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Algo potencialmente improvável para todos aconteceu, nós estávamos namorando um mês inteiro.

Eu gostaria de ter diversas coisas horríveis para falar sobre esse mês com você, mas eu não tenho. Não que tenha sido tudo flores, mas foi excepcionalmente acima da média se tratando de você em um relacionamento.

Muitas vezes discutimos sobre coisas fúteis, mas tudo se resolvia rapidamente, na maioria das vezes, a solução dos problemas era sexo, mas resolver tudo sexualmente se tornou um problema mais tarde.

No dia do nosso aniversário de namoro, foi um momento realmente especial e repleto de lembranças.

Era uma segunda, como o dia em que você me pediu em namoro. Quando terminamos de assistir a aula, fomos comemorar fazendo algo. Fomos assistir um filme romântico clichê no cinema naquele tarde.

Eu estava com o rosto aconchegado ao seu ombro, e levantei o meu rosto para alcançar o refrigerante, e em um ato involuntário comum, joguei o meu cabelo para o lado enquanto o arrumava.

Então você se virou e sorriu abobado para mim e em seguida falou: —Eu me encanto toda vez que você faz isso com o cabelo.

E eu, que sequer sabia que você reparava em atos simples meus, abri um grande sorriso e em seguida o abracei.

—Eu gosto de você, e isso me assusta. Eu tenho vontade de correr para as colinas ou sumir toda vez que reparo o quanto gosto de você tão rápido e...—Ele falou repentinamente no meio da cena do filme em que eu chorava, mas foi interrompido por um senhor atrás de nós.

—Cala a boca, adolescente idiota. —O velho falou estressado.

—Senhor, com todo o respeito, vai se fuder. —Você respondeu enquanto mostrava os dedos do meio para o senhor.

E eu realmente fiquei com raiva do senhor que atrapalhou a sua declaração ou o que quer que fosse aquilo.

—Sabe, você tá chorando por esse filme clichê e eu só consigo perceber o como você é linda mesmo assim. Surreal, meu bem. —Ele continuou parecendo envergonhado.

—Você é incrivelmente incrível. —Eu disse enquanto ria e em seguida o beijei carinhosamente.

A verdade era que mesmo prestando atenção no filme eu estava prestando atenção em você. Eu assista aquele filme e pensava o como éramos rápidos, como aquilo parecia fantasioso. Nos filmes e livros a aproximação e namoro acontecia depois de uma grande insistência e jornada.

Mas você não precisou insistir muito para me ter aos seus braços, foi rápido como se fôssemos imãs. A jornada também não foi longa, mesmo você sendo uma pessoa extremamente desequilibrada para relacionamentos e um cara galinha, nós começamos a namorar depois de alguns dias.

Foi tudo tão fácil, mas parecia tão real e sem fim nas vezes eu que eu ignorava as vozes na minha cabeça que me diziam que aquilo não daria certo.

Quando o filme terminou, tomamos um sorvete e fomos até a sua casa.

[...]

Nós fomos para o lugar habitual, o seu quarto. Naquela noite fizemos amor ao invés de um sexo normal e casual.

Viramos poesia naquele momento. Eu me lembro bem dos momentos em que nossas peles estavam encaixadas e nossos corpos eram como um só.

—Caralho, Noora. —Você sussurrava no meu ouvido enquanto acariciava o meu cabelo e eu me movia rapidamente.

Mas incrivelmente a melhor sensação foi a do seu abraço quando estávamos deitados logo depois. Os seus braços entrelaçados ao meu corpo e a sua pele quente me causando arrepios por todo o corpo.

Eu me recordo perfeitamente do cheiro da sua camiseta na qual eu usava o tempo inteiro, também me recordo muito bem do seu toque e de como era poético observar você fumar em sua cama comigo ao lado.

Eu me lembro de adormecer nos seus braços e acordar na madrugada com uma ansiedade forte e uma vontade acima do normal de fumar.

Eu abri os olhos e vi você ao meu lado, e foi inevitável brincar com seu rosto e todas as suas formas e traços. Logo depois, levantei cuidadosamente e coloquei um álbum de indie para tocar ao seu quarto, peguei o meu maço de cigarros e acendi um enquanto me apoiava na beirada da sua janela.

—Eu sou apaixonado por você. Você poderia parar de fazer coisas simples que me deixam mais apaixonado ainda? —Você perguntou, me deixando surpresa por estar acordado ainda.

—Eu acho que amo você, e você não precisa responder isso. —Eu falei enquanto olhava o céu clarear cada vez mais.

Você assentiu, sorriu e falou: —Eu também, Noora.

Mas aquilo não me deu certeza alguma, como nada entre nós. Você era incerteza assim como todas as suas frases, mas eu não gostaria de começar uma briga quando ainda não existia caos, então apenas sorri e voltei a minha atenção até a rua.

—Você está bem? —Você me perguntou enquanto me olhava seriamente.

—Não a porquê não estar. —Eu menti.

Então você levantou da cama como um pulo, vestiu sua calça moletom e falou: —Vamos pro telhado. —Enquanto segurava minha mão me guiando até o telhado.

Então nós nos aconchegamos e observamos o nascer do sol quando chegamos ao telhado, você estava sentado e eu estava deitada com a cabeça sobre suas pernas enquanto você fazia cafuné no meu cabelo.

—Eu tenho medo que isso acabe, como um sentimento que me corroe por dentro. —Eu falei impulsivamente.

—Não iremos acabar. Eu realmente sou apaixonado por você, garota. —Você me respondeu depois de alguns segundos, me olhando fixamente.

E eu gostaria de ressaltar o como era lindo e poético a forma como você me olhava fixamente nos olhos me deixando com o rosto corado e com cócegas internas.

—Essa é a diferença entre nós, você é apaixonado por mim, e eu amo você. Você sente como são pesos diferentes? O como a balança está desequilibrada entre nós? —eu falei enquanto tragava mais uma vez o meu cigarro.

—Você acha que essa merda toda é fácil pra mim? Lidar com coisas nas quais nunca senti antes? Você menospreza a minha paixão como se estivesse sempre um passo a frente e se tornando cada vez mais inalcançável, não fode, Noora. —Você falou enquanto fechava cada vez mais o rosto e parecia mais estressado do que estava antes.

Eu não consegui responder nada naquele momento, então segurei o seu rosto sobre as minhas mãos e o observei. Eu tive a leve impressão de ver lágrimas sobre seus olhos depois de dizer a próxima frase:

—Eu estou apaixonado por você e isso é o bastante para ser assustador. Eu tenho medo de te machucar e te afastar, porque mais que eu não queria me afastar de você, esse é o meu instinto. Eu tenho medo.

—Eu tenho medo de você me machucar. Mas tenho mais ainda de perder você. —Eu respondi, mas depois de ouvir o peso das minhas palavras, me arrependi.

Mas você não pareceu angustiado com isso, você conhecia a si próprio e a mim mesma o bastante para entender a sinceridade nas palavras.

Nós ficamos por horas contemplando tudo aquilo até finalmente voltar para dentro e se deitar na cama.

—Boa noite, Evan. —eu falei enquanto me aproximava mais de você na cama.

—Boa noite, meu bem. —Você respondeu enquanto acariciava meu cabelo.

Eu dormi com o seu cafuné sobre o meu cabelo e os seus olhos fixos sobre o meu rosto.

O seu toque, o seu sorriso, os sentimentos, as madrugadas e todos os nossos momentos e lembranças como essa noite me impossibilitaram de seguir em frente totalmente. Eu vejo você em todos os lugares, sonhos inimagináveis e em todas as palavras do vocabulário.

Você se tornou um vício muito maior que cigarros, livros ou pintar quadros.

Quem é você, Evan? Where stories live. Discover now