CAPÍTULO 09 - BRINDE AO PRAZER

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             No Villages Hotel Débora está relaxada, imersa nas águas que borbulham sobre seu corpo na hidro, repensa em todos os momentos anteriores. A despedida da mãe, aquela a quem sempre amara, mesmo com um oceano de distâncias as separando. Lenna era o único elo a que ainda ligava no Brasil e por ela faria justiça com suas próprias mãos.

          Algumas horas antes encontrara-se com o gerente bancário e de posse dos documentos deixados pela mãe, teve acesso aos valores da venda da propriedade em que a mãe nascera e que fora lhe deixado de herança pelos avós e economias conquistadas no exterior à duras penas. Débora sabia apenas o que lhe contava sua mãe, não conhecia seus parentes, nem primos e nem tios, nem nada, assim como sua genitora aprendeu a ser independente, a lutar pelos seus sonhos os transformando em objetivos palpáveis, de olhos fechados, sentindo o frescor das gotas de sândalo pingados a imersão do banho é transportada para sua infância. As vozes invadem suas lembranças e sente-se novamente dentro do corpo da garotinha à beira-mar sob os olhos atentos de Lenna.

— O que está fazendo Debby?

— Um castelo para você mamãe.

— Minha pequena princesinha...

          Desperta com o barulho da porta eletrônica que é acionada pelo garçom que atendendo seu pedido prepara sob à mesa uma pequena recepção com vinho, frutas frescas e, claro, Absinto, após a organização Débora escuta o tinido da porta se fechando e dirige-se a sala do Apart Hotel, servida de sua bebida preferida em uma das duas taças de cristal retorna para a Hidro, perdendo-se no sabor suavemente amargo da bebida e entorpecida em suas próprias dores.

***

           Às vinte e uma horas, pontualmente, Hugo chega à recepção do Villages Hotel, trajando uma calça jeans clara skiny e que lhe caíra perfeitamente, tal como sua camisa amarela que delineava de forma exata sua musculatura, nas mãos uma rosa vermelha desabrochada e os olhos apreensivos do primeiro encontro, havia crescido em Porto das Pedras e era conhecido por todos pela beleza e o bom coração, residia próximo ao Villages e com a crise instaurada no país nos últimos anos e o crescente movimento turístico na região buscou como Taxista uma alternativa de sustento.

          Formado pela Universidade de Alagoas em Administração, viu-se obrigado a adiar o desejo de viver em São Paulo, afim de atender os pedidos do pai em que gerisse a pequena loja de tecidos da família, permaneceu em Porto das Pedras, mesmo após a morte do pai e o evidente endividamento e fracasso nos negócios.

           Estava ali, no grande saguão do Hotel, sentindo-se uma criança tímida, logo ele que não possuía nenhum embaraço em suas conquistas. Débora para Hugo era diferente, sentia-se seduzido e comprovara que era correspondido após o beijo envolvido no calor das dunas, horas mais cedo. Ela fazia seu corpo todo arder em chamas e ele queria de qualquer forma a possuir e ali estava, frente à porta de Débora, prestes a saciar sua sede, seu instinto de homem.

          Ajeitou mais uma vez a camisa, certificou-se do hálito e apertou a campainha, após breves instantes, e que foram suficientes para fazerem suas mãos suarem, a porta se abriu e ali estava ela, Débora, e como estava linda, ponderou por alguns instantes e a voz vacilou.

— Oi Débora. Diz num entremeio a um sorriso breve e sincero.

— Olá Hugo. — Devolveu, enquanto sentia os olhos daquele homem transpor seu vestido azul que delineava seus seios em um decote discreto. Estava acostumada a ser de muitos, mas naquele momento, também para ela, sentia-se de alguma forma entre o desejo e o constrangimento. Hugo conseguia desestabiliza-la, provocar em seu íntimo vontades que nem imaginava que existiam e era exatamente disso que tinha medo — entre, Hugo, vamos! — Continuou em seu largo sorriso.

BlackoutWhere stories live. Discover now