Finally Home

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Assim que acordei, recebi uma mensagem do diretor do hospital, cujo apenas reconheci porque ele mesmo se identificou, já que nunca tinha visto ele antes, e passei toda a manhã arrumando minha mala e ajeitando todos os detalhes para pegar o trêm de volta para casa. Ainda tinha coisas para se fazer, mas acabei deixando para terminá-las quando chegasse.

Conferi pela última vez se estava levando tudo e tirei mais algumas coisas da bagagem pela última vez. Precisava me conter e lembrar que era apenas um dia, e não um mês, que eu passaria longe de casa. Por sorte, o metrô acabou chegando junto comigo na estação, porém, não adiantou muita coisa chegar cedo, pois havia um quantidade enorme de pessoas à espera e o trêm atrasou.

Não sei ao certo o porquê, mas não consegui tirar os olhos da tela do celular ou dormir, enquanto tinha a oportunidade, durante toda a viagem. Harry também não tinha falado nada desde a última vez que nos falamos, antes do seu embarque, nem mesmo para avisar que chegou bem, e as mensagens que eu havia mandado ainda não tinham chegado para ele. Essa é a hora que eu me convenço que não faz a mínima diferença e volto ao normal.

Percebi o quanto eu estava distraído quando me peguei olhando para uma senhora, sem querer, quando estava, na verdade, perdido nos meus pensamentos e ocupado esquecendo que existe um mundo lá fora. Ainda tinha perguntas que eu não conseguia responder para mim mesmo e não era como se eu questionasse-me sempre para achar algo coerente para explicá-las, mas tudo vinha à tona sem que eu percebesse.

Minha cidade natal estava transbordando de memórias minhas para todos os cantos, sejam boas ou ruins, e talvez eu estivesse pronto para lidar com elas, mesmo que elas fossem o meu primeiro beijo ou o lugar onde eu tive minha primeira decepção com alguém que amava, não exatamente romanticamente.

Não avisei a ninguém a hora exata que eu chegaria justamente para que ninguém se preparasse ou se deslocassem para irem me buscar. Não é nada fácil sair com tantas crianças ou adolescentes assim. Eles são incontroláveis. Embora meu plano não tenha dado certo, pois saber que eu estava indo já era o bastante para que eles ficassem esperando-me chegar do lado de dentro da casa e fazerem uma enorme bagunça quando me vissem.

Minha mãe estava com um sorriso radiante no rosto e eu tinha certeza que não era penas por usar aquele vestido novo. Sabia que era novo porque ainda não tinha nenhuma mancha de comida, obra de arte dos gêmeos. Sinceramente, não sabia como ela conseguia lidar com tudo aquilo, todos aqueles filhos, responsabilidades, contas, e ainda tentar ter uma vida normal. Não poderia me sentir menos diminuído por estar enlouquecendo sem ter, aparentemente, problema algum.

Obviamente, quando sentamos todos no sofá e alguns no chão, fui bombardeado de perguntas sobre como era o centro de Londres, como estava indo o trabalho, como eram as pessoas de lá e se as coisas eram tão caras quanto o que todos dizem. Respondi a todas, sem deixar de reparar o brilho nos olhos da Lottie e da Felicite de imaginarem que existe um mundo longe daquela pequena cidade.

Uma das razões pelo qual eu corro atrás de tudo o que eu posso para mim, é para conseguir dar o máximo possível para elas quando crescerem. Eu também não sabia o que era perceber tudo isso até pouco tempo.

As perguntas de minha mãe eram, simplesmente, as mais específicas e ela queria saber se eu estava me hidratando, me alimentando bem e conseguindo pagar as despesas. É claro que todas as respostas foram sim para encerrarmos logo aquele assunto.

-Okay, agora eu preciso subir para o meu quarto, deixar minhas coisas e trocar de roupa. Pode ser? -Falei tirando Ernest do meu colo enquanto levantava e o colocava novamente no lugar onde eu estava.

-Só tem um probleminha... -Jay disse após todos ficarem em silêncio com minha pergunta e olharem uns pra os outros. -Fizzy e Lottie estão no seu quarto agora.

One More Night - [L.S]Where stories live. Discover now