Meu novo amigo

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— Muito prazer então, Nicole. — ele sorriu. — Você sabe que não precisa chorar mais né? — eu só olhei em seus olhos e depois voltei a atenção pra lua.

— Tudo bem, você não quer conversar. Entendi, então só vem comigo. — Bryan me puxou pelo braço e andou o mais rápido que eu conseguia, logo chegamos ao final do jardim, onde havia uma árvore enorme e um espaço entre suas raízes e a terra, ninguém vinha a essa parte do orfanato, acho que nem eu cheguei a passar por esse lugar em todo esse meu tempo aqui.

— Vai ser o nosso segredo, ok?

— Como assim?

— Observe e veja o que acha. — fiquei um tempo tentando achar o negócio grandioso que ele tanto queria me mostrar, mas não enxergava nada.

— Não tem nada ali, estou perdendo meu tempo. — bufei.

— Nicole, olhe de novo. — voltei minha atenção pra lá e depois de uns segundos, vi que tinha algo brilhando naquela escuridão.

— Meu Deus, isso são o... — falei quase gritando e então ele tampou minha boca.

— Sim, são olhos. — ele falou sussurrando. — Cuido deles desde que cheguei. A mãe é se chama Megan e os filhotes, Mike e Molly. — ele abaixou e pegou um deles pra eu fazer carinho, eram gatinhos, gatinhos fofos que me fizeram sorrir à noite toda. — Vejo que está sorrindo, é melhor assim, mas você não pode trazer ninguém aqui ou pensar em espalhar a notícia, tudo bem?

— Tudo bem. — sorri.

— Nunca te vi por aqui, você é nova? — ele me perguntou sem tirar a atenção do carinho que fazia nas duas gatas.

— Eu vim pra cá ano passado depois do meu aniversário de seis anos e agora eu já tenho sete. Mas eu mal saia do meu quarto, era chato ficar dependendo das pessoas pra tudo. E você? Quando se mudou?

— Farei oito anos semana que vem e cheguei aqui há um ano e meio, mais ou menos. Meu pai nos abandonou por causa da bebida e então fui criado apenas pela minha mãe, mas ela acabou falecendo e desde então estou aqui. — sinto a tristeza em suas palavras e não penso duas vezes antes de abraçá-lo. — Por que está me abraçando? — ele perguntou confuso.

— Porque sua mãe lhe disse que pessoas tristes merecem ser abraçadas. — sorri e logo ele retribuiu o abraço com uma intensidade anormal.

— Ei, é melhor irmos. Está ficando tarde e é capaz de virem nos procurar, não quero que os achem e os levem embora.

— Tudo bem. — concordei.

— Mas amanhã nós nos veremos aqui, ok? Ao anoitecer. Eu até passo mais cedo pra dar comida a eles, mas é algo que quase não dá pra perceber, a noite é mais seguro.

— Então tá, até amanhã. Tchau. — me despedi dele e tratei de ir em direção ao meu quarto, onde por acaso, Mary me esperava.

— Ei, o que faz aqui?

— Oi, eu queria pedir desculpa por tudo que ouviu e por te fazer criar expectativas antes da hora.

— Tá tudo bem, eu entendo que eles não queriam alguém que desse muito trabalho e muito gasto também. Já até esqueci. — sorri, passar aquele tempinho conversando com o Bryan fez com que eu me sentisse melhor é realmente esquecesse disso, porém sinto que vai ser algo que vai me marcar pra vida toda.

— Mas acontece que tenho mais alguém querendo te adotar..

— Sério? Como assim?

— Olha, ela é viúva, mas é uma ótima pessoa. Comanda e mora em um orfanato, mas foi professora dando aulas em turmas que iam desde o primário até o ensino médio. Você teria muito a aprender com ela. — Maria sorriu.

Ligados pelo destinoWhere stories live. Discover now