OO9. o sketchbook

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    Olhei em volta, em busca de meus pais, queria ficar com eles, mas desisti quando os vi conversando com um grupo de pessoas. Sabia que eles iriam me apresentar e depois eu só permaneceria ouvindo uma conversa nada cativante.

Dei alguns passos para me aproximar de um canto da sala e encostar minhas costas na parede, assim livrando meus pés de parte do peso do meu corpo. Um alívio.

Eu poderia me sentar, mas todos os assentos da sala estão ocupados, e mesmo se tivesse algum livre, eu evitaria porque provavelmente teria que ficar ao lado de algum adulto. Não quero conversar com ninguém, sou péssima tentando socializar.

Me curvei um pouco e segurei meus joelhos. Mesmo diminuindo o peso do corpo, meus pés ainda doíam. É por isso que odeio salto, não importa o tamanho, ou a espessura.

─ Um tédio, não é? ─ a voz de Joseph fez eu apenas olhar para o lado. Ela estava parado, com as mãos nos bolsos da calça, me observando.

─ Não diria isso. ─ endireitei minha postura, voltando a apoiar as costas na parede. ─ Apenas não é o tipo de evento que os jovens curtem, todos os adultos parecem estar se divertindo.

─ É um bom ponto. ─ ele também apoiou as costas na parede, cruzando os pés e os braços diante do corpo.

─ Um ponto simples, só observar.

Joseph me analisou de cima a baixo só com o olhar.

─ Saltos. Seus pés devem estar doloridos. ─ observou.

─ Um pouco.

─ Quer se sentar? ─ ofereceu.

─ Não, estou bem. ─ recusei.

Um sorriso surgiu no rosto de Joseph.

─ Parece gostar de evitar pessoas, eu também, então não julgo. Venha comigo, vou te levar a um lugar onde você poderá se sentar e ficar sozinha. ─ ele posicionou-se à minha frente, esperando que eu me movesse, mas permaneci imóvel. Ele sorriu. ─ Não se preocupe, não vou te levar para o meu quarto e cometer algum crime, se é isso que está pensando.

─ Não estou.

Estava sim. Imaginei que ele me levaria para o seu quarto, mas não pensei em crimes.

─ Vem ou não? ─ ele estava de costas para mim agora, me olhando por cima do ombro.

Voltei a colocar todo o meu peso sobre os pés, ficando totalmente de pé. Joseph começou a andar e eu o segui.

─ Ouvi o Senhor Conway dizer que o chefe que ajudou no jantar de hoje a noite, pediu sigilo. Não vamos saber quem foi o grande chefe a fazer o jantar, isso me deixou muito curiosa. ─ ouvi uma mulher comentar com outra, quando passamos por elas.

Um chefe pedindo sigilo? Essa é nova. Se a comida realmente for boa, ele deveria querer os créditos, para ter a chance de divulgar seu trabalho.

Joseph abriu uma porta, mas não entrou, apenas ficou ao lado dela e me olhou. Eu notei que ele queria que eu entrasse primeiro, então fiz isso.

Assim que adentrei, fui recebida por uma visão impressionante. Todas as paredes estavam revestidas por estantes que se estendiam do chão ao teto, repletas de livros. Embora a literatura não fosse minha maior paixão, não pude deixar de ficar maravilhada com a cena.

Olhei ao redor, percebendo que aquele espaço não se tratava apenas de uma biblioteca, mas sim de um escritório cuidadosamente organizado.

─ Você pode se sentar ali. ─ Joseph apontou para uma confortável poltrona de couro preto em um canto do escritório, enquanto fechava a porta atrás de nós.

Algumas infinidadesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora