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Shitiro encarava seu reflexo através do espelho, sentia o peso de cada uma das decisões sobre suas costas. Tinha 55 anos, mas naquele tempo os nanobots poderiam manter a aparência e auge da forma física de um homem de 30 anos até os 150 anos sem perda de qualidade de vida, ele ainda tinha muita vida pela frente e já enfrentava estresse suficiente para levar alguém à depressão.

Escutou um barulho atrás de si.

– Quem está aí? – Se virou e Gritou.

– Desculpe Capitão, não queria assusta-lo. Só estou usando o banheiro. Estou embarcando hoje na Akimura, estou um pouco nervoso. – O garoto ruivo confessou. Aparentava ter apenas 18 anos, magro demais para ser um soldado.

– Como é seu nome filho?

– Ad..., Adson Johnson senhor.

– O senhor é soldado Adson? Qual sua especialidade?

– Sou Enfermeiro de Campo senhor, mas sei empunhar um fuzil de plasma melhor do que muitos fuzileiros.

– Você está em ótimas mãos Adson, e nós certamente estaremos nos melhores cuidados com você ao nosso lado filho.

O garoto se portou em sentido, prestou uma continência desajeitada, e saiu às pressas do banheiro.

Essa cena preocupou o Capitão, a Akimura não significava apenas o maior passo da humanidade, eram 1200 vidas em jogo. E cada uma delas estava sobre sua responsabilidade.

Respirou fundo, lavou o rosto e voltou para a sala de comando de lançamento.

– Sargento verificou todos os protocolos de lançamento?

– Sim senhor Capitão, todos os protocolos foram percorridos.

– E os tripulantes?

– Nesse momento estão se familiarizando com a nave, a maioria está procurando seus alojamentos.

– Onde estão as listas de solicitações que fiz semana passada?

– Senhor, algumas delas foram respondidas essa manhã, não são boas notícias senhor. A maioria recebeu negativas. As outras acredito que não serão respondidas a tempo.

– Sargento, o senhor acredita em algum Deus?

– Sim senhor, Capitão.

– Consiga mais armas para mim por favor Sargento, ou reze todas as noites pela sobrevivência de 1200 vidas.

Sgt. Mendes, era o pau para toda obra do terminal militar, sua competência garantia uma posição administrativa confortável como subordinado do alto comando, essa vida confortável refletia-se nos seus quilos a mais, um rosto redondo e rosado, ele conhecia todos os sistemas, todos os militares – ou pelos menos todos os que importavam. Além disso, conhecia o outro lado, os contrabandistas de Onix.

Correu pelos corredores do terminal para a sala do almirante, pegou alguns papeis nas mesas por quais passava para disfarçar o que estava prestes a fazer.

Abriu a porta com cuidado verificando se alguém estava dentro. Ninguém, a sala estava vazia. Verificou se alguém o vira entrar, porém não viu ninguém no corredor. Entrou e bateu a porta.

A sala do Almirante tinha sistemas de segurança anti escuta, e diversos protocolos de criptografia de entrada e saída de qualquer sinal de dados que se originasse de dentro dela. Ninguém poderia detectar aquela ligação, porém se o almirante não estivesse na sala, uma presença que passasse mais de 2 minutos poderia soar um alarme silencioso.

– Ligue para meu primo Iego Araújo.

Uma janela de vídeo conferência apareceu flutuando em sua visão.

– Iego, não se preocupe essa chamada está criptografada.

– Diga Juninho, como vai? O que posso ajudar?

– Que tal transportar fuzis de plasma para o sistema Nexus gratuitamente sem ninguém saber? Você seria o primeiro e único contrabandista de armas interestelares. – Ao falar, Sargento Mendes olhou para o canto da sua visão onde um mostrador piscava "Tempo de duração de chamada, 15 segundos" e uma primeira gota de suor escorreu no seu rosto rosado.

– Você é maluco Juninho? Além das rotas serem altamente bem guardadas a tecnologia de viagem interestelar é da Aliança, ninguém mais a possui.

– Iego, a Akimura irá ser lançada ao meio dia. Você tem 3 horas para enviar um carregamento adulterado de frango desidratado congelado, estou te enviando os códigos de checagem. Consegue encher 1 container com fuzis de plasma inteligentes Hurricane, com miras térmicas, correção de mira assistida e dissipação de calor? – "Tempo de duração da chamada, 45 segundos".

– Quer minha bunda também Sargento?

– Estou falando sério Iego.

– De quanto estamos falando?

Sgt. Mendes virou o painel da sala do almirante, abriu algumas planilhas, percorreu 3 listas de gastos contendo muitos números.

– Iego, posso conseguir agora 1 milhão de créditos incluindo um nome como um passageiro fantasma da Akimura, mas você teria de me fornecer o nome de um Laranja. Após a entrega consigo mais 2,5 milhões de créditos, desviando de outros recursos. Isso deve ser suficiente. Será 1 container, com as armas e acessórios solicitados, isso dá cerca de... 144 fuzis incluindo os acessórios. – "Tempo de chamada 1 minuto e 10 segundos", o sargento estava vermelho.

– Em 3 horas? Você vai ter que aumentar essa entrada, vou ter que molhar a mão de muita gente.

– A situação é urgente meu primo, faça assim, me consigo o nome de dois laranjas e eu deposito 2 milhões agora, 1 milhão de créditos na conta de cada um, e após a entrega me de 1 semana para pagar os 1,5 milhões restantes. – "Tempo de chamada 1 minuto e 25 segundos".

– Fechamos em 2 milhões de créditos agora, e 2 milhões de créditos depois e teremos um trato. Por menos que isso precisarei de mais tempo para convencer os fornecedores.

– Fechado, mande os nomes por mensagem criptografada. – "1 minuto e 35 segundos".

– Um momento... feito!

– Pronto, foi creditado, conto com você! – "1 minuto e 45 segundos".

– Nunca te decepcionei primo, não vai ser a primeira vez.

Mendes saiu da sala do Almirante, a ligação foi encerrada, "1 minuto e 58 segundos", com o rosto suado, a maçã do rosto completamente vermelha, porém com a sensação de dever cumprido o sargento voltou para a sala de controle, procurou o comandante.

– Alguém viu o comandante Shitiro?

– Entrou no banheiro de novo, parecia nervoso. – Respondeu um sargento sentado de frente aos painéis de previsão de tempo.

Sgt. Mendes entrou no banheiro correndo.

– Senhor, desculpe interromper – o Capitão estava algo trêmulo, olhos vermelhos – o senhor está bem?

– Sim Sargento. – Respirou fundo – Eu só precisava de um tempo só. Pode falar.

– Tenho boas notícias.

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  Esse primeiro ato do livro passa voando, quando terminar vocês já vão estar na metade (Capítulo 26), e vão entender toda a trama! O segundo e terceiro ato passam voando também, mas a carga de informação é gigante. Prestem atenção nos detalhes!

Estão gostando? Não esqueçam de VOTAR em cada capítulo do lívro! É muito importante pra divulgação da obra! Obrigado por sua leitura.

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin