13. Adversidades

6.9K 652 387
                                    

[...]

Diferentemente de Louis, Harry nunca chegou a ter coragem de ler a carta que seu irmão deixou. Se recusou a ler porque teve medo de se magoar e também não quis aceitar que seu irmão tinha partido, aquele que era seu melhor amigo, maior fã e maior herói. Talvez não reconhecesse que Edward era seu herói enquanto ele estava vivo e podia ouvir as palavras, mas agora entende que sempre viu o irmão como a sua melhor versão, algo que ele aspirava a ser.

Queria ser como seu irmão não por inveja, mas por admiração. Sabia que Edward geralmente era o gêmeo preferido, sem nunca ressentí-lo por isso porque sempre soube que se mostrava muito inacessível, muito duro. É difícil gostar de alguém se a pessoa nunca se deixa aberta, se ela nunca permite que os outros a conheçam de verdade.

E por isso ele sempre admirou o irmão.

Edward sabia como conversar com as pessoas, ele não tinha medo do que poderiam dizer ou pensar. Gostava de gostar das pessoas e não tinha receio algum em demonstrar; não se sentia ameaçado quando outros invadiam sua vida, se sentia abraçado. Ele também não tinha medo de ser abandonado ou magoado, porque todo o tempo que passava com os que eram importantes em sua vida era passado na mais completa verdade quando se tratava de sentimentos, e foi uma certeza tranquilizadora enquanto viveu.

Ele viveu uma vida plena e depois de sua morte, Harry temeu nunca poder se sentir em paz como aquele homem se sentia.

E, então, veio Louis. Louis tem em si muitas daquelas coisas que admirava em Edward e com o tempo de convivência, conseguiu enxergar o que seu irmão enxergava nele. Aquele homem baixinho era, sem dúvidas, alguém genuíno e completamente original.

Agora, enquanto está preso no trânsito a caminho de seu escritório, onde deixou sua carta, ele reflete calmamente. Fica imaginando como as coisas com Louis teriam sido se seu irmão não tivesse morrido e se recusa a pensar que nunca teria se dado bem com ele, mesmo sabendo que é uma hipótese bem plausível. A convivência os forçou juntos, a situação os prendeu nisso e fez com que passassem a enxergar um ao outro pelo que realmente são.

Antes, tinha medo do que seus sentimentos por Louis pudessem fazer com a sua cabeça. Louis podia nunca corresponder e se correspondesse, seria porque projeta seu irmão em si. Mas então, se deu conta de que o mais novo aceita as pessoas pelo que elas são e não tenta mudá-las, e por isso ele não poderia gostar dele por imaginar Edward.

Ele e Edward eram opostos em muitas coisas, muitas e muitas mesmo.

- Bom dia, Sr. Styles. - Harry dá risada ao ser cumprimentado tão formalmente por Niall no elevador, não estando acostumado com aquele ar tão estritamente profissional vindo do irlandês. Niall, por sua vez, faz careta para a atitude amigável de Harry. Parecia outro homem.

- É tão estranho ouvir você me chamar de Sr. Styles que é quase cômico. Acho que você não me chamou de Sr. Styles nem na sua entrevista de emprego. É meio errado, se formos ver. - O empresário comenta calmamente, sorrindo. Sua expressão jamais poderia entregar a confusão que sua vida está, no momento. É mais fácil agir como se não estivesse acontecendo enquanto ele ainda pode se dar ao luxo de ignorar a realidade.

- Com certeza não é tão estranho quando te ver sorrindo, como uma pessoa normal. E eu nunca ouvi esse tanto de palavras saírem da sua boca nessa velocidade antes. Tipo, não desse jeito, porque você só fala muito quando está brigando. - O loiro aproveita a brecha para conversar, porque sempre teve a língua solta. Sempre foi falante e está tentando fazer com que Harry se comunique mais desde que chegou na empresa. Se considera sortudo por não ter sido demitido até agora, considerando sua tendência a agir mais como uma amigo de Styles do que um funcionário da empresa.

Say You'll Remember Me || L.S. MPreg!LouisDonde viven las historias. Descúbrelo ahora