Dear Him

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Finalmente eu estava em Londres e completamente louco para descansar, principalmente por saber que o trabalho não para e que eu ainda precisava aproveitar minhas últimas horas de folga do melhor jeito possível: Dormindo, mas não era um sono comum. Tomar um banho longo, colocar uma roupa confortável, não comer muito e tomar uma boa xícara de um autêntico chá, era tudo o que precisava ser feito antes de mais de oito horas de sono.

Com a caixa de mensagem e de e-mails vazias desde que viajei, apenas avisei para minha mãe que tinha chegado perfeitamente bem e desejei boa noite antes de desligar completamente o telefone até o dia seguinte. Enquanto eu lava as poucas louças que sobraram do jantar e colocava a água do chá para aquecer, fui até a sala, liguei a televisão, na esperança de que algo bom estivesse passando, e acabei encontrando um ótimo canal de músicas, do qual deixei tocar até depois de estar tudo pronto. Aliás, precisava gastar a energia que ainda tinha e treinar meus novos passos de dança.

Já era por volta das dez da noite e o interfone tinha tocado, no mínimo, duas vezes e por motivos do qual eu não fazia a mínima ideia. Seja o que for para resolver do apartamento, isso pode esperar até amanhã... Era o que eu fixei na minha cabeça até o momento em que ouvi alguém bater em minha porta.

Desliguei a televisão para ter certeza que estava ouvindo certo e, mesmo assim, as batidas continuaram. Não eram batidas rápidas, desesperadas, ou seja, não havia ninguém morrendo e precisando da minha ajuda do lado de lá. Porém, provavelmente, poderia ser o mesmo porteiro que tentou falar comigo minutos atrás. Essa conclusão fez com que eu hesitasse para abrir a porta, até porque não havia nada pendente ou relativamente urgente para mim, mas, por conta da insistência, respirei fundo e fui ver o que ele queria.

-A música estava muito alta? Porque eu acho que é o único motivo... -Falei destrancando a porta, alto o suficiente para que o porteiro escutasse do outro lado, e abrindo-a.

-Você estava esperando alguém?

-N-Não... -Falei olhando Harry de baixo a cima e tentando entender o motivo dele estar ali e como ele conseguiu subir. Ele estava vestindo uma calça preta, rasgada nos joelhos, uma bota marrom desgastada, um casaco amarelo com umas listras pretas nas extremidades e uma mala de mão preta, relativamente grande.

Não sabia o porquê, mas sentia que algo não estava bem por ali. Ele continuava segurando aquela bolsa e estático em minha frente, porém, começou a se desculpar por estar ali sem avisar, naquela hora da noite, e a contar que o porteiro acabou deixando-o subir porque ele já tinha nos visto juntos antes. Tive certeza que tinha acontecido algo quando Harry disse que só estava aqui porque eu era a única pessoa em que ele confiava e seus olhos começaram a perder o controle a se encherem de lágrimas.

-Não... -Ele respondeu imediatamente quando o perguntei se ele estava bem. Largando sua bolsa no chão, Harry correu dois passos à frente e se jogou em meus braços, começando assim a chorar ainda mais.

Harry e eu ficamos, mais ou menos, três minutos abraçados na porta do meu apartamento, por motivos que eu não sabia quais, mas minha única reação foi abraçá-lo de volta e não questioná-lo sobre isso até que ele mesmo se sentisse apto a contar, mesmo que minha cabeça tentava, contra a minha vontade, entender aquela situação. Em um momento, lá estava eu dançando na minha sala e agora, Harry apareceu, dizendo que confia em mim e começou a despedaçar em meus braços. Será que eu perdi alguma coisa?

Ainda sem qualquer reação, o chamei para entrar e me ofereci para levar sua bolsa quando entendi que ele mal conseguia se fazer caminhar até o sofá, local onde, felizmente, conseguiu chegar e sentou-se em silêncio, limpando seu rosto molhado e já, completamente, avermelhado. Seus olhos estavam inchados, ele não havia dormido e, provavelmente, chorou bastante nas últimas horas, mas não quis comentar sobre isso, apenas ofereci-lhe uma xícara, ou talvez uma garrafa inteira, de chá. Harry assentiu, embora sua cabeça nunca estivesse tão baixa, e eu me redirecionei para a cozinha.

One More Night - [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora