Novos amigos

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— Muito prazer. — ele sorriu estendendo a mão para que pudéssemos nos cumprimentar.

— O prazer é todo meu. — sorri de volta e ficamos calados por um tempinho, porque já que não nos conhecíamos, não tínhamos muito o que conversar, então meio que ficou um silêncio constrangedor.

— Será que eles vão demorar? — ele perguntou na tentativa de puxar assunto.

— Não sei. — e voltei a atenção para o celular, confesso que talvez eu estivesse dificultando as coisas, mas é que sei lá, acho que perdi a capacidade de me relacionar com as pessoas.

— Demoramos? — Roberta sorriu, ela e André apareceram do nada, todavia talvez eu estivesse distraída demais para prestar atenção neles chegando.

— Eu cheguei quase agora também, quem estava aqui há um tempo era a Nicole. — falou Bryan.

— Mil desculpas, ficamos enrolados com algumas coisas. — justificou André.

— Tá tudo bem. — sorri. — Pra onde vamos?

— Não sei, pensei em irmos para minha casa, mas moro longe e não tenho carro, então teríamos que ir de ônibus. — explicou Roberta.

— Olha, eu tenho carro, se ainda quiser, podemos ir. — Bryan se ofereceu, já era de se esperar que ele tivesse um, afinal, ele se vestia e se portava como alguém que tinha tido uma criação de rei, dava pra perceber que suas roupas eram de uma qualidade anormal, até o cabelo castanho escuro dele era melhor e mais hidratado que o meu.

— Todos de acordo? — perguntou Roberta e nós concordamos, então fomos em direção ao carro.

André era moreno, alto e seus olhos eram castanhos, porém em questão de altura, Bryan era um pouco maior que ele.
Roberta tinha cabelos loiros e cachos realmente maravilhosos, de causar inveja a qualquer um e sua estatura era parecida com a minha, mas eu ainda conseguia ser mais baixa. Talvez ela tenha um metro e sessenta e cinco por aí, porque eu tenho um e sessenta e um.

Ela foi mostrando o caminho e até rolou uns assuntos, mas nada muito interessante.
Sua casa era bem bonita, mediana e tinha um jardim incrível, eu amo cultivar flores e se pudesse, também teria um, mas moro em um apartamento, o máximo que dá pra fazer é cultivar algumas em uns vasos e colocá-las na sacada.

Roberta logo nos direcionou para seu quarto.

— Fiquem a vontade e sentem-se onde acharem melhor, já volto, buscarei comida. — ela disse e saiu, me direcionei para cama, pois sentar no chão seria um pouco trabalhoso pra mim. André e Bryan sentaram em uns puffs que haviam perto do guarda-roupa e ficava de frente para o lugar onde escolhi sentar. — Sério que vocês me esperaram pra conversar? — ela sorriu ao voltar com a bandeja de petiscos na mão e notar que não havíamos conversado nada.

— É que você é importante demais. — brincou André.

— Tudo bem, agora que cheguei, podemos conversar. Comecem falando de vocês, o motivo de terem escolhido veterinária, idade, essas coisas.

— Quem começa? — Bryan perguntou.

— Eu! — André se candidatou animado e todos nós balançamos a cabeça concordando. — Bom, meu nome vocês já sabem, eu faço vinte anos na semana que vem, escolhi essa faculdade porque não há nada que eu ame mais no mundo do que os animais e quero poder salvar a vida de todos que eu cuidar. Moro sozinho e vim pra cá especialmente para estudar, então não conheço nada, nem ninguém. O único trajeto que sei fazer por enquanto, é o da minha casa para faculdade e vice-versa. — ele sorriu. — Agora vai você, Roberta.

— Tudo bem, tenho 21 e escolhi cuidar dos animais porque eles mais do que ninguém precisam de cuidados, pois às vezes nós seres humanos somos cruéis, moro aqui desde que nasci. Acho que é isso. Bryan, é sua vez.

— Por onde eu começo? — ele fez cara de pensativo. — Bom, fiz vinte há cerca de um mês, quando eu era criança morei aqui, mas meus pais viviam se mudando, entretanto por causa da faculdade, resolvemos ficar na cidade de vez ou pelo menos até eu terminar. Passei um ano viajando com minha namorada, — exibido, quase virei os olhos. — porém decidi parar por perceber que não era aquilo que eu queria, meu sonho mesmo era ser veterinário, pois desde criança eu sempre fui apaixonado pelos animais, principalmente por gatos e aí decidi me matricular na universidade de Santa Louise, acabei. Agora é você. — todos me olharam.

— Ah, eu não tenho nada de muito interessante pra falar.

– Tenta. — ele insistiu.

— Vai, Nicole. — apoiou Roberta.

— Como quiserem. — sorri. — Tenho 19 anos e podem me chamar de Nick.

— Só isso? — André perguntou inconformado. — Você pode fazer melhor.

— Tá bom. — cedi. — Moro aqui desde sempre também, mas quando nasci morava em um canto da cidade e depois de algumas coisas, me mudei pra cá. Só estudo nessa faculdade porque consegui uma bolsa e tenho um amor imensurável por animais, tenho uma gatinha chamada Mia e conheci esse sentimento através de um amigo de infância e desde então ele só foi aumentando. Quero prolongar a vida deles e dar amor e carinho, não sei lidar muito com as pessoas, por isso só tenho uma melhor amiga e ela se chama Melanie, porém estou trabalhando nisso e acho que é só. — sorri.

— Você não precisa se retrair conosco, seremos seus amigos. — Bryan sorriu.

— Concordo. — disse Roberta e André só balançou a cabeça. — Está calor né? O que acham de irmos pra piscina? — péssima ideia, péssima ideia.

— Gostei.

— Eu também. — Bryan concordou com André.

— Eu prefiro só ficar olhando.

— Não seja boba, eu te empresto um biquíni. — Roberta insistiu.

— Não é essa a questão. — olhei pro chão.

— Hey, Nick. — disse Bryan se aproximando. — Não se retraia, lembra? Por que não quer ir nadar conosco?

— Você pode nos contar qualquer coisa, somos seus amigos agora. — disse André.

— Você não sabe nadar? É isso? Podemos ficar na parte mais rasa com você, é só para nos refrescarmos. Se quiser, até te ensinamos a dar uma nadadinha. — especulou Roberta.

— Tudo bem, uma hora vocês vão descobrir mesmo. — suspirei.

— O que quer dizer? — Bryan perguntou e eu apenas me levantei da cama. — O que vai fazer? — comecei a puxar a barra da minha calça para que pudessem ver.

— É só que eu não acho que dê pra nadar direito com uma perna só. — sorri e todos ficaram me olhando, aposto que estavam se perguntando como não perceberam nada ou como a perdi, mas essa é uma história que eu prometi a mim mesma que não contaria pra ninguém mais, só quem sabe é a Melanie, Maria e o Bryan, meu amigo de infância, que por sinal é xará desse aqui, mas só na minha classe do nono ano tinham dois, é mera coincidência, o verdadeiro sumiu e eu nunca mais vou encontrá-lo, até porque, pra falar a verdade, já desisti de procurar.

Ligados pelo destinoWhere stories live. Discover now