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Eu gostaria de dizer que esse dia foi o ponto final entre nós, o motivo da minha ida. Eu gostaria de dizer que você não teve mais relevância na minha vida depois daquilo, eu gostaria de dizer que foi o fim e que esse tenha sido o motivo do nós termos o final não esperado.

Eu gostaria de dizer muitas coisas.

Mas embora gostaria de dizer coisas com as citadas, eu não posso. Elas não são verdadeiras, e você sabe disso, Evan.

Eu não tive a capacidade total de escrever o último acontecimento bem, e acho que nunca terei essa capacidade um dia. Aquele dia foi indescritível de forma boa e ruim em conjunto, e embora tenhamos vivido dias piores que esse, eu nunca irei conseguir narrar ele e o meu turbilhão de sentimentos perfeitamente porque nem eu mesmo sei quais foram os sentimentos que senti exatamente. Você teve meu corpo aquela noite, e inegavelmente foi bom nessa parte, muito bom. Mas quando se tratou da confiança e do meu coração, você se saiu mal.

Você é bom em muitas coisas, mas me transmitir confiança não. Porque desde o começo ou até mesmo antes dele, eu senti que aquilo acabaria, eu senti que aquele relacionamento não tinha como base um por cento de segurança. Éramos vulneráveis, sem dúvidas. Éramos frágeis.

Éramos como um castelo de cartas de baralho, inevitável que em algum momento, por mais bem feito e construído, cairíamos em algum momento. E bem, o momento em que o castelo caiu não foi aquele.

Você encheu nossa conversa no facebook com diversas mensagens e ligações desesperadas, você até mesmo conseguiu meu número e me ligou por ele também. Mas eu estava ocupada fumando e assistindo The Simpsons com a Eva para atender ligações e ouvir desculpas nas quais eu não queria escutar.

Mas você me obrigou a escuta-las em algum momento.

Eu voltei para casa somente quando o céu dava os primeiros indícios de que a noite estava prestes a chegar, Eva emprestou a bicicleta dela e me deu uma chave da minha casa que ficava com ela por garantia, assim como eu também tinha uma dela.

Quando eu cheguei na porta de casa, me surpreendi com a cena em que presenciava. Lá estava você, agachado e encostado a minha porta com um litro ou mais de uma bebida alcóolica aparentemente forte. Você estava bêbado enquanto suplicava o meu nome, e eu agradei aos céus por meus pais estarem em viagem durante a semana.

-Desculpa meu bem, desculpa. Eu não quis dizer aquilo, eu posso explicar. -Você dizia desesperado quando seus olhos me avistaram.

-Eu não quero ouvir desculpas, vai pra casa seu fudido. -Eu falei calmamente enquanto abria a porta de casa, e em seguida, fechava a porta na sua cara.

Mas eu não fechei rápido o bastante para pra não ver você vomitando nas flores ao lado da porta. Eu lhe odiava naquele momento, mas não poderia deixar você daquela forma a minha porta.

Então mesmo hesitando, abri novamente a porta da casa e arrastei você até a parte de dentro.

-Então você me perdoou? Você é um anjo? -Você perguntou com muita dificuldade de pronunciar as palavras.

-Não. -Me limitei a responder.

E então você começou a murmurar palavras como desculpas, elogios e azeitonas. Você estava engraçado naquele momento, mas na hora, minha raiva de você não possibilitou boas risadas.

Eu lhe dei água, esperei você se acalmar e então o levei até o banheiro para tomar banho. Eu nem acreditei que de fato estava cuidando de você. Você se despiu, e naquele momento, eu nem me importava mais com aquilo. Eu o empurrei na banheira e estava saindo do banheiro quando você falou;

Quem é você, Evan? Onde as histórias ganham vida. Descobre agora