Semana 3 (parte 2)

1.6K 215 54
                                    

Eu nunca fui como você, amor.

Era tudo o que eu pensava olhando da janela do quarto dele o sol amanhecer. Eu estava feliz? Sim. Mas era passageiro, não era uma felicidade a longo prazo e isso me matava de ódio. De quê? Talvez da vida que não cansa de me foder pelo buraco errado.

Então a noite toda voltou em retrospectiva e eu estava vivenciando novamente o momento que Theo jogou na minha cara que eu tinha me deixado em segundo plano de novo. Um erro tão idiota e que eu insistia em errar da mesma maneira, o que me aliviou foi os socos que dei e a conversa descontraída que tivemos depois. Tudo estava indo bem, até dar a louca no Gustavo e ele resolver me buscar, sem ao menos me avisar.

👊👊👊

– Gustavo, o que você tá fazendo aqui? – perguntei depois que Theo e Leo se despediram e ficamos sozinhos.

– Vim te buscar, não tá óbvio?

Bufei irritada e subi na moto, abracei ele, que deu partida em seguida. E ali estava eu, com roupa de academia, com uma bolsa que só continha coisas básicas e no dia seguinte eu iria trabalhar ainda, mas quem liga? Ser sequestrada é mais importante.

Chegamos ao prédio dele em poucos minutos, desci da moto com um pouco de dificuldade e tirei o capacete. Gustavo fez o mesmo e sorriu pra mim.

– Surpresa!? – ele falou animado como se fizesse uma festa surpresa para uma criança.

– Você tem que perguntar se eu quero antes.

– Você quer? –perguntou e eu revirei os olhos teatralmente.

– Quero que me leve pra casa, anda.

– Hoje não – respondeu ativando o alarme da moto e eu continuei séria parada em sua frente, os braços cruzados. – Você quer mesmo ir pra casa?

Reconheci o tom de preocupação na voz dele e respirei fundo, era uma guerra perdida antes mesmo de eu começar a travá-la em minha mente.

– Não – admiti. – Mas toma cuidado comigo que eu luto boxe.

– E eu luto muay thai.

– Ah, Guto, me poupe, quantas aulas vocês fez? 3?

– Shiiii, não precisa me lembrar da derrota que fui nesse período da vida.

– Você que tem que ficar quieto.

Fui andando na frente, sem paciência até mesmo para ele que carregava a chave de tudo. Chegamos ao apartamento dele em silêncio, não queria acreditar que estava nervosa por estar ali e, para melhorar a minha situação a calcinha já estava molhada.

– Vamos lá, o que você tá pensando? –perguntou assim que entramos em seu apartamento, acendendo a luz da sala.

– Que eu acabei de sair da aula de boxe toda suada, você me raptou e estou aqui louca por um banho, e por mais que eu tenha uma calcinha reserva na bolsa, não tenho roupa pra ir trabalhar amanhã.

Joguei a minha bolsa no sofá dele e ele tirou o casaco, então prestei atenção no quanto aquela blusa listrada ficava bem nele, mas ficaria melhor no chão... Ele arrancou os tênis ficando só de meia, a bermuda jeans e – quando ele levantou os braços para se espreguiçar percebi, o caminho de pelos levando para uma entrada mais conhecida como perdição – uma cueca branca.

– Você pensa demais, amanhã de manhã passamos na sua casa primeiro. Já te disse, tem que viver o momento – falou preguiçoso, se aproximando de mim.

O sorriso enfeitando o rosto dele e aquele olhar de quem gosta muito do que vê, pegou a barra da minha camiseta e subiu pelo meu tronco, levantei os braços para ajudá-lo, o que foi a pior merda que eu poderia ter feito. Passe livre para tomar um banho e fazer outras coisas juntas, se é que me entende.

Fechei os olhos na tentativa de manter a sanidade, mas quando desci os braços acabei o abraçando e a boca dele encontrou o meu pescoço numa velocidade impressionante, as mãos foram pra minha cintura e eu fiquei tonta por um instante. Ele me beijou e permaneceu me beijando até tirar o meu fôlego por inteiro, então parou e a sua mão foi para a parte de trás do meu top.

– Tira o tênis – pediu.

Mas na minha mente ele completou – e o resto da roupa.

Obedeci e ele puxou o tecido do top para cima também, deixando os meus seios expostos.

– Já disse que adoro essa roupa de ginástica? Você fica gostosa com ela.

– E sem ela? – perguntei.

– Muito mais gostosa – disse baixinho e eu sorri.

Ele apagou a luz da sala e me puxou pelo corredor até o banheiro, a única iluminação foi a do poste do lado de fora e retiramos o resto da roupa. Mal tinha passado a calcinha pelo pé, quando ele me pegou por trás, uma mão apertando o meu peito e outra tocando a minha intimidade de uma forma que me fez suspirar com força.

Que poder era esse, Gustavo?

Que desespero era esse, Pamela?

A língua dele no meu pescoço foi o fim da linha, eu era totalmente dele e não tinha volta.

Ele me fodeu no box e depois ligamos o chuveiro, tomamos um banho que foi complementado com algumas massagens e muitas risadas. Guto era muito babaca, mas era muito legal ao mesmo tempo e eu não fazia ideia de como lidar com isso.

E parecia que ele fazia questão de fazer as coisas para serem memoráveis, como, por exemplo, fizemos isso tudo com a luz apagada.

Me sequei com a toalha que ele me ofereceu e, enquanto fui buscar a minha calcinha, me emprestou uma camisa dele, que ficava bem larga em mim e eu gostei. Gostei do cheiro de amaciante também.

Fomos para cozinha, onde eu cozinhei o meu famoso macarrão ao molho branco com bacon e ele comeu rezando, porque se tinha algo que eu sabia fazer bem era esse macarrão.

Então fui parar na cama dele, 2º round, e como ele era gostoso. Sexo com Guto era algo que eu nunca ia me arrepender na vida, eu esperava.

Acabamos adormecendo, acordei de madrugada querendo fazer xixi e aqui estava eu agora vendo o sol nascer. Uma música aleatória era trilha sonora dos meus pensamentos e eu só pensava que talvez aquela fosse a última vez, eu não podia voltar, ele não podia me dar o que eu queria e eu não sabia mais ser casual.

Uma lágrima caiu e eu me xinguei, só podia ser a TPM.

– A hora que tudo fizer sentido, você já vai ter me perdido – cantarolei quando o sol finalmente deu as caras e sequei meu rosto. – Gustavo, acorda filho da puta, você tem que me levar pra casa.

Cor de MarteOnde histórias criam vida. Descubra agora