma ruiva decaptada em sua mente. Estava prestes a culpar o cão de guarda do policial Robert quando algo distante lhe chamou. Era uma voz conhecida, mas há muito tempo ouvida. Lhe balançava e o tirava de seu sonho agradável.

- Ahn? – Disse, ainda acordando. Assim que sua visão estabilizou, sentiu uma angústia interna tomar conta do âmago de seu ser. – Sherrinford?

- Bom dia, Sherly! Você tá parecido comigo! – Sorria o mais velho.

- Não insulte o garoto. – Mycroft, até então ignorado, estava na porta.

Who I Am Not.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora