NOVE ::: 05 de Abril de 2009

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11h34

Uma semana havia passado desde a última reunião da OAVS.

Mike tinha a visitado no dia anterior e ficara pra dormir junto dela. De manhã, bem cedo, retornou pra casa deixando a irmã numa cafeteria onde Connor e Danielle estavam esperando Jackie pra tomar o café da manhã.

Eles tinham viajado a trabalho para uma exposição de arte e pintura, onde o primeiro quadro de sua amiga foi exposto.

A conversa que mantinham era casual. Falavam das suas rotinas, das tarefas, do trabalho mas o casal queria abordar outro assunto. Um assunto que seria difícil de abordar com Jackie.

— Bom... — Connor iniciou, olhando significativamente para a esposa, nervoso. — Como nós viajamos na manhã seguinte... na semana passada... — Não sabia bem como perguntar. Olhou novamente Dani pedindo algum tipo de ajuda.

— Eu odeio isto. Odeio rodeios, mas também odeio pressionar você. O que nós queremos saber... é como correu a reunião do OAVS na semana passada? — A ruiva perguntou por fim.

Jackie abriu um sorriso tímido e constrangido e puxou a fita do filme da reunião. Recordou com vivacidade a triste história de Beth. Lembrou das feições, expressões, olhares, da maneira como ela conseguia simplesmente fazer tudo parecer tão mais simples.

— Correu bem. — Sabia que eles queriam saber muito mais, por isso deixou a hesitação de lado e se abriu com as pessoas que mais confiava e amava. — A princípio eu quis ir embora, tive medo, mas aquela mulher... Elizabeth, ela... ela me prendeu ali. Não de uma forma negativa. — Explicou-se perante os olhares assustados dos amigos. — Mas o seu olhar, a sua voz, a sua história, principalmente a sua história, me prenderam ali. Senti vontade de saber mais e mais sobre ela, sobre o caso dela, sobre a vida dela. Sobre como ela tinha ultrapassado aquilo tudo. Mas no final... o medo voltou. O medo voltou e me puxou para uma obscura realidade. Uma realidade que eu esquecera pelo mesmo tempo em que ela começou a contar e a encantar com a sua voz. — Abriu um sorriso fechado e baixou novamente o olhar.

— Oh, Jackie, não sabes como isso nos alegra. — Dani festejou com os olhos marejados e apertou forte a mão do marido, que exibia um largo sorriso.

— Esta semana haverá mais uma reunião. Aliás, a reunião é hoje às 17h00. Mas... não quero pressionar você.Isto é, se você quiser ir e, bom... — Connor tentava passar a informação, mas sempre acabava se atrapalhando. Se sentia pisando ovos com a prima. — Sabes que amamos muito você, Jackie, e tudo o que queremos... é que você consiga superar tudo e ser feliz. — Jackie sorri de novo, mas não manifestou intenções de ir ou não nessa nova reunião.

O casal se entreolhou percebendo isso. Teria sido muito em cima da hora? Teriam pegado a jovem mulher desprevenida? Teria ela ansiado por esta nova oportunidade de se sentir livre e de poder esquecer? Teria forças para enfrentar essa nova etapa, esse novo desafio?

Questões ressurgiram intensamente na sua mente, mas Jackie se permitiu a um momento de silêncio, observando a felicidade explícita dos amigos e absorvendo um pouco dessa mesma felicidade para si. Aquele clima chegava até a contagiar de tão grande e intensa que era e os olhares apaixonados trocados, as carícias discretas... o amor pairava no ar como uma nuvem de perfume e Jackeline queria algo assim para si. Seria pedir muito? Poder voltar a confiar em alguém, parar de sentir medo, se permitir finalmente a ser novamente feliz?

— Jackie. — Connor chamou a atenção da prima e melhor amiga, sorrindo apaixonado para a esposa. — Nós temos uma notícia pra contar. — Ele desfez o sorriso e adotou uma expressão séria, mas o brilho intenso de felicidade não desapareceu dos seus olhos.

— Algo com que me deva preocupar? — A jovem interrogou prontamente, analisando o casal de forma preocupada.

— De todo! — Dani franziu o cenho, mas não conteve uma risada. — Você terá de se preocupar em acordar de noite para acalmar o choro, pra mudar as fraldas, pra dar a mamadeira...

— Não! — Jackie se surpreendeu com o que sua imaginação tirava daquelas informações e abriu um largo e surpreso sorriso. — Vocês...

— Nós estamos grávidos! — Connor afirmou de modo entusiástico e Jackie não se conteve em erguer do lugar e abraçar forte e carinhosamente os dois.

Lágrimas involuntárias de felicidade inundaram o rosto de Jackie e ela só sabia agradecer por esta dádiva. Um bebé era algo divino, algo que conseguia iluminar os corações de qualquer pessoa. Uma nova esperança. Agora ela sentia que tinha adquirido novas forças para enfrentar algo mais... talvez uma nova reunião.

Stockholm [PT/BR]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora