One last time.

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FOR OUR ANGELS.

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Lauren's Pov

Eu tenho orado, como sempre, e mais à cada dia.

Há 6 meses, minha terapeuta diz que eu devo levar meu tempo para sair do luto.
Desde a primeira consulta, uma semana após o sepultamento dos meus filhos, e meu anjo.

Eu acordo todas as manhãs, dou bom dia aos quadros pintados para eles, sobre eles e com eles.

Dou Bom dia à Camila.

Tomo meu café. Faço minha higiene, vou à escola, passo um tempo com vitimas de queimaduras - e eu amo essa parte do meu dia - e volto pra casa. Geralmente, chorando. Geralmente, cansada mentalmente, o suficiente para desejar com cada fibra do meu corpo que uma chuva desabe sobre mim com violência e me limpe.

E então eu me lembro que não adianta a chuva cair sobre mim. Eu não sou mais um anjo.
Pulei. Desisti, por ela.

E ela foi embora. Ela foi, e eu estou aqui.

E lembro de Luna e Enzo. Lembro como pediram que não os esquecesse.

Chego em casa. Tomo um copo de whisky. E outro. Como alguma coisa. Geralmente uma bobagem industrializada.

Subo. Tomo banho, outro Whisky. Dou boa noite aos quadros.
Me deito, ligo o som, e desejo não precisar passar por tudo isso de novo no dia seguinte.

Mas então, eu acordo no dia seguinte. E tudo começa de novo.

Hoje é um dia particularmente cinzento, e eu me lembro de quando estava com meus irmãos, e dias assim nasciam, sabíamos que haveria um desencarne em massa, geralmente de pessoas novas.

- Ah, Carl vai ter trabalho hoje, uh?

Me pego falando alto, sozinha, sobre o rapaz que conheci quando tive que enterrar meus pequenos amores.

- Matt? - silêncio - Por favor, eu sei que você está aí.

O som da sala liga sozinho, e começa à tocar uma música contagiante, algo sobre uma muher perigosa. É o sinal dele.

- Matt, eu preciso de notícias. Por favor, me deixe vê-lo.

Estou encarando o rádio quando sinto mãos em meus ombros.

- Você não desiste, não é, Missy?

Aquela voz... meu melhor amigo !!

- Matt! - me viro e encaro aquele rosto desenhado impecavelmente , tão lindo quanto se é possível ser - Meu anjo! - clichê, eu sei, mas agarrei-o com todas as minhas poucas forças matinais, apertando-o , sem preocupações, afinal, eu não poderia machucá-lo.

- Tecnicamente, seu anjo era a Jess, se me recordo bem.

Pensar em Jess faz meu peito doer, mas quando Matt falou, não soou tão pesado, eu lembrei dela e sorri.

- Você continua idiota, sabia?

Empurro-o pelos ombros, meus olhos estão cheios de lágrimas.

- Você continua linda , minha alma perdida ! - ele sustenta um imenso sorriso, largo, brilhante, e por alguns minutos eu apenas o encarei e senti paz.

- Sabe que não posso dar notícias tão específicas, não é, Lo?

Suspiro. Eu sei bem disso.

Ele sorri, caminha até a mesa de centro da sala, apanha um caderno e uma caneta, senta-se casualmente em meu sofá, e rabisca algo ali, enquanto comenta :

Infinity times Infinity  ∞ Where stories live. Discover now