Capítulo 23: Flores Murchas

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~Ben On~

~Alguém segura minha mão pfvr Estou morrendo de medo de postar esse capítulo~

Meu cérebro deu vários estalos. Algo como um alto apito ensurdecedor dominaram minha mente. Faltou-me o ar nos pulmões, acho que nem tive vontade de respirar. Eu estava beijando minha sobrinha. O quão isso era doentio? Em que momento eu tinha me tornado um monstro?

Onde eu me perdi de mim mesmo?

A cerca de alguns meses atrás, concluí a parte teórica da minha faculdade. Depois teria que conseguir oportunidades de estágio. Antes de tudo isso, já tinha experimentado mudanças no meu estilo de vida. Parei com as festas de fraternidade, as bebedeiras ao fim do dia, as minhas noitadas com garotas diferentes a cada noite.

Eu sosseguei. Queria paz. Queria algo que me motivasse verdadeiramente, algo real. Onde mais eu poderia encontrar isso do que em minha cidade natal? Mal pensei quando recebi uma proposta no centro de Holmes Chapel. Era a oportunidade perfeita para reencontrar minhas raízes. Voltar para onde vim e descobrir então para onde iria a partir disso.

Primeiramente iria alugar um apartamento bem próximo a empresa mas então meus irmão ofereceram a casa deles para eu ficar. Pensei nisso por um tempo. Eu nunca morei com Harry e Victoria, os dois já tinham ido para a faculdade quando nasci. Mas eles sempre foram os melhores, como já estava acostumado a dividir quarto na universidade, dividir com meu sobrinho por alguns meses não parecia algo complicado. E se desse algo errado, poderia apenas me mudar.

Deu errado. Algo muito errado ocorreu. Não me mudei imediatamente. Achei que podia consertar as coisas, eu só piorei tudo.

A minha chegada foi tranquila. Naquele momento não percebi nada. Apenas que ambos sobrinhos haviam crescido. Até aí... Nada demais. O tempo passa. Não sei em que momento minha intuição começou a me dizer algo. Algo tão impensável para mim que eu nem compreendia, achava que talvez estivesse ficando louco.

Comecei uma nova vida, o trabalho era ótimo, logo nas primeiras semanas já sabia que era isso que queria fazer para o resto dos meus dias.

Um dia desses, comum, como qualquer outro eu fui dormir mais cedo. Queria descansar porque o dia seguinte seria bem corrido. O que aconteceu naquela noite foi a coisa mais louca que já vivi. Acho que demorei a acreditar que estava acontecendo.

Leah, minha sobrinha, aquela que conhece desde quando ela nasceu, que eu acompanhei o crescimento, que eu cuidei e pretendia continuar cuidando, estava ali com seus lábios nos meus. Fiquei paralizado. Demorei demais a processar o que tinha rolado. Tentei resgatar meus tempos de adolescente, tentei normalizar aquilo e foi aí que caí em uma armadilha que eu mesmo estava armando.

Eu devia ter sido claro. Para pessoas muito jovens meias palavras não bastam. É necessário ser específico, ser totalmente franco, mesmo que o conteúdo fosse doer. Mas eu não fiz isso. Ao invés, entrei em um bizarro caminho. Juro que só não queria magoá-la. No final, eu acabei perdendo o meu próprio sentido. Eu mesmo beijei-a uma vez e outra em algum feriado na casa de campo dos meus pais. Isso é imperdoável.

Sei que cada ser humano no mundo já deve ter errado. Já deve ter se arrependido. Feito algo que não parecia ter desculpas. Mas não sei se algum sentiu-se como me sinto agora. Como um monstro. O que eu fiz? O que eu estou fazendo?

Até onde sei, eu era o adulto, eu já passava dos vinte anos, meu comportamento era de algum moleque que queria se aventurar pelo proibido. Inadmissível.

Por que eu fiz tudo aquilo? Como pude me privar das minhas responsabilidades, dos meus princípios? Toda vez que penso em minha família, meu coração dói. Sou indigno de estar nela. Pelo menos agora.

Entre VírgulasWhere stories live. Discover now