Você é a mesma

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— Jin... Por que me trouxe aqui?

— Vamos descer. — fala tirando o cinto e saindo do carro.

Eu fico estática, não consigo nem mesmo raciocinar direito até que Jin abre minha porta e tira meu cinto de segurança.

— Vem. — fala estendendo-me a mão.

— Eu... Eu não posso. — sussurro.

— S/N, olha pra mim. — sua voz firme faz com que eu o obedeça encontrando seu olhar penetrante — Você precisa fazer isso.

— Não... Eu não consigo. — um turbilhão de sentimentos me invade e acabo ficando sem ar enquanto meu peito parece que vai explodir — Vamos embora Jin... Por favor.

— S/N... Você precisa fazer isso, só assim vai saber que mesmo com tantas mudanças você ainda é a mesma. Por favor, vem comigo. — Jin pede com os olhos marejados.

Fico olhando-o por alguns segundos até finalmente sair do carro segurando em sua mão.

Ele fecha a porta e caminhamos de mãos dadas até o portão de ferro do lugar. Jin o empurra lentamente, gerando um ruído melancólico e irritante.

Sem soltar minha mão, Jin me leva pela trilha de pedra que atravessa o labirinto de lápides do cemitério. Sinto meu corpo travar cada vez mais a cada passo até que finalmente Jin para e fica de frente para mim.

— Pequena, sua família está aqui na frente, um ao lado do outro. Eu não posso ir com você mais do que isso, é algo que quero que você faça sozinha... É algo que você precisa fazer sozinha. — suas palavras são calmas, acompanhadas pelo seu olhar ainda de choro.

— Jin... — digo seu nome já chorando — Eu...

— Vai. — fala e me solta refazendo o caminho para o portão.

Assim que Jin sai da minha frente eu sinto-me desfalecer, minhas pernas parecem incapazes de sustentar meu peso e eu caio de joelhos no chão.

As lágrimas silenciosas se transformam em soluços altos em poucos segundos, minha cabeça dói, meu peito aperta até que eu sinta que todo o ar ao meu redor foi retirado e lembranças do acidente atingem minha mente tão rápido que sinto minha cabeça girar.

— Ommaaaa, appaaaaa. — grito enquanto a visão de meus pais mortos se torna tão vivida que parece palpável — Por quê? Por que me deixaram?

Engasgo com o choro sem conseguir conter meu desespero. Por favor, voltem... Eu não quero ficar sem vocês por nem mais um segundo... Eu não consigo viver sem vocês...

*•...•*•...•*•... Flashback ...•*•...•*•...•*

— Oi meu amor. Como foi a escola? — meu pai pergunta assim que sento na mesa para almoçar depois de guardar meu material.

— Foi... Bem. — falo sem encarar meus pais.

— Filha, o que aconteceu? — minha mãe pergunta com um ar preocupado.

Ergo os olhos para encarar meus pais e noto a preocupação em seus rostos. Eu devia ter contado antes... Pelo menos para minha mãe.

— Mãe, pai... Vocês lembram do Taehyung? Aquele que veio em casa fazer o trabalho de inglês comigo? — pergunto meio sem jeito.

— Aquele bonitinho? Claro que lembro! — minha mãe exclama animada e meu pai a olha feio.

— Sim filha, nós lembramos do garoto. O que tem ele? — meu pai pergunta.

— É que... Eu gosto dele... — falo de cabeça baixa.

— Sério? — meu pai pergunta sem alterar a voz e eu apenas confirmo com a cabeça.

My Fake Brother - Kim Seokjin Where stories live. Discover now