2.2

325 57 77
                                    

Todos seguiram pelo corredor de acesso até chegarem ao portão de embarque do terminal militar, ao atravessarem o portão lá estava ela, E.M. Akimura.

Notava-se a surpresa nas expressões de todos que contemplavam aquela gigantesca espaçonave.

Quando Daniele observou a Espaçonave Akimura, parou um tempo para admirar o esplendor do avanço tecnológico a sua frente. Como piloto ela já tinha visto naves grandiosas, cargueiros, naves com incrível poder de fogo como seus caças Sabre, mas nunca chegou tão perto de uma nave tão imponente. A Nave Mineradora Akimura tratava-se de uma Espaçonave Classe Y, equipada com 3 propulsores de fusão nuclear agrupados no centro de gigantescos 3 braços móveis que formavam a maior parte da estrutura da nave. Apresentava-se com os braços fechados em forma de foguete, com o trem de pouso acionados ficava na posição horizontal, assumindo a formação que deve utilizar provavelmente para lançamento a partir da atmosfera planetária.

– Incrível, não é? – Falou o homem misterioso que sentara na sua fileira há alguns minutos no auditório – me chamo Yuri Akimura, é um prazer. – O homem estendeu a mão para Daniele.

– O prazer é meu... – Daniele retribuiu o aperto de mãos – Me chamo Daniele Hunter. Então... – Daniele apontou para ele e em direção à nave.

– Sim... meu pai projetou os motores de fusão nuclear que permitiram tais viagens. Mas eu nunca quis seguir os passos do velho, a engenharia não é o meu forte. Mas cheguei perto. Sou médico aeroespacial da Aliança.

– É uma honra conhecer o filho do Dr. Akimura. Soube que seu pai morreu tentando chegar a estrela Nexus.

– Ele morreu fazendo o que amava, voando mais alto que todos nós imaginávamos um dia voar. Ele sempre irá viver no coração da humanidade.

– Sinto muito.

– Tudo bem. Me alegro em saber que ele é lembrado e homenageado com seu nome batizando espaçonaves. – Yuri esboçou um sorriso desajeitado. Aquele sorriso fazia Daniele sentir-se bem de certa forma.

Pintada de Branco perolado, com uma faixa azul e preta tangenciando cada um dos braços, dois círculos Azul e preto formando a união da Aliança das Colônias aparecia na ponta de um dos braços do veículo espacial e o seu nome brilhava em azul "EM. Akimura".

A tripulação se dividiu em 3 grupos, Grifo, Flecha e Escorpião, em homenagem a antigos esquadrões de caça, heróis de guerra do passado, esses ocupariam os 3 braços da Akimura e realizaram o embarque com números semelhantes de passageiros, engenheiros, mecânicos, cozinheiros, pilotos, fuzileiros, médicos e cientistas de várias áreas de conhecimento. Seus assistentes pessoais receberam informações diversas sobre o funcionamento interno da nave, a localização de seus dormitórios, mapas detalhados da nave, canais de comunicação, quadro de horários das atividades que iriam se seguir dali em frente.

Quando Daniele entrou na grandiosa Akimura a janela de tarefas pulou no canto superior direito da sua visão, flutuando, "Quest Log: Embarcar para Sistema Nexus Concluído".

– Acredito que já vi a senhorita antes. – Finalmente Yuri mencionou o que o incomodava.

– É mesmo? De onde me conhece?

– Não, me perdoe, eu não conheço você Daniele. Não até essa conversa. Acho que a vi ontem num bar virtual no subúrbio de Onix, O Dark Star Pub.

– A sim, passei para tomar um drink antes de fazer logout da neuronet.

– Eu também, apesar que acredito que passei um pouco do horário naquele pub. Não tenho hoje tanta segurança em ter feito a escolha correta, estava bem mais seguro ao assinar os contratos de integração dessa tripulação.

– Eu também não, mas meu caso foi diferente. – Daniele falou em tom desanimado, enquanto observava pessoas sendo desalgemadas dentro do convés de recepção da Akimura.

– A propósito, você estava linda.

– Obrigada, mas não concordo, o meu dia não estava dos melhores.

– Como pode ver, metade dos tripulantes e passageiros da Akimura são exilados, pessoas que eles não querem orbitando nossa Estrela Aires, alguns por crimes menores, outros maiores. Alguns podem dizer que isso é um erro, foi assim com as outras duas missões de colonização do sistema Nexus. Da mesma forma que fazíamos quando começamos a navegar e colonizar continentes distantes em Raven na época das grandes navegações.

– A outra metade são pessoas comuns que só buscam um recomeço. – Falou Daniele.

– O que quero dizer é. A princípio, todos possuem o direito de um recomeço. Aqui dentro, desde o cientista até o criminoso exilado serão novas pessoas. Todos merecem esse recomeço, inclusive você.

– Minh'alma é um Sabre, que corta o espaço; alforria das amarras do destino inevitável; A navegar pelo firmamento, indomável.

– Bonito verso.

– Serei livre, até mesmo de um destino traçado, é isso que quero dizer.

– Você certamente já é livre.

– Obrigado por suas palavras gentis Dr. Yuri, prometo lembrar. – Os olhos dela brilharam indicando que estava lendo algo no ar – Agora se me der licença tenho tarefas a cumprir.

– Fique à vontade Srta. Hunter. Próxima vez terei mais coragem em te oferecer um drink. – Esboçou aquele sorriso desajeitado de novo.

– Não se preocupe Yuri, se você não o fizer eu farei. – Daniele retribuiu o sorriso e deu meia volta.

"Daniele Hunter, seja bem-vinda a Akimura. Deseja iniciar um tour?"

– Pule a introdução, vamos ao que interessa, onde fica meu alojamento?

"Seu alojamento fica no braço Grifo, pavilhão B, box 12. A senhora foi adicionada ao grupo de discussão online 'Esquadrilha Grifo'. Siga a indicação de orientação para encontrar seu box."

Com um gesto Daniele dispensou o assistente, seguiu o caminho até chegar próximo a porta de seu box. No corredor ouviu uma voz familiar e se esgueirou por um corredor vizinho.

– Ouvi dizer que ela esteve no Black Star Pub ontem...

– Tenho que ter uma conversa séria com ela de novo. – Falou a garota com estatura de modelo, cabelos loiro prateados soltos, andava acompanhada de uma militar, morena dos cabelos negros amarrados num rabo de cavalo, já vestia o uniforme da Akimura.

Coincidência ou não, falavam sobre ela. A última discussão tornara essa viagem ainda mais difícil. Voltou ao corredor e seguiu o caminho até a porta de seu dormitório. Um dispositivo disparou uma leitura de sua íris, confirmou a identidade do tripulante e abriu a porta.

Daniele jogou a bagagem no pequeno guarda-roupas do Box de 6 metros quadrados, havia ainda uma cama de solteiro, e um painel transparente numa escrivaninha. Tocou o painel e um sistema operacional se abriu com textos de boas-vindas e abas para familiarização com os sistemas da nave.

Dentro do guarda-roupas havia algumas roupas que pareciam ser um uniforme, a calça preta se ajustava a suas pernas perfeitamente, a camiseta apresentava duas cores, cinza em baixo e azul acima dos seios, perto do ombro direito um símbolo prateado que parecia um caça Sabre. Estranho, não fora informada de existir caças sabre a bordo. E por que existiriam se aquela era uma missão de colonização e não de interceptação ou qualquer tipo de conflito? O símbolo da Akimura tomava quase toda as costas da camisa, algo parecido com uma flor de três pétalas representando a formação de ataque da nave. No sapateiro Daniele encontrou botas com revestimento de metal magnetizado, tradicionais de pilotos de caça.

– Abra o grupo Grifo.

"O Grupo apesar de estar disponível ainda não está ativo".

– Existe algum perfil de passageiro em que eu esteja inserida?

"Perfil: Daniele Hunter" Uma janela flutuava em frente a seus olhos com sua foto a esquerda e o símbolo de um caça Sabre a direita. Um calafrio de medo subiu pela espinha ao ler a sua função: "Piloto Sabre, Esquadrilha Grifo".

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Where stories live. Discover now