35| Reajuste

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CLARY

"Vamos, filha, só mais uma colher. A mamãe precisa ir para a faculdade." Rose insiste em fazer negativo com a cabeça e fazer "vrum vruuum" com a boca enquanto come. Ela sorri com seus poucos dentes e acabo sorrindo também.

"Ah, mas que bagunça, dona Roselie!" Minha mãe entra na cozinha fingindo estar brava. "Vai ter que limpar a cozinha da vovó."

"Diculpa, vovó!" Ela grita tentando atrair a atenção da minha mãe, que se vira sorrindo, aproximando-se para dar-lhe um beijo na bochecha.

Já era tarde, eu precisava dar banho em Rose, ir para a faculdade. Cuidar de um bebê de dois anos não era tão simples. Quando Jace estava por perto, a vida estava bem mais fácil. As vezes penso se estou apenas dificultando as coisas estando longe dele e longe da nossa casa.

As palavras de Jace ainda ecoam em minha cabeça, mas o amor que sinto traz uma queimação no estômago muito maior. Ponho um último pedaço de pão na boca e levanto pegando minha bolsa também.

- Mãe, tô indo, não posso perder mais aulas. - beijo sua bochecha e volto para deixar um beijo na testa de Roselie. - Eu te amo, meu amor. A mamãe já volta pra você.

O sorriso largo de Rose se foi no instante em que ela me viu saindo pela porta da cozinha.

No caminho, minha cabeça decide me trair, me levando aos momentos mais lindos e sinceros vividos ao lado de Jace. Jace, ele não me manda mensagens, e claro, eu não mandei para ele também.

Estaciono o carro velho da minha mãe e saio. 

"Não é possível, esqueci minhas chaves... " penso comigo mesma

"Bom dia, Carly." Olho para Aubrey assim que ouço sua voz chata.

"É Clary, e não Carly."  digo séria. Continuo caminhando esperando que ela vá embora, o que não acontece.

"Bom, que seja. Queria saber se você sabe do Jace, já que ele agora está dando uma de marido bondoso." ela debocha.

"Eu não sei onde ele está. Era só isso? Preciso assistir à aula." sigo caminhando pelos corredores e ela persiste me seguindo. Arg!

"Vocês não moram juntos? Como não sabe dele?"

"Nós não moramos mais juntos" Sussurro

"Como é?" ELA ESTÁ FAZENDO DE PROPÓSITO!

"Nós-Não-Moramos-Mais-Juntos. Eu e Jace não estamos mais juntos, satisfeita?" paramos e eu a encaro. Aubrey começa a gargalhar.

"Se eu estou satisfeita?" ri mais "Estou e-s-t-u-p-e-f-a-t-a!

"Pois então pegue isso e enfie..."

"Clary, tudo bem por aqui? Achei que você não vinha." Paige diz.

Obrigada Deus.

"Sim. Acho." Respondo ansiosa para que isso acabe logo. Arg!

"Então, vamos? O professor Calisto está na sala." Balanço a cabeça quando Paige diz.

"Sim, vamos." Viro-me seguindo minha amiga, sem me despedir de Aubrey.

Sento-me perto de Paige e Caio, um amigo dela. Paige tem ficado muito próxima dele, até demais.

...

"Então é isto, pessoal. A apresentação do seminário fica para daqui a duas semanas. Dêem o seu melhor." Ele diz sorrindo largo. É um professor simpático. Caminho em direção à saída da faculdade ao lado de Paige.

"O que Aubrey queria com você?"

"Me perturbar, claro. Queria saber se eu e...Jace ainda estamos juntos." Reviro os olhos.

"E o que você respondeu?" Me olha curiosa enquanto caminhamos.

"Respondi a verdade, que não."

"O quê? Claru você não podia ter feito isso!"

"Por que? Disse o que tinha que dizer." Abro a porta do carro quando chegamos e ela entra comigo.

"Agora aquela vaca vai ficar com o caminho livre para dar o bote!"

"Se ela conseguir, teremos a prova de que o que eu fiz estava certo." Paige reflete sobre o que eu disse, e seu silêncio me disse que concordava.

(...)

"Ma-mãe, vai filha, repete." Seguro Rose pelas mãozinhas e tento ensiná-la.

"Repete!" Ela grita orgulhosa, e eu rio.

"Não, meu amor, diz: mamãe."

"Ma!"

"Tá bem, tá bem. Isso tá bom." Resolvo deixar pra lá. Rose a cada dia se torna uma criança esperta, desde que Jace veio aqui pela última vez, ela não diz mais "papai". Parece até que não quer me ver sofrer, o que em partes me machuca, ao saber que ela sente quando não estou bem.

"Filha, telefone pra você." Minha mãe aparece com um pano nos ombros e o telefone na mão.

"Pra mim?" Ela responde assentindo.

"Alô?"

"Clary, aqui é a Angie, tudo bem, querida?"

"Angie, faz tempo que não nos falamos. Comigo e Rose tudo bem, e você?" Ouço-a suspirar.

"Bom, querida, nada bem. Jace está aqui em casa, ele está muito mal, Clary. Bebendo, não sai da cama, repetindo ofensas a si mesmo. Estou muito preocupada. Não sei o que aconteceu com vocês, mas acho que se ele foi o culpado, está arrependido. Me ajude, querida, não sei mais o que fazer."

As palavras de Angie me doem, me doem muito. Saber que Jace se sente mal me faz sentir impotente. Apesar de que eu também estou profundamente machucada com a sua desconfiança.

"Angie, eu... eu, realmente, não sei o que fazer."

"Oh, querida, por favor, me ajude." Ouço-a fungar. Ah não. Penso um pouco e decido algo.

"Tudo bem, vou ajudar. Eu sei de algo que pode deixá-lo melhor, espero que sim."

"Ah, obrigada, Clary. Você vira até aqui?"

"Sim, eu irei. Daqui a duas horas, pode ser?

"Sim! Claro!"

"Ótimo, boa tarde, Angie."

"Até logo, querida." Desligo.

Eu não quero falar com Jace, mas sei de alguém que não se importaria nem um pouco de fazer isso por mim.

LET ME FIX US Onde as histórias ganham vida. Descobre agora