I surrender.

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Lauren's Pov

Não sei por quanto tempo eu fiquei no chão do atelier. Poderiam ser minutos, horas ou dias, eu não me importo mais.

Foi algum mal súbito, provavelmente pelo tempo que passo sem me alimentar direito, e por causa da grande bobagem que fiz com o Moon Paradise.

- Espero que um dia possa me perdoar, Lua. - as palavras saem em sussurros doloridos. Ainda estou no chão, e desejo, agora, que não tivesse levantado.

Provavelmente, na queda , esparramei tinta pela tela, grande parte dela, vermelha. Sobre aquele pedaço da Grande Árvore. Era minha árvore da vida para Enzo , Luna e Camila. E agora, além de desfeita, está manchada de vermelho.

- Espero que um dia EU possa me perdoar.

Saio cambaleante do atelier, desço até meu quarto e abro as torneiras da banheira.

Encaro meu reflexo no espelho, eu simplesmente não consigo mais me ver. Eu não sou essa pessoa que me encara de volta.

Olheiras profundas, pálida demais ( até para meu padrão ) e cabelos desgrenhados.

- O que nossos filhos diriam se me vissem assim, Camila?

Coloco meu Iphone no dock station sobre a bancada e entro na banheira, que agora está pela metade ainda, mas vou esperar que encha debaixo da água quentinha.

Despejo alguns sais de banho que Dinah me deu, encosto a cabeça na beirada, fecho os olhos.

Conforme a água ia subindo, meu corpo ia relaxando... fui me ajeitando...

E, aparentemente, adormeci.

Pude ouvir a música que tocava no Dock, Feel This, Enation, e tantas imagens de Camila invadiram minha mente...como se fossem muitas vidas, muitas existências ao lado dela...muitos sorrisos, muitos olhares, e TANTO amor...

Finalmente escorreguei para dentro da banheira, e então acordei. Mais triste e mais exausta que nunca...aquilo...aquilo foi um sonho? Foram lembranças?

Me ergui da banheira, saindo e me enrolando numa toalha. Fui até o quarto, sentei-me na cama. Abri a gaveta da cômoda, e espiei mais uma vez o álbum que Sinu havia feito para mim.

Eram fotos de Camila, desde pequenininha, até uns dias antes da minha queda e seu desencarne. Também haviam fotos de Enzo e Luna. Era toda a minha existência em fotografias.

Suspirei e guardei as fotos, e ouvindo " Turning Page " , me enfiei no closet para vestir um moletom surrado e um short.

Uma tontura familiar me lembra que estou há, pelo menos, 24 horas sem comer nada decente.

Desço, olho em volta...parece tudo tão...diferente?

A casa está tão gelada agora, verifico a temperatura do aquecedor e percebo que ele funciona bem. Então...isso significava outra coisa.

Suspiro e entro em oração, pedindo à Deus misericórdia, em pensamento, enquanto preparo algo leve para comer.

Alguns minutos depois, eu entro na sala com dois sanduíches naturais e um copo grande de suco de laranja. Tudo fresco, como Jess gostava de fazer.

- Que saudades de você, Anjo. - lamento, e sento-me no sofá.

Mordo o lanche, e só então percebo o quão faminta eu estava. Apoio o copo e o prato com o outro lanche sobre a mesinha, e encaro meu caderno.

Infinity times Infinity  ∞ Where stories live. Discover now