Enfim, uma familia.

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A polícia havia chegado. Não havia mais como atrasar o inevitável.

Dois policiais saíram do carro, sérios. Um deles estava com o revólver na mão.
Meu estômago revira, e eu aperto meus lados com os braços, apreensiva. Eles caminham em nossa direção e eu olho para Jeff sem poder evitar. Ele está calmo, imperturbável. Como se fosse uma noite normal, como qualquer outra.

O policial mais velho com um bigode fala primeiro, para ninguém em específico.

— O que houve aqui, senhoras?

Jeff solta um som de zombaria, por trás de Jack em seu colo ao ser incluído como parte das "senhoras"

— Fomos assaltadas —Julia respondeu, rápido — Olá, eu que liguei. Houve um assalto e... uma possível morte. Não sabemos ainda, não tivemos coragem de entrar. Mas um homem foi baleado, o garçom do restaurante — ela arregalou os olhos—Devíamos ter chamado uma ambulância? — ela perguntou, em minha direção.

Arregalo os olhos, me chutando internamente.
Não havíamos pensado em chamar uma ambulância. Toda essa noite foi um inferno, mas como esquecemos disso?

O policial olhou para o outro, parecendo entediado.
O outro policial entendeu o olhar, e se distanciou, falando no walkie-talkie obviamente chamando uma ambulância, já que falhamos em fazer isso.

— Eu não chamaria a ambulância para ele. Ele não vai precisar, já que está morto. — Jeff disse, sem emoção, respondendo a pergunta.

— E como você sabe disso? - o policial perguntou com a sobrancelha erguida.

— Pelo tempo, é óbvio. Mas talvez a senhora que está lá dentro precise.

— OhDeus,sim! Há uma garçonete lá! — Júlia gritou— por quê ela ainda não saiu?

O policial franziu a testa, com a notícia— há outra vítima aqui?

Deus, que bagunça!

— Sim— respondi, já que julia parecia que iria chorar — ela estava lá quando fomos assaltadas e ela foi feita de refém... não sabemos se ela saiu ou se não conseguiu. Por estar tudo escuro, talvez.

— Irei dar uma olhada. Joseph! — Ele chamou o outro policial.

Ele apareceu, escutando o chamado.

— Iremos entrar. Há uma outra mulher que ainda está lá dentro. Provavelmente desmaiada ou assustada demais pra sair. Pegue as lanternas e me siga.

— Sim,senhor.

Ele se virou para nós— Vocês, fiquem aqui. Isso não demorará muito.

Júlia acenou com os olhos cheios de lágrimas.

Momentos depois o policial saiu de lá com a garçonete nos braços. Ela estava de olhos fechados e imóvel, como uma boneca.
Suspiro audivelmente, com receio de desviar o olhar daquela imagem e algo ainda pior aparecer diante de meus olhos.

— Ela está desmaiada. — o outro policial nos esclarece, ao chegar mais perto.

Graças a Deus! Menos um desastre por hoje. Respiro profundamente, e sorrio para Júlia aliviada. Julia sorri de volta, mas ainda parecendo nervosa. Assistimos enquanto a garçonete é levada em direção a ambulância.
Por quê eu nunca aprendi o nome dela? Nos vimos diariamente mas eu nem sequer sei seu nome. Acho que pensamos que teremos mais tempo de conhecer as pessoas ou simplesmente não nos importamos até que algo acontece e talvez nunca tenhamos a chance.

— O outro homem, o garçom acredito, está morto. Ele não sobreviveu— o segundo policial chamado Joseph nos informa com a voz solidária.

Aceno devagar, já tinha suspeitado disso, mas suspeitar e ter certeza são duas coisas totalmente diferentes.
Ele levou um tiro, obviamente estava morto.
Pobre senhor.

A Prisioneira de Jeff The Killer Onde as histórias ganham vida. Descobre agora