A Date

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Aquelas gotas mornas, um pouco mais quente que o usual, desciam sobre minhas costas e não havia sensação melhor para aquele momento. O cansaço parecia escorregar para baixo junto com a água, descendo pelo ralo, onde ficaria até o dia seguinte e reapareceria misteriosamente em meu corpo na noite. Eu poderia continuar naquele banho até algumas horas depois de terminar de me ensaboar ou lavar meu cabelo, mas a água não era infinita, e nunca seria.

O vapor quente ainda permanecia no ar quando desliguei o chuveiro e as mesmas pequenas e últimas gotas caiam, pedindo para que eu voltasse para baixo do mesmo, coisa que realmente me petencia fazer, porém, resisti. Enrolei-me na toalha e fui para frente do espelho. Depois de passar meus dedos sobre aquela superfície embaçada que mal dava para refletir nada, comecei a escovar meus dentes para, aí sim, ir direto para cama.

Estava psicologicamente pronto para aquelas merecidas horas de sono desde que acordei, mais cansado que nunca, e todo aquele dia de trabalho apenas reforçou aquilo. No entanto, não estava preparado para o vento sereno que me aguardava do lado de fora da porta.

Escolhi por não deixar que nenhum pensamento sobre as coisas ruins daquele longo dia pudesse estragar o fim de noite que me restava, embora eu ainda não entendesse o porquê Harry tinha tantos pensamentos do século passado, mas isso não era problema meu.

Quando terminei tudo aquilo, abri a porta, me encolhendo, e corri imediatamente em direção ao quarto, gelado, pois eu tinha esquecido de fechar a janela mesmo com aquele clima. Boa, Louis!

Vesti uma calça, uma blusa cumprida e moletom, isso me ajudaria a recuperar o calor perdido, junto com um par de meias que substituíam o par de sandálias. Checando meus últimos e-mails, redirecionei-me para a cozinha para beber o último copo de água antes de ir oficialmente para cama e ouvi o interfone tocar subitamente.

-Boa noite?! -Respondi surpreso e desconfiado ao senhor do outro lado da linha que havia me cumprimentado do mesmo jeito. Por que ele estava ligando para o meu apartamento essa hora? Repensei todas as coisas e todos meus passos desde que tinha chegado em casa, mas nada justificava. Nenhum barulho, pagamento em dia e nenhuma visita.

Segundo ele, havia um pacote em meu nome que teria chegado há poucos minutos. O mesmo senhor da portaria se desculpou pelo horário e perguntou se poderia deixá-la em meu apartamento, antes que seu turno terminasse, pois não sabia o quão importante aquilo poderia ser para adiar para outro dia. Concordei com a atitude e com o recebimento, embora não tivesse a mínima ideia do que aquilo significava ou da onde tivesse vindo.

A chamada logo se acabou, porém, meus bocejos estavam apenas começando e meus olhos queriam fechar-se assim que me encostei em um das paredes da sala para esperar a tão cobiçada encomenda que estava a caminho. Felizmente, fui despertado com o som da campainha antes mesmo de cair ainda mais no sono.

Agradeci ao porteiro quando já estava com aquela caixa média, alongada e leve, em minhas mãos. Ambos não tínhamos ideia do que poderia ser e arrisquei-me por perguntar se ele havia visto quem teria entregado, mas ele respondeu que parecia apenas ser um entregador comum, nada em particular.

A primeira coisa que fiz, ao entrar em casa novamente, foi abrir a caixa, que não tinha muito truque. Era apenas tirar uma fita fina, com um laço dourado no topo, e levantar uma parte, como uma tampa; e logo poderia ter acesso ao conteúdo.

Obviamente, fui com sede, curiosidade ao pote e pela primeira vez, realmente, não tinha nenhum palpite sobre quem teria mandado aquilo.

Com caules médios, obviamente cortados, vi algumas, cerca de dez, rosas vermelhas dentro da caixa. Antes que pudesse me perguntar por mais alguns minutos o que era aquilo ou ter a certeza que enviaram para o apartamento errado, meu celular começou a vibrar ao receber uma nova mensagem.

One More Night - [L.S]Where stories live. Discover now