12. Vivo

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[...]

O sofrimento é provavelmente a coisa mais volátil que temos enquanto seres humanos porque vem em todas as formas, em todos os tamanhos. Existem maneiras e intensidades de sofrer que são extremamente particulares, outras nem tanto, alguém pode sofrer muito e sentir como se fosse pouco, da mesma forma que alguém pode sofrer pouco e sentir como se fosse muito.

Louis não sabe definir o seu sofrimento agora, não sabe dizer se está fazendo uma tempestade em um copo d'Água ou se realmente tem algo grande em suas mãos. A julgar pelas atitudes de Harry, é algo muito grande. Algo que ele não pode fazer sozinho; precisa de ajuda profissional.

Mas, para buscar ajuda profissional, Louis teria que admitir que tem um problema. E para admitir que tem um problema, ele teria que falar sobre. E para falar sobre, ele teria que pensar.

Ele não quer pensar.

Ele quer poder se estapear, levantar da cama e ir pegar os seus bebês no colo como um pai amoroso que ele não está sendo. Se sente imensamente culpado por não ser capaz de dar amor aos seus filhos, sabendo que eles não tem nem ao menos a presença do outro pai para compensar sua falta de afeição. Ele sabe que é injusto com Nate e Alicia, mas não é capaz de se forçar a amá-los; se ele pudesse, faria sem hesitar.

A cada olhar duro vindo de Harry, Louis sabe que terão que conversar sobre a situação como dois adultos. Harry; o mesmo homem que lhe xingava a meses atrás agora está ali, ao seu lado, dando a mamadeira de bebês que não são seus como se eles fossem. O homem de olhos verdes parece encantado com as pequenas criaturas, sempre fazendo carinho em suas mãos miudinhas e conversando com eles no colo.

O menor sabe que estaria tão encantado quanto o maior se não fosse sua estranha... posição. Ele mal consegue olhar para os bebês sem chorar, então ainda não conseguiu carregá-los. A possibilidade de ter que repetir a experiência do primeiro dia no hospital o assombra, não quer passar por aquele sofrimento de novo.

Foi como se Harry tivesse esfregado em sua cara o pai terrível que é.

- Alguém vem ver você hoje. - Harry diz, interrompendo mais um dos frequentes devaneios de Louis. - Os bebês vão ter alta hoje e você também, depois que acabar, estarei em casa com eles.

- Quem? - Louis pergunta, soando monótono como nos últimos três dias em que estão no hospital.

- Uma psicóloga. - O maior murmura, deixando Alicia de volta na incubadora.

- Não era o seu direito! - O rapaz deitado exclama, exaltado de súbito.

- É claro que é o meu direito, Louis! Você mal dorme e come como um passarinho, além de estar mais choroso do que durante toda a gravidez. Choroso e irritado. - O homem de cabelos cacheados responde à altura, se esquecendo momentaneamente dos bebês que dormem. - Escuta, você não está bem. Não é normal alguém se sentir tão triste depois de dar à luz, não mesmo. Não pense que eu não ouvi você dizer outro dia que os bebês provavelmente não eram seus.

- Eu sinto como se eles fossem estranhos e entro em pânico, me sentindo culpado. - Louis se abraça, sentindo a dor dos pontos na parte inferior de sua barriga.

- Isso se chama depressão pós-parto, é muito comum. Não é culpa sua, mesmo que eu faça parecer, às vezes, com algumas ações... é a minha preocupação. Eu disse que ia ajudar você e é por isso que chamei a Dra. July. - Harry, exausto, se permite soar menos rígido enquanto se joga na poltrona mais próxima. Tem se transformado em dois para poder cuidar de si mesmo e passar o máximo de tempo perto dos bebês, ao mesmo tempo em que se preocupa com absolutamente tudo ao seu redor. É uma situação desagradável que exige muito de sua paciência, justamente a virtude que não tem.

Say You'll Remember Me || L.S. MPreg!LouisOnde histórias criam vida. Descubra agora