Lágrimas de sangue

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Olhei a faca em minha mão. Meu Deus, o que eu estava fazendo? Coberta de sangue da cabeça aos pés, cheirando ao ferro nele contido e me sentindo... Feliz? Como assim estava feliz?


Me encontrava em um quarto escuro, com apenas uma janela deixando a suave luz da lua cheia entrar no quarto. Tateei pelas paredes procurando um interruptor, mas com a incerteza de acender as luzes. O quarto estava cheirando a decomposição. Cheiro de morte.

Achei o interruptor. Respirei fundo diversas vezes e acendi a luz. O que havia no quarto acabou com a sensação de alegria. Havia uma pilha de corpos. Todos despedaçados, com sangue ainda fresco escorrendo, pedaços de pele faltando, órgãos expostos e... Seus rostos me eram familiares. Larguei a faca. Ela cai no chão com um som metálico, frio. Me aproximei da pilha de, aproximadamente, 10 corpos. São meus amigos, meus pais e meu irmão. Eu os matei.

Caí no chão e comecei a chorar. Como eu pude fazer isso? Eu sou... Uma assassina! Nisso, no canto mais afastado do quarto, vejo uma sombra se mover. Ouço uma risada. Macabra risada que faz a alma gelar.


-Ah, Alicia... Que belo trabalho você fez para mim. Eu realmente agradeço. A melhor parte, foi você comendo aqueles órgãos... Bebendo o sangue deles...

Eu vomitei. Ele ri de mim, da minha fraqueza.


-O que eu fiz? - sussurrei

-Você não lembra? Dos gritos? Das torturas? Das súplicas por sua piedade? Que patética você é.

-EU NÃO SOU UMA ASSASSINA. PARE DE MENTIR PARA MIM.

A cada negação minha, mais ele gargalhava. Das sombras ele saiu e eu vi. Sua pele estava queimada, carne e ossos expostos. Em sua boca podia se ver dentes muito afiados e cobertos de sangue. Estaria nu, se não fosse sua calça feita de pele humana. Dou um grito e ele se aproxima de mim. Agarra meus braços e me joga na parede. A cada movimento ele ria mais. Eu estava com dor, muita dor. Vários ossos estavam partidos. Uma costela perfurava meu pulmão e eu não conseguia respirar.


Me prendendo contra a parede, ele pegou minha cabeça e bateu com ela na parede incontáveis vezes. Sinto meu nariz quebrar, sinto o cheiro e o sabor do meu sangue. Novamente, ele me joga. Mas no chão. Por cima de mim, ele tirou minhas roupas, pegou minha faca e começou a me perfurar. Sempre evitando pontos vitais, apenas queria me ouvir chorar, gritar e ver meu sangue escorrer.


-Por favor, para! Eu não quero morrer! Para! Por favor... - eu suplicava.

Ele continuou. Com a faca, começou a fazer cortes em meu pescoço. Eu já não tinha mais água no corpo para poder chorar. Minha garganta estava machucada por causa dos meus gritos. Ele chegou bem próximo do meu rosto e, em um só golpe, cravou a faca no meu olho. Eu senti a lâmina entrar. Eu senti cada centímetro dela invadir minha cabeça. Ele gargalhou tão alto, que até hoje ela ressoa em minha mente. E lá a faca ficou. Então começou a comer minha pele, meus músculos, meus órgãos. Eu estava morrendo. E observando meus familiares e amigos, mortos por mim. Eu estava sendo rasgada viva. Pele e músculos. Ossos e órgãos. A dor era tanta que eu comecei a me sentir anestesiada e me deixar levar pela dor e pela morte.


-Me desculpem... - falei em meus últimos suspiros de vida.

A última coisa que vi, foi sua horrenda mão indo em direção ao meu pescoço e minha traqueia ser arrancada. Depois... A fria e solitária morte.

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