Tragédia

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Eu olho para meu irmão um segundo antes do mundo girar por três vezes. O que está acontecendo? Pergunto-me enquanto tento ver meus pais no banco da frente.

O carro para de ponta cabeça e eu tiro o cinto de segurança, sendo puxada pela gravidade. A queda me faz gemer. Devo ter me machucado em algum momento.

Meu irmão. É o primeiro pensamento que tenho antes de virar-me em sua direção. Ele está preso na cadeirinha e isso me dá certo alívio. Ele está bem.

 — Ji-woo — chamo seu nome e tento tirá-lo do banco. Só então percebo o óbvio.

Ji-woo não está chorando, o vidro ao seu lado está quebrado e ele é um bebê. Ele não sobreviveria a um acidente como esse.

Sinto as lágrimas escorrerem e tento sair do carro. Minha janela também está com o vidro quebrado, seria melhor tentar sair por ela. 

Eu me arrasto para fora do carro e vejo que meus pais estão imóveis.

 — Appa! Omma! — começo a gritar desesperada e vou até eles.

Termino de quebrar o vidro da janela do meu pai e puxo seu corpo inerte.

 — Appa!! Acorde appa!! Por favor!! — grito mas ele já não ouve.

Choro desesperada sem conseguir acreditar no que está acontecendo. Olho para minha mãe e ela também está...

 — Nãããoooo!! Por favor não me deixem!!! —  grito de novo e me afasto do carro apenas o suficiente para virar-me de costas.

Fico ajoelhada chorando e sinto meu peito afundar. Não consigo pensar em nada, apenas choro silenciosamente no meio da madrugada

Depois de um tempo percebo que o céu começa a clarear e o sol aparece no horizonte logo à minha frente.

O dia começou como qualquer outro, mas esse não era um dia comum. Eu estava perdida e a minha família estava morta. Como o dia poderia começar como qualquer outro?

Não tenho coragem de olhar para trás, as lágrimas haviam cessado há algum tempo, mas eu não tive forças para me mover, talvez eu nunca mais saísse daqui. E por que sairia? Minha família está aqui e eu não tenho mais ninguém... Eu não tenho para onde ir...

Sinto a cabeça pesada, meu corpo todo dolorido. Tento levantar e uma dor aguda na barriga me atinge, fazendo com que caia de joelhos novamente.

Passo a mão no local e noto que há um caco de vidro preso em minha pele. Fecho os olhos sem coragem de olhar. Como eu não percebi isso quando saí do carro? Por que era só isso que havia acontecido comigo quando todos estavam mortos?

Respiro fundo enquanto mais lágrimas se formam e decido puxar o objeto, mas quando tento mover o outro braço sinto uma dor bem pior que a primeira e não consigo mexê-lo.

Agora pareço tomar consciência dos meus ferimentos e todos doem intensamente, fazendo parecer que meu corpo está em brasas e eu choro novamente. 

A dor é insuportável e eu não consigo me mexer. Como eu sairia daqui? E se conseguisse, para onde iria? Minha família mais próxima agora era apenas um primo que não vejo há cinco anos e que talvez nem esteja mais no país.

Minha cabeça gira e o mundo escurece.

・*:.。. .。.:*・゜゚・*☆

Seokjin 

Saio de casa correndo para não me atrasar. Ligo o carro e dirijo para meu restaurante. Hoje seria um dia cheio por ser fim de semana.

My Fake Brother - Kim Seokjin Where stories live. Discover now