CAPÍTULO 04 - O Hospital

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A tarde parecia típica, não prenunciava nada de importante, May havia passado uma hora antes no Villages Hotel, telefonado para Hugo momentos antes de se dirigir ao pequeno bar no térreo.

Hugo chegara pontualmente, como combinado.

— Olá senhorita May — cumprimenta o homem bronzeado que atraía sua atenção de uma forma que nem ela mesma poderia conseguir explicar se lhe fosse questionada.

— Olá Hugo, preciso que me leve ao hospital do Porto das Pedras — ordena, ajeitando-se no assento ao lado do motorista — Hugo apenas acena com um leve meneio de cabeça positivamente, arrancando com o veículo lentamente até à saída do pátio do hotel.

Hugo conduziu o velho carro pelas ruas esburacadas, nenhum dos dois dizia nada. May mergulhada em seus próprios pensamentos, o vento que adentrava o veículo causava um ligeiro despenteio em seus cabelos, o que não parecia lhe incomodar.

— Gostaria que lhe esperasse?

— Acredito não ser necessário Hugo. — Pondera, demonstrando não muita certeza, mas em seu íntimo sabia que uma longa conversa estava a caminho com a mãe. — Vá, eu lhe ligo assim que sair. — Hugo afasta-se em silêncio, May demonstrava preocupação e isso ele era capaz de sentir.

Ao adentrar o Hospital, seguindo em direção à recepção, parede em tinta óleo descascada demonstravam o aparente descuido e descaso com a saúde da população. O recepcionista solicita algumas informações, May aparenta certa distração, sente que até o ar parece pesado misturado ao cheiro comum aos ambientes hospitalares.

— Segundo andar, Débora.

— Obrigada.

Durante o trajeto pelos corredores sentia as batidas do seu coração acelerando, como até mesmo se as pudesse escutá-las dentro de seu ouvido, as mãos geladas. Como estaria Lenna? Há muito não via sua mãe, tanto tempo longe do país, as ligações frequentes no início, deram espaço a dias, este em semanas, transformaram-se em meses, até que deixaram de existir.

Poderia ser a última vez que veria Lenna, aproxima-se, confirma a numeração e empurra lentamente a porta.

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