capítulo 5

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-Eu não quero que você entre aqui se não estiver preparado. -disse em voz firme.

A porta pendeu um pouco das dobradiças quando você a abriu. O interior do galpão estava escuro e parecia vazio. Consegui distinguir algumas formas, e nada mais. De repente, eu já não queria entrar ali. Meu corpo se imobilizou e minha respiração acelerou.

Imaginei você me matando naquele lugar, naquele lugar escuro... e deixando meu corpo apodrecer. E você estava com um sorriso estranho estampado no rosto, como se quisesse mesmo fazer isto.

-Eu não sei... - comecei a dizer, mas você me abraçou por trás e me empurrou para dentro.

-Você vai gostar -você disse.

Comecei a gritar. Você me segurou com força, me apertando com seus braços poderosos. Eu lutei contra você, tentei me soltar. Mas seus braços se mantiveram firmes: era o aperto de uma píton.

Você me arrastou para o interior do galpão. Estava muito escuro.

-Não se mexa - você gritou. - Fique parado. Senão vai destruir tudo.

Mordi seu braço e cuspi em você. Você afrouxou um pouco o aperto. Eu caí e bati com o joelho no chão. Você agarrou meus ombros e me empurrou para baixo, usando sua força para me manter preso.

-Eu disse para não se mexer!

Você estava histérico, com a voz esganiçada. Eu arranhava o chão, tentando encontrar algum apoio para me arrastar.

-Não me machuque - gritei, dando alguns socos no ar.

Meu punho bateu em alguma coisa. Você soltou um grito engasgado e me largou. Eu me levantei e corri para onde achei que a porta estava.

-Pare... pare.

Tropecei e caí novamente. Senti algo úmido e pegajoso nas palmas das mãos. Comecei a me arrastar por cima daquilo. A substância parecia não ter fim. O chão inteiro estava molhado. E havia outras coisas... coisas duras, coisas afiadas, coisas que me arranhavam as pernas. Pedaços de um material macio. Pareciam roupas, roupas dos garotos que você devia ter matado ali.

A substância viscosa grudou nos meus cotovelos. Parecia sangue. Será que você tinha me golpeado sem eu notar? Toquei minha testa.

-PARE! Por favor, Louis, pare onde está!

Eu estava chorando e gritando, tentando me afastar.

Você também estava gritando. Eu ouvia seus passos ecoando no galpão, vindo na minha direção. A qualquer momento sentiria uma faca entrando em meu ombro ou um machado cortando minha cabeça.

Para verificar se já fora golpeado, apalpei o corpo. Passei a mão na garganta. Não sabia onde estava a porta. Tateando desesperadamente ao redor, procurando algo que pudesse usar como escudo, fui deslizando pelo chão. Meus sapatos escorregavam na umidade. Então você abriu as cortinas. E eu vi tudo.

Não havia nenhum corpo. Nenhuma pessoa morta. Só estávamos nós dentro do galpão. E as cores.

Eu estava sentado no meio de tudo.

Havia terra e poeira, plantas e pedras, tudo espalhado no chão à minha volta. Meus braços estavam cobertos de sangue. Pelo menos foi o que pensei no início. Estava tudo vermelho, minhas roupas estavam manchadas de vermelho. Toquei meu antebraço.

Não doeu, nada doía. Toquei o nariz. Senti cheiro de terra.

-É tinta -você disse. -Feita com as pedras.

Eu me virei rapidamente e vi você, entre mim e a porta. Seu rosto estava transtornado, com a boca retorcida numa carranca de fúria.

Seus olhos tinham uma expressão sombria. Comecei a tremer e me arrastei para trás, tentando encontrar algo sólido para colocar entre nós. Mas tudo o que consegui encontrar foram ramos de flores e espinhos de triódias.

Stolen (L.S Version)Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα