22| Aubrey

2.8K 198 2
                                    


A garota rica, filhinha de papai, a menina dos olhos da mamãe. Quando tinha dezoito anos resolvi sair de casa. Minha relação com meus pais já era insuportável, desde que meu irmão morreu. Cole, eu e mais dois amigos sofremos um acidente de carro quando íamos para Said Point no aniversário dele. Claro que minha mãe, Daffine, pôs a culpa em mim, afinal eu quem dirigia. Um caminhão em alta velocidade cruzou nosso caminho e nos jogou para cima de uma árvore no acostamento e eu fui a culpada de tudo, como sempre. 

“Será que você nunca vai me dar um orgulho, Aubrey?” Ela gritou. Era sempre assim. Meu pai é um doutor muito conhecido em Santa Mônica, muitos amigos, muitas festas em casa. No dia em que inaugurou seu primeiro hospital oficial ele deu uma festa de comemoração. Convidou todos os seus sócios e todas as suas esposas.

Minha mãe me obrigou a vestir esses vestidos de gala, me encher de joias e disse: “A beleza é o ponto alto de uma mulher.” Ela sempre dizia isso, mas eu nunca dei ouvidos, futilidade pura, é o que ela tem.

Ao chegar a Vancouver, eu aluguei um apartamento, não era tão simples, mas não tinha tanto luxo quanto a casa dos meus pais em Santa Mônica. Minha rotina era assim, festas, faculdade, festas, festas e mais festas. Eu não vou mentir, já fiquei com muitos caras aqui, mas isso até conhecer Brennan Edward.

Brennan e eu começamos a namorar em Julho, era lindo. Ele tinha muitas tatuagens, morava numa fraternidade e eu ia lá todos os dias. Ficamos muito próximos, tanto que resolvemos morar juntos. Brennan arrumou suas coisas e foi para o meu apartamento. Tudo estava um mar de rosas, o namoro ia de bom a ótimo, até que tudo começou a acontecer.

“Aubrey!” O ouvi gritar. Já passava da meia noite, eu já tinha me deitado, e Brennan tinha saído. Levantei-me e sentei-me na cama, ele entrou no quarto cambaleando e pegou meu rosto em suas mãos grandes e me levantou, dando um beijo forte em meus lábios.

“Ei, espera, Bey! Você bebeu?”

“Um pouquinho.” Muito, ele tinha bebido muito. Desvencilho-me dele e deito na cama novamente.

“Vou dormir, quando sua bebedeira passar você me chama.” Digo e viro-me para o lado.

“Ah, não. Gata vem aqui, vem!” Ele me vira e se deita sobre mim, beijando todo o meu pescoço.

“Não quero, Brennan. Sai.”

“Você não tem força o suficiente para sair daqui...” ele sorri malicioso. O que está acontecendo?

“Você vai me forçar?”

“Vou.” Dou um tapa em seu rosto, fico paralisada, mas não com meu ato e sim com o dele. Ele me bateu também. Sinto meu rosto arder e me viro lentamente.

“Você bateu em mim?” Sussurro contra sua boca, já que ele está muito perto agora.

“Você também bateu em mim, certo?” Brennan ri. Uma lágrima escorre por minha bochecha e ele a pega. “Não comece a chorar agora, meu bem, vadias não choram. Elas só ficam paradinhas enquanto nós fazemos o que quisermos com elas.”

“Brennan, vamos dormir, por favor.”

“Vamos querida. Cansei desta baboseira.” Ele se vira e deita na cama de sapatos e tudo. Dou graças a Deus.

                                 (...)

Conheci Jace alguns meses depois. Ficamos muito próximos, bom, até o dia em que ele veio em meu apartamento fazer um seminário e Brennan chegou e me viu sentada na sala com Jace. Seus olhos vermelhos mostravam que a quantidade de bebida que ele ingeriu não foi pouca. O sorriso em seu rosto magro se foi em um par de segundos, e suas botas fizeram tamanho barulho no chão que eu e Jace viramos para olhá-lo.

LET ME FIX US Onde as histórias ganham vida. Descobre agora