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Durante os 29 dias de viagem alguns passageiros entraram em hibernação criogênica. Com o melhor entendimento do sistema de Halos, a Aliança desenvolveu uma total integração com o sistema Seth e neuronet que possibilitou a utilização da rede durante as viagens. Foram 29 dias de ansiedade até a chegada no sistema Antares.

– Estamos a 5 minutos do Halo de Amortecimento Gravitacional. – Gritou a oficial de navegação Cameron Lima.

"Atenção Akimura, preparar para desaceleração".

Todos os tripulantes se acomodaram e apertaram cintos de segurança, a Akimura sofreu três desacelerações após atravessar três halos em série. Após isso os motores se encarregaram da desaceleração final.

A frente já podia-se visualizar a estrela que chamavam de Antares. Uma gigante vermelha, massiva, tinha um diâmetro cerca de 20 vezes maior que o diâmetro de Aires. Era extraordinária, a visão mais bela que Yuri ou qualquer membro da tripulação da Akimura já vira.

– Então essa é Antares. – Falou Yuri que observava a chegada da ponte de comando – Incrível.

– Incrível, não é? Estamos mais longe do que qualquer Raveniano jamais esteve. E ainda não chegamos nem perto de terminar nossa jornada. – Daniele falou sorrindo para Yuri, ela que a 5 anos atrás jamais sonharia em sair de perto de Aires.

– Seth, pode fazer uma varredura no sistema? – Solicita a oficial de navegação Cameron.

"Detecto atividade espacial no terceiro, quarto e sexto planetas desse sistema. De acordo com as diretrizes do Governo Galáctico de Gaya deve-se avaliar se eles preenchem os protocolos do primeiro contato".

– Do que se trata esse protocolo? – Questionou Shitiro.

"Para o estabelecimento do Primeiro Contato com qualquer civilização fora de risco, 2 barreiras evolutivas devem ser vencidas, chamadas de iniciação galáctica. A civilização deve ter atingido era espacial, ou seja, estabelecido voo espacial e fundado a primeira colônia fora da órbita de seu planeta natal, além disso deve possuir um sistema de governo planetário estabilizado".

"O primeiro contato deve ser evitado a todo custo antes da civilização atingir sua era espacial, e cumprir a iniciação galáctica. Em casos de risco potencial de extinção de uma civilização inteligente o G3 não medirá esforços para interromper os eventos causadores sem estabelecer contato, porém em caso de impossibilidade de discrição o contato será estabelecido pelo oficial civil ou militar de maior graduação/patente disponível".

– Bem o G3 não mais existe, então eu sou o oficial de maior patente presente, não podemos alertar a Aliança já que nossa missão é confidencial. Entretanto, não sabemos se a civilização é hostil ou pacífica e se possui um governo estável.

"Comandante Umada, esta Unidade Seth detecta presença Borck no quarto planeta desse sistema."

– Borck? Quem são esses Borck? – Questionou Willian Honoldo.

"É uma espécie réptil, a terceira espécie a integrar o G3, tinham assento permanente no conselho de Gaya. Apresentavam natureza hostil e divergiam em decisões do G3 à respeito da preservação da vida. O G3 defendia a disseminação da vida como ela naturalmente é. Os Borck acreditavam que a única maneira de preservar a vida seria através da evolução artificial da raça através da engenharia genética, assimilando espécies menos desenvolvidas para a criação de uma espécie que poderia colonizar qualquer extremo da galáxia e através da fusão orgânico-sintético. Desde a queda de Olimpus não possuo registros de traços da civilização Borck, há 5 mil ciclos desaparecida".

– Podemos ter grandes problemas, essa espécie talvez tenham feito parte do evento que desencadeou a extinção da espécie. – Falou Yuri.

"Não existem dados mais precisos sobre os Borck registrado nesse Sistema Seth. Com a queda da rede de Halos essa unidade não possui acesso a toda a consciência Seth."

– Cameron, faça-nos invisíveis. Nos aproxime desse planeta.

– Sim senhor.

Todo o casco da espaçonave ficou completamente reflexiva, no espaço era impossível encontrá-la, ela refletia as estrelas à sua volta misturando-se com o vazio. Com o novo poder de propulsão da Akimura, em cerca de 1 hora e 50 minutos estavam em aproximação final com o quarto planeta.

– Seth faça uma leitura mais detalhada, consegue descobrir algo sobre o conflito? – Questionou o oficial de defesa Gabriel Kaezar.

"Utilizei os protocolos de comunicação conhecidos por essa Unidade Seth, posso detectar os sinais emitidos pelos Borck mas não consigo interceptá-los completamente sem denunciar a posição da Akimura. Porém consegui acesso a rede de inteligência dos colonos desse sistema."

Nos assistentes pessoais dos oficiais surgiram centenas de páginas de relatórios de missão, e resumos compilados.

– O que estou vendo aqui Gabriel? – Gritou Umada

– Os Borck estabeleceram uma colônia nesse planeta e sequestraram um membro da realeza, a irmã da Imperatriz, ela é uma das líderes do terceiro planeta. Eles tinham intenções de escraviza-los e tornar parte de seu império. Em resposta, os colonos montaram uma operação de resgate, estão nesse momento atacando a base Borck.

Com um gesto Gabriel abriu no painel da cúpula de comando fotos táticas do exército de Antares, estruturas vermelhas eram demarcadas como pertencentes ao império Borck, localizado em uma planície desértica, não muito diferente do resto do planeta. Fotos de colônias alienígenas completamente destruídas, corpos do que pareciam civis mutilados pelo chão e edifícios em ruinas.

– Gabriel. Prepare a Spacestorm, Não podemos permitir que os Borck vençam mais uma batalha.

A Espaçonave de Curtas Manobras Spacestorm era uma espaçonave acrescentada a bordo na última atualização da EM Akimura. Tratava-se de uma nave para voo espacial, entrada em atmosferas e possuía asas para voo aéreo. Contava ainda com camuflagem reflexiva, escudos cinéticos e magnéticos para autodefesa, com motores capazes de atingir 10% da velocidade da luz no espaço.

Em poucos minutos 15 soldados estavam posicionando-se em forma no convés de lançamento, equipados com armaduras de combate completas. Daniele terminava os preparativos para o lançamento, ela nunca tinha pilotado uma nave como a Spacestorm, mas se orgulhava de dizer "posso pilotar qualquer coisa".

Yuri Akimura acompanhava o grupo, em posição de sentido na primeira fileira, logo atrás dele Júlio, o Bloody, e o enfermeiro de campo Elvis Blanko, veterano de missões de assalto da Aliança no sistema Aires, Elvis era mais soldado do que enfermeiro. Os dois além de todos os equipamentos de combate cada um também carregava uma pequena mochila de primeiros socorros.

Nairo Kaezar e Helton Krisp comandavam a operação.

– Quem permitiu esse pirata vir junto na missão? – Falou Daniele irritada.

– Precisamos de alguém bom em improviso e negociação, – Falou Nairo – fuzileiros não são muito espertos, achei que Bloody era o soldado ideal. E ele tem participado em treinamento com os fuzileiros.

– E como podemos confiar nesse cara?

– Ei, eu tou aqui, tou escutando tudo. – Falou Bloody.

– Guerreiro, você só pode falar quando for solicitada a sua opinião! Ou seja. Nunca! – Gritou Krisp com o rosto a centimentros do rosto de Bloody.

– Eu confio nele. Apesar de ser um pouco rebelde. Então vocês terão que confiar em mim. – Falou Nairo Kaezar.

– Olha, tanto faz. – Daniele encarou o grupamento de fuzileiros. – Guerreiros! Vocês estão recebendo em seus assistentes pessoais os detalhes da missão. Seth traçou o curso de vôo para uma área próxima ao campo de batalha. Não conseguirei entrar na atmosfera do planeta com a Spacestorm, isso chamaria a atenção dos radares inimigos, por esse motivo vocês serão lançados a partir do espaço, seus trajes deverão suportar a entrada na atmosfera, foram desenvolvidos com tecnologia suficiente para esse tipo de abordagem e é de se supor que esses últimos anos tenham sido de grande aprendizado em treinamentos virtuais. É hora de botar esse treinamento em prática!

Órfãos de Olimpus [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora