One More Night - [L.S]

Forgetting You

Foi como se eu estivesse na linha de fogo e, mesmo depois que me distanciei do cara de olhos castanhos, do qual meus lábios estavam selados, ainda não conseguia desprender minha atenção dele, que fazia o mesmo do outro lado do local. Por sorte, os segundos, que pareciam estar em câmera lenta até então, acabaram quando a multidão voltou a ocupar aquele espaço completamente e nossa encruzilhada de olhares foi, felizmente, interrompida por todas aquelas cabeças dançantes.

Não pensei duas vezes em sair dali, falar que iria ao banheiro, mesmo que realmente fosse, apenas para sair daquele local e conseguir fingir que não teria o visto ali. Ainda não sabia o nome do primeiro cara que beijei naquela noite e nem precisaria. Ele insistia para que eu continuasse ali, para nos 'conhecermos melhor', ou que ele acompanhasse-me até onde eu iria, do qual, a resposta foi não.

Poderia haver uma quantidade 'mediana' de álcool no meu corpo desde que Niall e eu estávamos de plantão naquele balcão, mas todas as substâncias do meu corpo pareceram sumir quando meus olhos foram abertos no momento errado. Já estava consideravelmente sóbrio enquanto caminhava entre aquela multidão, correndo de algo que não sabia exatamente o que era, esbarrando em todos os braços e ombros no meu caminho.

Apenas consegui respirar aliviado quando vi que tinha uma parede logo ali, onde me apoiei e percebi já estava longe o bastante para que eu não conseguisse ver o balcão ou os bartenders do local. Sentia meu coração acelerado, mas sempre acabava me perdendo nas contagens por conta da música extremamente alta que confundia-me. Repeti para mim mesmo que estava tudo bem, que poderia não ser ele olhando para mim e que, mesmo se fosse, haviam poucas possibilidades de nos encontrarmos pelo número alto de pessoas ao nosso redor.

Avistei a entrada do banheiro alguns longos passos á frente, um pouco escondido, porém, a fila de pessoas a tornava visível. As luzes estavam bem mais forte naquele canto, talvez pela proximidade dos holofotes e isso bagunçava todos meus sensos e minha visão, deixando-me com o equilíbrio ainda mais precário por não ter noção de espaço. Sendo assim, continuei usando aquela enorme parede como apoio para que não saísse dos trilhos, ou caísse em cima de alguém, e segui direto para o banheiro masculino.

-Você está fugindo de mim? -Ouvi em alto e bom som uma voz que tentava competir com a música e senti uma mão vindo por trás, pegando em meu ombro. Fingi que nada estava acontecendo e que não era comigo, ainda tinha esperança que alguém pudesse ter me confundido com outra pessoa, qualquer coisa para não acreditar naquilo. Minha garganta se secava mais e mais a cada segundo, meus passos continuaram até que ele, definitivamente, entrasse em minha frente. -O que você está fazendo aqui?

-Só você pode sair á noite? -Disse, instantaneamente, e o encarei assim percebi que estava a poucos centímetros de mim. Ele estava realmente bonito e me disse algumas coisas irrelevantes, que ele estava ali porque foi convidado para ser um dos rostos que promoveriam o novo local, mas não estava em um bom dia. Ao mesmo tempo em que ele falava, não conseguia prestar atenção na maior parte das palavras que saiam de sua rosada boca, mas percebi um copo cheio sendo segurado por sua mão direita e sendo apertado por seus dedos. -Me dá um pouco disso!

-Por que você está bebendo tanto? -Certamente foi uma pergunta retórica, pois não acreditaria que ele estaria perguntando isso no meio de uma festa, logo ele; porém, fiz questão de responder depois respirar fundo de virar o copo. Não aceitaria que ele estivesse bancando o papel de responsável no meu lugar, preocupado com o trabalho que eu precisaria estar daqui a algumas horas, quando ele mesmo nunca fazia isso. Esse papel não cabia a ele.

-Porque eu estou tentando te esquecer, Harry.

Estávamos, literalmente, gritando um com o outro para conseguirmos ouvir nossas vozes. No entanto, bastou eu gritar que queria esquecer o fato de que ele estava na minha cabeça por dias, que toda a música parou durante a transição de uma para outra. Não havia possibilidade de mentir ou dizer que ele poderia ter escutado errado quando eu me arrependesse de ter falado a verdade, já que toda festa também escutou. O álcool começou a tomar conta de mim de uma vez só.