Novo começo

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Suor frio. Gritos. Visão borrada.
Dor. O momento em que a lamina corta a carne. Mais gritos, choros, sorrindo...sorrindo. Eternamente sorrindo.

Fecho os olhos com força e aperto a cabeça. Logo as imagens vão se evaporando, e volto para a realidade. Olho para minhas mãos fechadas em punho.

Isso aconteceu outras vezes na semana. Quando eu dirigia pela rodovia, corpos mutilados, restos humanos apodrecidos e sem vida apareciam na minha visao, diante de mim. No começo eu achei que fosse real, estavam ali tão perto, tão nitido que duvidei por um segundo que o que estava presenciando uma carnificina no local. Mas não.Ninguem mais parecia notar, pessoas caminhavam ao lado calmamente.
Só eu os via.

Merda! Por quê? Agora que tudo está melhorando seria pedir demais da minha cabeca fudida não sucumbir novamente?
O desejo infreavel de matar desapareceu com a minha volta.
o comichao ardente em minhas veias, a necessidade em minha mente que entrava em minha pele como mil insetos rastejantes, sumiu, como se nunca estivesse estado lá.

Mas agora, com essas malditas visoes, vultos... O que significa?
Meu tempo como uma pessoa normal teria sido tão pouco?
Apenas algumas semanas?

Estava no meu sangue. Eu sabia. Uma escuridão. A escuridão. Eu tinha resistido quando era mais jovem. Tinha fingido que não estava lá. Mas em algum momento do caminho,parei de lutar, cedi a ela.

Não! Eu me recuso a acreditar nisso. Não agora depois de tudo que aconteceu. Finalmente minja vida está de volta nos trilhos, eu não irei sucumbir a loucura novamente.

Ao mesmo tempo que tento me convencer disso, as imagens voltam novamente, brincando com minha sanidade. Fecho os olhos,me concentrando. Ao abrir, elas sumiram.

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O barulho é incessante das conversas paralelas no salao.
Afrouxo a gravata do pescoço incomodado. Olho ao redor da multidão disfarçamente, como se eu não me sentisse tão deslocado.
Não lembro o que me deu para concordar em vir até o evento beneficente com a mãe de Sarah. A verdade é que pouco me lembro de como cheguei aqui. O dia continuou irritavelmente confuso, e eu tive dificuldade de discernir a realidade da ilusao. Minha cabeça martela profusamente com todo o estresse. Abaixo a vista para o chão longe do borburinho e luzes do salão.

Um toque suave em meu ombro faz eu levantar a cabeça bruscamente.
É Sarah,que sorri de leve me comprimentando com o olhar.
Posso me sentir relaxar com a mera presença dela, mas ainda com os sentidos em alerta, porém ao menos agora há uma pessoa conhecida nessa droga de lugar.

-- Não acredito que minha mãe conseguiu trazer você aqui...

Um garçom chega ao nosso lado oferecendo champagne e sarah se cala. Depois de pegar uma taça e agradecer, o garçon oferece a mim,que dispenço com o olhar.
Quando ele sai, Sarah continua depois de tomar um gole:
-- Como está indo tudo?

-- Bem- respondo rispido.

O que não é totalmente mentira.
Trabalhar para a mãe dela, se é que eu aquilo pode se chamar de trabalho, é a coisa mais facil que já fiz. A maior parte do tempo não há o que fazer, e eu fico rodando com o carro pela cidade. Parece que é muito mais simples quando o carro não foi roubado, só não é tão divertido. Algumas vezes a levei até outra cidade e pude descobrir mais sobre a mãe de Sarah. Ao que parece ela é muito rica, com bastante propriedades espalhadas pelo país. Intrigante como uma mulher jovem tenha tanta fortuna em tão pouco tempo.

Sarah assentiu e desviou o olhar.
Novamente minha mania de poucas palavras a dasanimou. Droga. Procuro em minha mente um assunto para remeter isso.

A Prisioneira de Jeff The Killer Onde as histórias ganham vida. Descobre agora