Quem é você, Evan?

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A semana em que completamos um mês de namoro passou rapidamente, nós enganamos a nós mesmos fingindo que as palavras ditas no telhado naquela madrugada não aconteceram.

Naquela semana, especificamente na terça até a quarta, passamos os dias alternando entre a minha casa e a sua fazendo maratonas de stranger things trancafiados nos nossos quartos.

Quando estávamos juntos, o resto do mundo parecia evaporar rapidamente, parecíamos ignorar todo o resto do mundo e focar em conversas fúteis e agradáveis ao invés de conversar sobre nossos problemas ou qualquer coisa que fosse sobre o nosso relacionamento.

-A melhor dupla é a Eleven e o Mike, sem dúvidas. -Você me dizia enquanto estava apreensivo com uma cena entre os dois personagens.

-Obviamente Dustin e o Steve são a melhor dupla de Stranger Things. -Eu respondi rindo.

-Doida, você só pode ser doida. -Você falou enquanto bagunçava o meu cabelo e ria achando graça.

Falar sobre séries eram uma das pautas das nossas conversas fúteis. Quando nos tornamos um casal monótono, Evan?

Eu não entendia o porquê do nosso relacionamento. Nós não nos conhecíamos direito e trocavamos juras de amor, eu mal sabia sobre você e sua vida, seus gostos ou sua verdadeira personalidade ou sequer quem você era quando todos sumiam e você estava sozinho com você mesmo. "Quem é a pessoa na qual eu namoro?" foi uma pergunta que me atormentou diariamente.

Tão aprendizes nesse lance de amor que quando o primeiro sinal de sentimento brotou, resolvemos oficializar.

Agora, além de me despertar curiosidade, você me despertava dúvida também.

[...]

Na maioria das vezes eu só via minhas melhores amigas na escola. Eu e elas éramos como chicletes antigamente, saíamos coladas por todos os cantos da cidade. Quando oficializamos o namoro, eu comecei a passar cada vez mais tempo com você e consequentemente menos tempo com elas.

Eu estava com saudades, e por isso me recordo que no feriado da sexta nós dois decidimos ir com as minhas amigas e o seus amigos para uma casa de veraneio da minha família.

Avisamos a todos, e quando a sexta chegou, nos dividimos em dois carros.

-Como vamos nos dividir? -Lisa perguntou enquanto observava os dois carros parados a frente.

-Lisa, Hannah, James e Eva vão no carro do James. -Você respondeu e então os quatro foram até o carro dele.

-Noora, Brooke e Hugo vão comigo. -Você continuou a falar, então ambos entramos no seu carro.

No caminho, você contava algumas piadas realmente ruins e Brooke e Hugo riam enquanto eu ouvia músicas indies no meu celular.

-Tá tudo bem com você? -Você perguntou finalmente percebendo minha existência.

-Tudo ótimo. -Eu respondi grosseiramente.

Você pareceu perceber o como fui rude, mas aparentemente preferiu não falar nada. Nós ficamos por vários minutos no carro até chegar no mercado que se localizava no meio estrada.

-Lá cabe todos nós? É tanta gente, quando de comida nós temos que comprar? -Hugo perguntou desesperado quando chegamos ao mercado.

-Soca nesse carrinho o máximo de comida que conseguir pra três dias, cara. -Eu respondi rindo enquanto colocava maços de cigarros no carrinho.

Eu ia falar algo com você, mas quando olhei para o lado você, James e Brooke riam sem parar enquanto conversavam.

Eu não quis dizer nada ou reclamar, não queria parecer neurótica ou ciumenta por vocês estarem conversando.

-Sabe, eu realmente não gosto dessa menina. Ela me trás uma sensação ruim. -Hugo falou de repente.

Eu também, Hugo. Eu também.
Eu pensei, mas não falei em voz alta.

-Mas sabe, ele nunca namorou com nenhuma menina, especialmente tão rápido assim. Você é especial! -Hugo falou sorridente enquanto colocava pacotes de batatas fritas no carrinho.

-Obrigada, Hugo. Mas sabe, eu acho estranho começarmos a namorar tão rápido assim, sabe? Eu sequer sabia que ele curtia namorar. -Eu falei meio insegura.

-Por mais que não pareça, ele é um cara sensível que se apaixonou facilmente por você. Desencana, Noora. -Hugo falou enquanto sorria pra mim.

-Só mantêm ele longe do mar de piranhas, cof cof brooke. -Ele falou, e em seguida saiu andando.

Eu gostei dos seus melhores amigos desde o momento em que conheci eles, e de repente, eles se tornaram meus amigos também. Eles foram mais meus amigos do que qualquer uma das meninas e estiveram comigo em momentos em que eu precisava de outras pessoas, me apoiaram no momento em que tudo demorou entre nós.

Quando terminamos de separar as coisas que compraríamos, fomos até o caixa para pagar.

Nós decidimos rachar a conta, mas você não aceitou e quis pagar a conta inteira. Ninguém queria que você pagasse tudo, e por isso todos pagaram um pouco, exceto eu.

-Meu bem, guarda a carteira, eu vou pagar a sua parte. -Você falou enquanto tirava o bolo de dinheiro da sua carteira.

-Não precisa, eu posso pagar minhas coisas, Evan. -Eu respondi com um sorriso de canto de rosto.

-Para, Noora. Eu vou pagar, você tá liberando a sua casa de veraneio, é o bastante. Eu sou seu namorado e quero pagar pra você. -Você respondeu e em seguida colocou nas mãos da funcionária do mercado.

-Já que você insiste, né. -Eu falei, e não resisti em corresponder o abraço que você tentava me dar.

[...]

Quando saímos do mercado, guardamos as compras no porta-malas do carro e seguimos o caminho até a casa.

Dessa vez eu me enturmei mais com as pessoas que estavam no carro, fomos conversando sobre diversos assuntos durante o caminho.

Quando chegamos, era noite e todos estavam exaustos.

Quando observei melhor, me lembrei do como a casa era linda. Ela era totalmente branca por fora, grandes vidraças nas janelas e um terraço incrivelmente grande, assim como o resto da casa. E pra melhorar tudo, era em frente a praia e com uma piscina e churrasqueira incríveis.

Nos dividimos em três quartos, as meninas em um quarto gigante e confortável para todas, um quarto para os meninos, e claro, um quarto para nós dois.

E quando vimos o nosso quarto que mais parecia um quarto de motel com espelho no teto, o cansaço sumiu dos nossos corpos de repente.

Aproveitamos aquela noite, sem dúvidas.

As expectativas para aquele feriado? Grandes.