OO1. quem é ele?

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AMÉLIA DICKSEN

    A capacidade que alguém tem de influenciar em cada detalhe da sua vida é, assustadoramente, gigante. Uma ação do próximo, qualquer que seja, e boom, de algum modo ela deixa sua vida de cabeça para baixo. O único problema é que essa reviravolta em seu mundo pessoal pode ser consideravelmente boa, ou drasticamente ruim, e infelizmente, eu tive o desprazer de experimentar a segunda opção.

Há alguns meses atrás, uma pessoa, alguém que prometeu nunca me magoar, me destruiu, e fez eu, incontestavelmente, me sentir humilhada. Por causa desse tal ato impiedoso, eu tive que ir para a reabilitação pois, segundo meus pais, eu fiquei muito para baixo e aquilo os estavam deixando preocupados.

Eu perdi um mês das minhas férias de verão porque estive internada em uma clínica, sem celular, sem amigos, sem videogame. Claro que não fico chateada com meus pais por isso pois essa preocupação deles é consequência de algumas das minhas ações do passado, mas eu estava bem, apenas para baixo, um pouco deprimida, me sentindo insuficiente, totalmente sem ânimo, mas estava bem ─ na medida do possível.

Aquela pessoa me despedaçou, mas eu não iria me afundar por causa dela, nunca! Aquilo era fase, iria passar, eu só fiquei sentimental demais, é natural para quem é trocada, traída pelo primeiro namorado.

Babaca, desgraçado!

Sua escolha de ser infiel me fez perder parte de mim, e ainda sentir como se a culpada tivesse sido eu, demorei muito para perceber que não, a errada não era eu.

É, perdi mais da metade das minhas férias de verão, mas tudo foi compensado depois que saí da clínica. Fui direto para a fazendo de meus avós, eu amo aquele lugar, adoro andar a cavalo, estar com Shimmer ─ minha égua branca, ─ me faz muito bem, além dos outros animais daquele lugar, isso me acalma, me faz pensar nas vantagens de estar viva.

Meus avós, aqueles velhinhos são meus antidepressivos, nas minhas férias, sempre fico com eles, não importa para onde meus pais queiram viajar, nada se compara a presença daquelas pessoas.

Faz seis dias que voltei para casa, mas eu ainda sinto o cheiro da terra, das folhas, sinto o calor da lareira que o vovô acendia a noite para podermos tomar um xícara de chá com leite junto a ela. Ainda sinto o gosto dos biscoitos de baunilha da vovó, são meus favoritos. As vezes fecho os olhos e tento lembrar da sensação do vento batendo em meu rosto e soprando meus cabelos quando cavalgava com Shimmer.

Eu sinto falta, duas semanas não foi tempo suficiente para aproveitar com meus avós, ou para curtir aquele lugar, e claro, também não foi o suficiente para terminar todos os meus desenhos. Na fazenda, eu consegui voltar a fazer alguns rabiscos, coisa que tinha parado há meses pois estava mesmo desanimada e de coração partido, porém, os conselhos e carinho de meus avós fizeram tudo ficar melhor, e então, consegui desenhar novamente, o que me deixou feliz, afinal, isso é minha paixão!

Desde que voltei para casa, tenho passado um tempo sentada no meu banco de janela, observando as pessoas passando ou entrando e saindo de suas casas, gosto de fazer isso pois me distrai, e tem também...

Oh, aí está você!

O garoto de cabelos cor de avelã com algumas mechas tão flavescentes. Os olhos verdes que possuem pigmentos puros como de uma esmeralda, estes que não sei quais sentimentos emanam pois nunca tive a oportunidade de olhá-los de perto. Seus lábios rosados e cheios, o que os deixam ainda mais atrativos. A pele branca que possuí uma leve tonalidade de bronze, a mesma que não sei qual é a textura, se é macia, áspera, quente ou gelada pois nunca pude sentí-la ao toque.

Quem é ele? O dono de uma beleza que faria Afrodite e Apolo se juntarem para praguejar-te apenas por sentir inveja. O possuidor de detalhes tão angelicais que se um anjo mirasse-o, pensaria estar a se ver em um espelho.

Algumas infinidadesUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum